terça-feira, 1 de novembro de 2011

INDÍGENAS OCUPAM SEDE DA FUNAI EM IMPERATRIZ

Cerca de 150 indígenas dos povos Krikati, Gavião e Guajajara ocuparam na noite deste domingo (30) a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Imperatriz, município localizado na região sudoeste do Maranhão (MA). Com severas críticas a reestruturação da Funai, a ação ocorreu de forma pacífica.

Reivindicando mudanças na política indigenista estatal regional e a exoneração do coordenador do órgão no Estado, os indígenas exigem a presença de representantes da Funai de Brasília (DF) no prédio ocupado para discutir a pauta apresentada pelo movimento.

“Ficamos aqui por tempo indeterminado porque só sairemos quando a Funai atender nossas reivindicações”, afirma Silvio Guajajara. A previsão é de que uma delegação do povo Ka’apor e mais um grupo de Guajajara cheguem para fortalecer a ocupação, subindo o número de indígenas em protesto para cerca de 300.

O quadro no Maranhão é o principal motivador da ocupação. Conforme os indígenas, a reestruturação da Funai não passou por consulta entre os povos e desde 28 dezembro 2009, data da publicação do decreto presidencial, nenhum seminário para tratar das mudanças foi realizado no Estado.

“Há dois anos que pedimos um seminário para tratar da reestruturação, fazer com que os indígenas a entendam e que os representantes do órgão nos esclareçam o que estão pensando. Nunca aconteceu”, diz Edilena Krikati. Com a mudança, de acordo com os povos, a situação dos indígenas só piorou.

Extrusão: demora de 14 anos

A continuidade da invasão madeireira, situação fundiária indefinida, processos de demarcação e homologação concluídos com a permanência de não indígenas nas terras são problemas persistentes e cotidianos. “Meu povo está há 14 anos esperando que a Funai faça a extrusão de 218 posseiros com ocupações já consideradas de má fé”, diz Edilena.

Com a situação não resolvida, o conflito e a tensão entre indígenas e invasores são marcas do dia a dia. De acordo com a indígena, uma das aldeias Krikati fica em área ocupada por um fazendeiro. Para ela, a inoperância joga os indígenas para a vulnerabilidade e violência.

A inexistência de atuação do órgão dentro das comunidades permite a invasão de madeireiros e caçadores. “Todas as terras estão numa onda de invasão. Não existe a presença dos órgãos nas áreas indígenas. Os funcionários (da Funai) se metem entre os índios para jogar uns contra os outros”, denuncia Silvio Guajajara.

Para Gilderlan Rodrigues da Silva, integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Maranhão, “a reivindicação dos indígenas é legítima. A políticas não conseguem atender as demandas que têm dentro das comunidades”.

Cita como exemplo a Terra Indígena Arariboia, dos Awá-Guaja, onde a ação de madeireiros ocorre dentro da aldeia com homens armados ameaçando e aliciando os indígenas – atacados dentro da floresta e sendo um povo caçador e coletor as consequências são perversas.

A reestruturação, portanto, acabou sendo o estopim para a conjuntura ser problematizada pelos indígenas: “Quero falar isso para o Brasil e para o mundo: estamos abandonados e por isso estão invadindo as nossas terras, ameaçando nosso povo. Não toleramos mais isso”, avisa Silvio Guajajara.

Outra preocupação colocada pelos povos são os grandes empreendimentos em áreas indígenas ou no entorno. “Além dos impactos na natureza, no meio ambiente, há o alcoolismo, as drogas e outros problemas vindos com as obras”, encerra Edilena Krikati.

Fonte: CIMI

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