segunda-feira, 14 de novembro de 2011

DENÚNCIA: Professor diz que foi torturado por policiais militares

Professor Simão: "Foram momentos de verdadeiro terror"

O professor de canto e artista plástico Simão Pedro Amaral denuncia que foi vítima de agressão e constrangimento praticados por dois policiais militares do 8º BPM, que fazem a ronda da comunidade no bairro do Turu.

O fato aconteceu na última sexta-feira, dia 4, por volta das 10h, em uma rua deserta que dá acesso ao condomínio Porto da Barra da Praia, no bairro do Turu, próximo à Faculdade Atenas Maranhense (Fama).


“Foram momentos de verdadeiro terror”, diz Simão. O educador conta que caminhava na estrada, em direção ao condomínio, quando foi abordado por dois policiais, Hernandez Chagas e José Ribamar Vieira, que estavam em uma viatura do 8º BPM, de placa NMU 4540 (Ronda da Comunidade), que ordenaram que parasse imediatamente para uma revista. O professor indagou porque ele seria revistado. Os policiais disseram que ele seria “suspeito” porque possui as características de um marginal que acabara de assaltar uma moradora da área. Samuel tem perfil físico afro-descendente, ou seja, é negro.

Enquanto estava sob revista, a vítima explicava aos policiais que é professor lotado no Centro de Ensino Bernardo Coelho de Almeida (BCA), que dá aulas na Escola de Música do Estado, que é de boa família e, inclusive, tem parentes em corporações militares e um irmão delegado de polícia. Porém, as explicações do professor não foram suficientes para evitar que um dos policiais lhe desse um soco no rosto, mandando que calasse a boca, com palavras de baixo calão. Revoltado com a agressão, o professor disse aos policiais que iria denunciá-los pela agressão e pelo constrangimento ao qual estava sendo submetido. Com isso, um dos policiais lhe empurrou violentamente para o interior da viatura.

Após entrar no veículo, o professor conta que os policiais ficaram dando voltas no bairro do Turu: “uma situação de verdadeiro terror e tortura”, lembra Simão. Mesmo com o clima ameaçador, ele perguntou aos policiais militares para onde estaria sendo levado, mas recebeu como resposta apenas a expressão “cala a boca”. Desesperado, o professor lembrou que tinha um celular no bolso da calça e, sem que os policiais percebessem, discou o número do telefone de sua casa e falou rápido para quem atendeu: “estou em um carro da polícia no Turu e eles vão me matar”.

Depois disso, os policiais pararam em um ponto de maior movimento do bairro e mandaram o professor descer. Um homem se aproximou da viatura. Foi identificado como marido da vítima do assalto. Porém, o homem não reconheceu o professor como o autor do delito. Percebendo a situação embaraçosa em que se encontravam, os policiais perguntaram ao educador: “ainda vai denunciar a gente?” Ele respondeu que sim. Diante da afirmação em tornar pública a ação dos policiais, Simão foi novamente obrigado a entrar na viatura.

Foi levado para a Delegacia do Turu, onde os policiais abriram um boletim de ocorrência, denunciando-o por desacato à autoridade. No mesmo momento, o professor entrou em contato com um advogado e abriu boletim com registro da ação dos policiais, alegando discriminação racial, agressão física e moral, tortura e sequestro.

Descrevendo os momentos de pânico que viveu como resultado da impunidade em casos de violência policial, Samuel repudia a ação dos policiais e pede justiça: “Espero que esses policiais sejam punidos pelo que fizeram comigo. A polícia tem o dever de dar proteção à sociedade e não de agredir e coagir cidadãos nas ruas”, desabafa o professor.

6 comentários:

  1. Boa noite prezado jornalista Hugo Freitas, se não me falha a memória um fato parecido com esse acontece em Maiobão ou Cidade Operrária. Estão pensando que é discriminação racial? Será? As vezes essas abordagens é feita com o objetivo de arranjar uns trocados. Eu lamento que fardados PMs, se humilhem a ponto de pedir esmola para comprar lanche e/ou merenda. Eu lamento que tenha que conviver com fatos dessa natureza. Direito tem quem direito anda. Imaginem quem deveria dar a proteção, tortura!. Obrigado pelo seu espaço. Abraços. Reinaldo Cantanhêde Lima

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  2. Creio que a função de PMs é proteger a sociedade e não praticar agressões a esmo contra quem quer que seja, uma vez que não foi encontrada nenhuma arma com o referido professor.

    São maus policiais como estes citados na matéria que acabam envergonhando e manchando a imagem de toda uma corporação.

    Grato pela participação.

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  3. Boa noite admirável jornalista Hugo Freitas, é tão e somente para fazer correção: onde se ler essas abordagens é feita. Leia-se essas abordagens são feitas. Aos leitores Desculpas! Abraços. Reinaldo Cantanhêde Lima

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  4. Não sei a motivação mas uma viatura dessas com PMs no Turu já abordou em plena luz do dia,uma colega em seu carro,como se fosse uma bandida armada:desce,desce,mão na cabeça,aos gritos.Exigiram doc do carro q era novo e estava s placa só c o doc do detran;esmurraram o vidro do carro,enfim um horror;ela se recusou a descer,ligou p o advogado sabendo q se n fizesse isso iria presa.

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  5. Infelizmente, policiais mal preparados (e mal remunerados) conseguem dar à população um ar de insegurança maior ainda, por conta dos abusos cometidos.

    Grato pela participação, Anunciação. Abraços fraternos.

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  6. Desculpas aceitas, Reinaldo. Não se preocupe.

    Grato pela preocupação com os leitores e com sua contribuição. Abraços fraternos.

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Grato pela participação.