Baldes na cabeça que a Adutora Italuís rompeu de novo

É inacreditável o que acontece com o sistema de abastecimento de água da cidade de São Luís. Vira e mexe, a adutora do sistema Italuís se rompe e tudo vem por água abaixo.

Desta vez, o rompimento foi detectado na altura do Km 38 da BR-135, no Campo de Perizes. A água começou a jorrar para o meio da estrada por volta das 06:30 da manhã, dificultando a trafegabilidade dos veículos que passam pelo local.

Segundo a Caema técnicos, diretores e até o próprio presidente da companhia, João Moreira Lima, estão acompanhando os trabalhos de recuperação da adutora, cujo rompimento se deu por corrosão, efeito gerado pela oxidação do metal, intempestivamente advindo da notória e histórica falta de manutenção na tubulação da adutora.

Mais de cinquenta bairros da capital estão sem água. São eles: Monte Castelo, Apeadouro, Irmãos Coragem, Bairro de Fátima, Bom Milagre, Parque Amazonas, Alemanha, Caratatiua, Vila Ivar Saldanha, Alto da Vitória, João Paulo, Jordoa, Vila Palmeira, Barreto, Túnel do Sacavém, Santa Cruz, Vera Cruz, Cutim, Radional, Coroado, Coroadinho, Vila Conceição, Bom Jesus, Vila dos Frades, Parque Timbira, Alto do Parque Timbira, Parque Pindorama, Parque dos Nobres, Conjunto São Sebastião, Primavera, Sítio do Pica-Pau Amarelo, Redenção, Barés, Filipinho, Sítio Leal, Sacavém, Coheb do Sacavém, Salina do Sacavém, Santo Antônio, Anjo da Guarda, Fumacê, Vila Mauro Fecury I e II, Vila São Luís, Vila Nova, Bonfim, Vila Ariri, Vila Sete de Setembro, São Raimundo, Vila Alto da Esperança, Gancharia, Vila Itaqui, Porto do Itaqui, Alto da Esperança, Ana Jansen e Ilha da Paz.

Segundo a Caema, a previsão é de que o sistema de abastecimento de água seja reestabelecido em até 72 horas.

Enquanto isso, a população ludovicense sofre mais uma vez com a falta d'água. Dona Conceição, 55, moradora do Bairro de Fátima, diz que já não aguenta mais ter que subir e descer ladeira em busca de água para beber e tomar banho. "Eu estou cansada disso. Já virou palhaçada. Toda vez agora é esse problema e ninguém dá um jeito nisso de uma vez".

Para Dona Iracema, 63, moradora do Monte Castelo, o sofrimento é ainda maior. Ela não suporta mais o peso dos baldes e tem de contar com a ajuda dos vizinhos para garantir o líquido em sua casa. "Mora só eu e meu marido. Ele tem 75 anos. Eu sempre peço pros vizinhos me conseguirem um dois ou três baldes cheios. É uma situação muito ruim. Nessa idade, pagando as contas todo mês e não tenho água em casa".

No dia 12 de janeiro deste ano, cinquenta bairros de São Luís também ficaram sem água por conta de um outro rompimento da adutora, no Km 32, no Campo de Perizes. Na ocasião, a Caema informou que o problema ocorreu devido às condições da tubulação, que já estavam comprometidas. Foram quase cinco dias consecutivos sem água nas torneiras das residências.

Em janeiro do ano passado, mais um rompimento. Em dezembro de 2009, muita água foi desperdiçada com um novo rompimento. Em fevereiro do mesmo ano, a BR-135 ficou praticamente intrafegável pela quantidade de água que jorrou de outro vazamento na adutora.

Rompimento na adutora do Italuís em fevereiro de 2009

Enquanto as promessas de reformas no sistema Italuís não saírem do papel, enquanto o discurso de que a tubulação deva ser totalmente substituída não for traduzido numa práxis efetiva, enquanto o descaso com o bem mais precioso à vida for apenas alvo de medidas paleativas e a pauta reinante na mesa de negociações se tratar apenas do eterno "silêncio dos inocentes", a população de São Luís continuará sofrendo com a falta d'água, recorrendo a poços artesianos particulares ou a baldes em biqueiras longínquas de seus lares.

Portanto, sofridos leitores, preparem seus baldes que a dor de cabeça está apenas começando, mais uma vez.

Hugo Freitas