sábado, 2 de abril de 2011

"Nenhuma tendência é dona da verdade", afirma dirigente do PSOL

Em "entrevista virtual" exclusiva ao blog, através do facebook, no início da tarde de hoje, o dirigente do PSOL-MA, membro da direção estadual do partido, Nonato Masson, afirmou que "nenhuma tendência é dona da verdade".

Segundo o dirigente, o partido é formado por muitas tendências, sendo basicamente cinco grandes com expressão nacional.

Perguntado sobre a saída de mais 37 membros do PSOL, agora no Rio de Janeiro (RJ) e no Rio Grande do Sul (RS), Masson afirmou que "o grupo do RS é minoritário e regional também" e que desconhece o do RJ.

Nonato Masson informou ainda que a pauta do PSOL não é a das disputas internas e da saída de dirigentes e militantes, mas sim a "defesa do mandato da Marinor no Ficha Limpa, a frente de combate ao trabalho escravo com a Marinor, a CPI do tráfico de pessoas, o Jean Willys e a frente parlamentar contra a homofobia, o Edmilson no Pará na relatoria do combate ao trabalho escravo, o Freixo no Rio no combate ao crime organizado. Essa picuinha não é pauta do PSOL", assegurou Masson.

Na entrevista, o dirigente reiterou que Valdeny Barros, ex-secretário geral do PSOL, assumiu interinamente a presidência do partido. "Só saíram 8 membros da direção que é composta por 25, os suplentes vão assumir", informou, pondo fim na querela que tendia a dividir o partido ao meio. "Não tem mais querela", pontuou.

Masson aproveitou a oportunidade para se dirigir ao público em geral: "O PSOL continua aberto para quem se auto-identifica como de esquerda e quer construir um projeto de partido socialista, respeitando as diferentes concepções do termo e respeitando as diferenças. Esse sempre foi o programa do PSOL. Nenhuma tendência é dona da verdade".

Ele informou ainda que na maioria dos municípios do Maranhão, ficaram todos os membros. "Em Caxias, foram 08 que saíram. Em Imperatriz, só 04. Em São Luís, saíram mais". 

Segundo Masson, as novas filiações que deflagraram o cisma no partido são reforços "de peso" para o PSOL no Maranhão. "Em São Luís, ganhamos adesões de peso com a entrada de Haroldo [Saboia], Franklin [Douglas], [Wagner] Baldez, Roberval [Costa] e outros. Em Imperatriz, ganhamos Sônia Guajajara, Conceição Amorim e outros".

Para o dirigente, todos os nomes supracitados "são figuras de esquerda", de quem pode até "discordar em muito de suas posições", mas não pode dizer que não são de esquerda, avisando que o debate é preciso: "E vamos para o debate interno com elas".

Maioria em decadência e minoria em ascensão

Nonato Masson informou que a disputa interna que está sendo divulgada pela mídia e pela blogosfera é antiga e que foi motivada por uma "maioria em decadência e uma minoria em ascensão": 

Nonato Masson (N.M): "No 1º Congresso do PSOl, eu disputei a presidência contra Paulo Rios. Ele ganhou com 80% dos votos. Foi um massacre! No 2º Congresso, tivemos 40%. Nós dobramos e eles [grupo do Paulo Rios] encolheram. Aí nos dispomos a fazer o debate interno e disputar nos municípios. E sempre disputamos com respeito aos adversários. Não criamos nenhum problema a eles ou a suas candidaturas".

Questionado sobre a veracidade das acusações do grupo que deixa o partido, como financiamento de campanhas por empresas privadas, Masson respondeu o seguinte:

N.M: "Isso é coisa do passado que foi altamente discutida internamente. Nós não somos uma igreja que tem a salvação revelada. Não temos receio de cometer erros e atuamos como partido na disputa institucional fincados na luta social. O problema é que algumas tendências confundem o programa da tendência com a do partido".

Socialismo ou Capitalismo?

Indagado sobre a acusação de que o partido está adotando práticas capitalistas para a simples disputa eleitoral e se afastando de seu viés socialista, Masson respondeu:

N.M: "O partido tem tendências, mas nenhuma tendência é o partido. E cada uma das tendências tem sua concepção de socialismo. É um debate difícil e caro para a esquerda, mas feito no conjunto do PSOL de forma respeitosa, exceto por alguns setores isolados, como esse que ora sai do partido no Maranhão".

Hugo Freitas: E quais são essas tendências que compõem o partido?

N.M: "No Maranhão, temos pelo menos 3 tendências organizadas: o MES da professora Socorro, a APS do Valdeny e a CST da Denise, movimento esquerda socialista (que é uma dissidência da CST), ação popular socialista (que se constituiu na ditadura militar, fundou o PT e saiu em 2005 vindo pro PSOL). Além dessas, tem o Enlace (que é um aglomerado de militantes de diferentes tendências do PT, especialmente DS, MUS e AE) e o CSOL (que é um grupo que saiu do PSTU e veio fundar o PSOL em 2003)".

União das esquerdas

Por fim, Nonato Masson afirmou que uma união dos partidos de esquerda não é tão fácil como se poderia imaginar, devido às diferentes concepções de esquerda e de socialismo de partidos como o PSTU, PCB, PCdoB, PT, PSB. "Discordamos de todos eles, mas respeitamos. Vamos para o debate, para o convecimento de que o lugar deles não é lá".

Hugo Freitas

10 comentários:

  1. Só uma coisa,esse militante é de qual tedência?

    Quando ele fala o que está em pauta é "a "defesa do mandato da Marinor no Ficha Limpa, a frente de combate ao trabalho escravo com a Marinor, a CPI do tráfico de pessoas, o Jean Willys e a frente parlamentar contra a homofobia, o Edmilson no Pará na relatoria do combate ao trabalho escravo, o Freixo no Rio no combate ao crime organizado."

    Ou seja, praticamente disse que o que importa é política eleitoral.Desse jeito camainha para um novo PT que eles tanto crítica.

    O PSOL só pode ser uma alterntaiva de esquerda, e de socialismo, se entender que as vitórias da via eleitoral virão devido a luta social.Essas deve ser consegências das organizações de base.

    Por que se não pensar assim vai ter que fazer o que MES faz,aceitar financiamento de empresários para a campanha.A corrupção já começa ai...

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  2. Lúcida e transparente a visão de Nonnato Masson sobre os atuais debates em torno do PSOL.

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  3. Muito boa mesmo a entrevista, companheira Alice.

    O Nonato Masson forneceu muitas informações sobre as disputas internas do PSOL e, também, sobre o que a sigla vem enfrentando na esfera nacional, como questões de combate ao trabalho escravo, ao tráfico de pessoas e à homofobia.

    Lucidez e transparência regada com uma boa dose de visão de conjunto.

    Grato por sua participação. Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  4. Companheiro Silva, respeito seu posicionamento.

    Mas você não acha que lutar contra o trabalho escravo, o tráfico de pessoas e a homofobia está para além da mera "política eleitoral"?

    Não seriam lutas sociais estas que o Nonato Masson relatou? Fica a dúvida para a reflexão do companheiro.

    Quanto ao seu questionamento sobre qual a tendência que ele defende, infelizmente não o questionei sobre isso. Talvez, consigamos descobrir pela conteúdo da matéria. Vou relê-la mais acuradamente. No entanto, fico devendo essa.

    Grato pela participação do companheiro. Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  5. Parabéns ao Blog e ao PSOL por trazer assuntos relevantes que precisam ser discutidos por todos nós maranhenses.

    Deusimar Teixeira - Radialista
    Maranhense em São Paulo

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  6. Obrigado pelo elogio, companheiro Deusimar.

    Sem dúvida, questões como essas relatadas na matéria são fundamentais para que se possa discutir a criação de políticas públicas que extirpem do seio da sociedade tais mazelas sociais.

    Extremamente grato por sua participação. Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  7. A TODOS E TODAS, é com muito prazer que tive o prazer em ler esta entrevista e não é por que sou membro do PSOL MARANHÃO é por que Nonato Masson é um Advogado de rua e não de escritório ou sabe o faz e o que quer fazer e esta entrevista é pura e real e os temas abordados não são para ser discutidos só no mindo da politica partidária,mas sim em toda sociedade, pois eles são casos reais que estão sempre proximo de cada um de nós e falar sobre eles é uma necessidade. Com as falas de Masson só mostra que o PSOL não é um simples partido politico, mais um partido que busca tambem vivencia a vida real e procurar soluções e buscar soluções não é fugir delas e sim encarar e juntos como pesoas cicilizadas tentar ao menos amenizar as mazelas da sociedade. Somos PSOL DE LUTA.Somos PSOL POLITICA e uma politica que nasce para combater a corrupção dos proprios politicos e das mazelas existentes e que concerteza outras surgirão. Desculpe pelo os erros leitores, quem não erra? Lutar é sempre e sempre é vai ter luta. ATT: Regivaldo - PSOL DE AÇAILANDIA E PSOL MARANHÃO.

    PARABENS AO BLOG -PARABENS HUGO FREITAS POR ACEITAR E ENTREVISTAR PESSOAS COMO NONATO MASSON E OUTRAS.

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  8. Companheiro Regivaldo, desculpe a demora na resposta. Tive alguns contratempos quando da publicação de seu comentário, os quais me impossibilitaram de imediato respondê-lo.

    Fico extremamente lisonjeado por suas palavras e pelas felicitações!

    Sei o quão é espinhoso tratar de política sem se deixar levar pelas paixões, ainda mais na atual conjuntura em que o PSOL se encontra. Mas, felizmente, os acertos estão sendo bem maiores que os erros e o seu reconhecimento é a prova cabalística disso.

    E, sem dúvida, a entrevista com o Nonato Masson clareou bastante a visão dos leitores deste blog sobre a saída dos 49 membros no Maranhão, além de modular um novo ângulo sobre a sigla, até então pouco explorado: as várias lutas que o PSOL trava no cenário nacional, dignas de um partido combativo contra as chagas sociais que ainda assolam o país, como o trabalho escravo e o tráfico de pessoas.

    Grato por sua participação. E, mais uma vez, perdoe-me pela demora na resposta. Fique à vontade para comentar sempre que desejar, companheiro Regivaldo.

    Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  9. Obrigado, companheiro(a).

    Satisfação maior é poder contemplar elogios como o seu. Sinal de que o trabalho está sendo bem feito e acolhido pelo público.

    Mais uma vez, obrigado.

    Hugo Freitas

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Grato pela participação.