domingo, 6 de novembro de 2011

A MORTE COMO SOLUÇÃO? Líder das FARC é assassinado em ação militar na Colômbia

Alfonso Cano, número 1 das FARC

Os soldados da Colômbia mataram o principal líder do mais antigo e maior grupo guerrilheiro da América Latina num ataque a bomba nesta sexta-feira (04), disse o presidente Juan Manuel Santos.

A morte de Alfonso Cano representa um revés devastador para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que atuam na guerrilha desde 1964. Nos últimos três anos, o grupo perdeu seus principais comandantes.

A morte de Cano é um trunfo para Santos, que está sob fogo político desde que as Farc iniciaram um aparente ressurgimento nos últimos meses. Mudando de tática, o grupo lançou no início deste ano uma série de ataques rápidos que desorientou os militares. Em resposta, Santos substituiu seu ministro da Defesa no mês passado e prometeu elevar os gastos no setor.

"Este foi o golpe mais duro já dado nesta organização terrorista", disse Santos. Alguns analistas afirmam que a morte de Cano, considerado um linha dura, pode aproximar a guerrilha da mesa de negociação com o governo.

"Sua morte representa a maior oportunidade para a paz na Colômbia", disse Rafael Pardo, chefe do Partido Liberal, que negociou com Cano durante uma fracassada tentativa de acordo de paz há mais de uma década. Autoridades colombianas disseram que as Farc teriam de ser enfraquecidas para que fosse possível iniciar um novo processo de negociação.

Alfonso Cano cercado por repórteres

Alfonso Cano, de 63 anos, foi um intelectual marxista que liderou o movimento formado em sua maioria por camponeses. Ele chegou à liderança das Farc depois da morte por causas naturais do legendário fundador da guerrilha, Manuel Marulanda, conhecido como Tirofijo, em 2008.

A morte de Cano se segue à de Victor Suarez, conhecido como Mono Jojoy, no ano passado, também num bombardeio. Nos últimos anos, o grupo, que chegou a contar com 18 mil combatentes, se reduziu a estimados 7 mil guerrilheiros. As Farc, que há uma década ameaçavam se aproximar de Bogotá, foram obrigadas a recuar para áreas remotas das montanhas e selvas.

Ex-estudante de antropologia em Bogotá, Cano abandonou a vida universitária há mais de 30 anos para entrar para a guerrilha. Com uma cerrada barba grisalha, grandes óculos e um passado no Partido Comunista Colombiano, Cano, cujo nome real era Leon Saenz Vargas, era visto por muitos analistas como um ideólogo mais do que um estrategista militar. Mas analistas alertaram que ele era um dos mais duros líderes guerrilheiros, contrário a qualquer negociação de paz com o governo.



A morte do líder da guerrilha é o último exemplo da capacidade militar colombiana apoiada pelos EUA de destruir a liderança da Farc. Por meio de um programa conhecido como Plano Colômbia, os EUA contribuíram com centenas de milhões de dólares para modernizar a força militar do país.

Nos últimos anos, as guerrilhas, que começaram sua luta como uma insurgência camponesa, se voltaram para o tráfico de cocaína para financiar suas operações. Ao longo dos anos, as Farc também aterrorizaram o país com o sequestro de milhares de colombianos, de cujas famílias exigiam resgates. Os EUA haviam oferecido uma recompensa de US$ 5 milhões pela captura de Cano por tráfico de drogas.

Juan Manuel Santos assumiu o governo no ano passado prometendo continuar o combate às Farc, como seu antecessor Álvaro Uribe. Como ministro de Defesa de Uribe, Santos ordenou uma série de ataques mortais contra a liderança das Farc, incluindo uma incursão através da fronteira com o Equador em 2008 contra um campo guerrilheiro, durante a qual foi morto Raul Reyes, então segundo no comando.

Na ocasião, as forças colombianas capturaram uma série de informações dos computadores de Reyes que mostrariam que as guerrilhas estavam recebendo ajuda política e financeira do presidente Hugo Chávez, da Venezuela. O ataque estressou as relações entre Uribe e os governos do Equador e da Venezuela. Desde que assumiu a presidência, Santos buscou se reaproximar dos dois países.

Comentário: Virou rotina a "morte legalizada". Os exércitos de diversos países promovem seus "assassínios" em progressão geométrica mundo afora como "política de governo". Porém, é interessante ressaltar as formas de interpretação dessas "mortes" pelos veículos midiáticos.

Enquanto em países recém-promovidos a "inimigos do Ocidente", a morte promovida pelos exércitos dos governos "tiranos" é tida pelo lado dos aliados ocidentais como ato de ditadores que massacram suas populações (vide as inúmeras matérias jornalísticas veiculadas no Brasil sobre a "Primavera Árabe", os exércitos destes mesmos aliados são vangloriados pela mídia também "aliada" como verdadeiros "heróis", "defensores da democracia", quando torturam e matam em nome desse mesmo "ideal democrático". Kaddafi, Saddam e Bin Laden são exemplos sintomáticos deste tipo de "ação de extermínio heroicizada".

Para estes, por sua não subserviência aos interesses daqueles que regem as forças econômicas, políticas e militares do mundo, não há cadeias nem tribunais legítimos que possam conferir-lhes um julgamento justo. Somente a morte é tese defendida como único e irremediável "mal necessário".

Está na hora de se abrir os olhos e de se enxergar além do que se vê. Se é difícil fazer com que aqueles que escrevem em jornais percebam isso, por conta da força da grana e dos "poderes" que os impelem a publicar da forma como publicam, pelo menos é possível se oferecer ao público leitor uma visão diferenciada dessas "mortes heroicizadas".

Hugo Freitas
Com informações da Agência Estado, Folha UOL e Agência Dow Jones.

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