São 15 anos desde que a banda de Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba foi formada. São cinco anos desde que entraram em "recesso" e, de lá para cá, nunca mais lançaram nada juntos.
Nada além dos shows: pelo menos uma pequena turnê a cada dois anos. Essa, que comemora o aniversário, começa em abril, em Recife, e corre outras dez capitais.
Os barbudos estão em alta. Além das regravações frequentes por cantores como Ney Matogrosso, Maria Rita, Roberta Sá e Mariana Aydar, será lançado em abril um álbum online com 33 artistas brasileiros, sobretudo da novíssima geração, interpretando os clássicos do repertório hermano. Clássicos? Mas já?
O título de "a última grande banda de rock da música popular brasileira" pode soar quase contraditório: o que eles fazem é rock ou MPB?
Los Hermanos fazem as duas coisas ao mesmo tempo.
E talvez seja justamente essa falta de pudor em transitar entre uma e outra que os tenha destacado dos contemporâneos no começo dos anos 2000, em que banda de rock era banda de rock e MPB era coisa de gente velha.
Acabaram por se tornar farol para uma geração que se formava ali, conectada à internet e, por isso, sem nenhum interesse em restringir o universo a uma coisa só.
"Acho que fomos dos primeiros artistas a tomar proveito da comunicação lateral que a internet propiciou, junto com o surgimento das redes sociais, e a furar, em escala nacional, esse bloqueio imposto pelo modelo antigo", diz Marcelo Camelo, 33.
Foi por meio da rede que a banda se fez. O estouro nacional é anterior, mas o público que se manteria fiel a eles até hoje não veio do primeiro disco, de 1999, nem do sucesso de "Anna Júlia". Ao contrário, veio a partir do álbum que menos vendeu, "Bloco do Eu Sozinho" (2001).
Segundo Rodrigo Amarante, 35, ali a banda recriou sua maneira de fazer música. E de tocá-la, pois pôde escrever arranjos com instrumentos que nem sonhara usar. O naipe de metais virou marca.
"Mas a gravadora achou uma bosta", lembra. "Disseram que, se a gente quisesse lançar um segundo álbum, tinha que escrever novas músicas, achar outro produtor e regravar tudo, porque aquilo era um suicídio comercial."
Amarante conta que ele e seus parceiros não fizeram nada disso. Em contrapartida, a gravadora não trabalhou na divulgação do álbum.
Bruno Medina, 33, diz que, quando "Bloco" chegou às lojas e às rádios, todos sabiam que era um trabalho desacreditado pela gravadora e, portanto, sem futuro comercial.
"Nesse contexto, e aos 22 anos de idade, quem poderia antever que esse mesmo disco seria apontando depois como um dos mais relevantes da década?", pergunta. Foi.
SOLITUDE
O motivo alegado para a separação, em 2007, foi o acúmulo de projetos pessoais. Será a carreira solo inevitável para quem quer amadurecer no palco com integridade?
Amarante diz estar em fase de isolamento, mas não vê isso como caminho sem volta nem como passo evolutivo. "É só um passo, é horizontal."
"Minha integridade tem mais a ver com reconhecer os ventos que sopram em muitas direções do que com embarcar numa jornada única, linear", é o que acha Camelo.
Mas o fato de terem se separado no auge colaborou para a criação do mito.
Mais ainda porque há sempre a possibilidade de uma volta definitiva. Afinal, nunca se soube de uma briga que os separasse. E eles sempre se reúnem para turnês.
"E, sempre que nos reunimos, eu espero que não voltemos mais para o hiato", diz Rodrigo Barba, 32, baterista.
Pode-se esperar pelo dia em que o hiato chegue ao fim?
"Talvez a resposta certa seja que 'não é impossível', o que é o mesmo que dizer que 'é pouco provável tão cedo'", diz Amarante. "Eu e Marcelo estamos para lançar discos solo, então pelo menos por enquanto essa ilha não se vê no horizonte."
Confira a trajetória da banda:
Fonte: Folha de S.Paulo
Editado por: Hugo Freitas
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