Dois dias após classificar assassinato como “boato”, órgão diz que enviará técnicos de Brasília para continuar investigação
A coordenação geral da Fundação Nacional do Índio (Funai) determinou a continuidade das investigações sobre o possível assassinato de uma criança indígena Awá-Guajá de oito anos de idade na Terra Indígena Araribóia, na cidade de Arame, a 469 quilômetros de São Luís. Segundo denúncia do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), além da execução, madeireiros que atuam ilegalmente na região queimaram a criança e a colocaram em uma cova em outubro do ano passado.
O anúncio oficial da continuidade das investigações acontece dois dias após a divulgação de um relatório da regional de Imperatriz do órgão, no Maranhão, que classificou a morte da criança como “boato” e “mentira”. No relatório, a coordenadora interina da Funai em Imperatriz, Raimunda Passos de Almeida, classificou a denúncia do Cimi como um “verdadeiro atentado à inteligência às pessoas de bem”.
A regional da Funai, após a investigação prévia do final de semana passado, deu o caso como encerrado. A apuração local foi encerrada após os técnicos ouvirem o líder indígena Clóvis Tenetehara, até então autor das denúncias. Aos técnicos da Funai, ele negou der dado qualquer informação a respeito. Fontes ligadas do Cimi acreditam que provavelmente o indígena mudou sua versão da história com medo de ser coagido por madeireiros em Arame.
No comunicado da Funai divulgado na noite desta quarta-feira (10), o órgão afirma que enviará três técnicos de Brasília visando aprofundar a pesquisa de campo e dar “continuidade ao levantamento de informações na Terra Indígena Araribóia”. A Funai informou também que pedirá apoio da Polícia Federal para ajudar na apuração do caso.
Desde novembro do ano passado, o órgão recebeu denúncias de conflitos entre madeireiros e indígenas na região onde a criança supostamente foi assassinada. Na época, servidores da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Awa-Guajá iniciaram uma investigação sobre os conflitos entre índios e madeireiros, mas não encontraram elementos que confirmassem as denúncias.
A Funai confirmou nesta quarta-feira que a invasão de terras indígenas por madeireiros na região é recorrente na região da Terra Indígena Araribóia. Desde 2007, o órgão alega que vem realizando operações de fiscalização em conjunto com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nas Terras Indígenas Araribóia, Awa, Caru e Alto Turiaçu. “Essas ações resultaram em prisões de indígenas e não-indígenas, além da apreensão de produtos florestais ilegais, equipamentos e veículos utilizados pelos madeireiros”, declarou o órgão.
O caso da criança indígena supostamente morta e queimada por madeireiros também será apurado pelo Ministério Público Federal do Maranhão (MPF-MA). A decisão foi tomada em reunião tomada na tarde de terça-feira (10). A investigação ficará a cargo da procuradora Carolina da Hora Mesquita Höhn. O MPF também pediu auxílio da Polícia Federal no caso.
O Conselho Indigenista Missionário sustenta a denúncia de indígenas principalmente porque, durante a investigação, a própria Funai flagrou a invasão de madeireiros na região. O Cimi também questionou a falta de profundidade na apuração do caso pelos técnicos da Funai de Imperatriz.
Fonte: IG/Maranhão
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grato pela participação.