sábado, 2 de abril de 2011

Debandada do PSOL em Nível Nacional

Mais 37 membros do PSOL estão saindo do partido. Estes são dos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

Em texto divulgado, agora há pouco, intitulado de "Comunicado aos Militantes da Esquerda Socialista", os novos ex-psolistas justificam sua saída do partido analisando os seis anos de existência do PSOL. 

Numa passagem do texto, os 37 são taxativos em afirmar que "a cada eleição, o partido mostra táticas desastrosas", dentre as quais destacam a aliança com o PV, o dinheiro de empresas para financiamentos de campanhas eleitorais e o apoio à Marina, candidata que ficou em terceiro lugar nas últimas eleições presidenciais.

Segundo o comunicado, tais fatos seriam comprovadores de que o partido está se afastando do socialismo e perdendo sua independência. "O PSOL está longe de defender um programa de ruptura com o capitalismo, ao contrário, demonstra cada vez mais a sua perda de independência", assevera o texto.

Em outra passagem, segundo o entendimento dos que assinam o comunicado, lê-se que o PSOL "se contenta em levantar consignas radicais mínimas", resumindo a questão do poder em "eleger parlamentares e disputar por dentro da democracia burguesa".

Por fim, o texto afirma que os 37 ex-psolistas saem do partido, mas não da vida política, anunciando a existência de um novo agrupamento político denominado de "Construção Socialista", através do qual se dispõem em reorganizar a esquerda socialista brasileira.

Hugo Freitas

Leiam na íntegra o texto sobre a saída de novos membros do PSOL:


COMUNICADO AOS MILITANTES DA ESQUERDA SOCIALISTA 

Somos um grupo de ativistas que militávamos na Alternativa Socialista (RS) e no Coletivo Marxista Revolucionário Paulo Romão (RJ). No último final de semana, reunidos em conferência, decidimos por unificar nossas correntes e estaremos, através de um novo agrupamento político, denominado “Construção Socialista – CS”, nos colocando a serviço da reorganização da Esquerda Socialista Brasileira.

A conferência da CS definiu também pela nossa saída do PSOL, partido que ajudamos a construir, mas que avaliamos não ser mais o espaço para disputarmos o programa e a concepção de partido que defendemos. Neste sentido, queremos fazer algumas considerações:

O PSOL surgiu como resultado da total falência do PT e do enfrentamento de um amplo setor do movimento com as políticas neoliberais impostas por Lula. Com a degeneração completa do PT, muitos que não tinham abandonado a estratégia do socialismo, mas que permaneciam filiados a este partido, se jogaram na tarefa de construir uma nova ferramenta política para defender a classe trabalhadora. 

        Já no início desta construção, os problemas começaram a surgir. A prática conspirativa da direção – baseada nas grandes correntes e seus parlamentares – onde os acordos se sobrepunham ao trabalho de base foi afastando o PSOL dos movimentos sociais, tornando este jovem partido simplesmente em uma sigla eleitoral.

        Vários episódios conflitantes com a estratégia socialista marcaram negativamente a trajetória do PSOL. Nestes seis anos de vida, a pressão eleitoral e a luta pela sobrevivência política das principais figuras foram as principais bandeiras do partido.

        A cada eleição, o partido mostra táticas desastrosas: aliança com PV, dinheiro de empresas para campanhas eleitorais, apoio à Marina, voto em Paim e tantos outros exemplos. Tudo isso comprova que o PSOL está longe de defender um programa de ruptura com o capitalismo, ao contrário, demonstra cada vez mais a sua perda de independência.

        Sabíamos, desde a fundação, que não seria este o partido estratégico, mas que deveria cumprir o papel de agregar os lutadores de esquerda e servir de “abrigo” aos militantes revolucionários. Isto não aconteceu.

        Por isso não podemos aceitar que os militantes da nossa corrente se eduquem num partido que se diz socialista, mas que se contenta em levantar consignas radicais mínimas e democráticas, que não se enfrenta com a propriedade e a dominação capitalista e resume a questão do poder a eleger parlamentares e disputar por dentro da democracia burguesa.

        Também para ativistas sindicais e do movimento popular como nós, não é possível admitir estar num partido que nunca teve uma política de orientar os seus militantes para a construção de uma organização sindical – ferramenta imprescindível para reorganizar a classe trabalhadora diante da degeneração da CUT. Pelo contrário, as grandes correntes do PSOL, ou se omitiram, ou tentaram criar mecanismos para enfraquecer a CONLUTAS.

         Estamos saindo do PSOL com a tranqüilidade de quem, durante seis anos, não mediu esforços para construir o partido. Disputamos todos os espaços, elegemos delegados para os congressos, ocupamos postos na direção e nunca tivemos política de desgastar os dirigentes e, muito menos, as figuras públicas.

      Estamos rompendo porque não abrimos mão de preparar a CS – organização política que ora estamos construindo – para ser parte de um partido que tenha como objetivo estratégico dirigir a luta dos trabalhadores e dos setores explorados para realizar a revolução socialista.

         Por fim, afirmamos que não nos renderemos ao discurso das dificuldades da conjuntura e a falta de ascenso do movimento, para nos acomodarmos nas saídas vistas como mais fáceis na construção das ferramentas da classe trabalhadora. Pelo contrário, a CS continuará totalmente a serviço do fortalecimento da CSP-CONLUTAS e da ANEL.
           
1-Neida Porfírio de Oliveira – Dirigente do CPERS/Sindicato – Porto Alegre/RS
2-Érico Corrêa – Dirigente do Sindicaixa – Porto Alegre/RS
3-Danilo Garcia Serafim – Dirigente do SEPE – Valença/RJ
4-Ludimilla Fagundes – Dirigente do CABAM/DCE-UFRGS – Porto Alegre/RS
5-Marivete M. de Melo – Militante do CPERS/Sindicato – São Luiz Gonzaga/RS
6-Laura Marques da Silveira – Militante do CPERS/Sindicato – Santa Maria/RS
7-Maria da Glória Sampaio – Dirigente do Sindicaixa – Santa Maria/RS
8-Maria de Fátima Vieira Contreira – Dirigente do CPERS/Sindicato – São Borja/RS
9-Paulo Sérgio Rolim – Militante do Movimento Popular – Caxias do Sul/RS
10-Joaquina Gladis R. Freitas – Dirigente do CPERS/Sindicato – São Gabriel/RS
11-Maria Aparecida Portela Prado – Representante de base na CNTE – Palmeira das Missões/RS
12-Miguel Chagas – Dirigente do Sindicaixa – Porto Alegre/RS
13-Mari Andréa Andrade – Militante do CPERS/Sindicato – Cruz Alta/RS
14-Maria Norma Dumer – Dirigente do CPERS/Sindicato – Camaquã/RS
15-Izaura Osório Sales – Dirigente do CPERS/Sindicato – Carazinho/RS
16-Carlos Alberto da Silva – Militante do Movimento Popular – São Leopoldo/RS
17-Astor Henrique Nagel – Representante de base do CPERS/Sindicato – Crissiumal/RS
18-Luzia R. P. Herrmann – Dirigente do CPERS/Sindicato – Taquari/RS
19-Delci Quevedo – Dirigente do Sindicaixa – Alegrete/RS
20-Ana Lúcia Xavier Cabral – Dirigente do CPERS/Sindicato – Bagé/RS
21-Michela Scherer Vieira – Dirigente do CPERS/Sindicato – Tapera /RS
22-Marli Aparecida de Souza – Dirigente do CPERS/Sindicato – Torres/RS
23-Salete Possan Nunes – Dirigente do CPERS/Sindicato – Passo Fundo/RS
24-Maira Iara de Farias Ávila – Dirigente do CPERS/Sindicato – Guaíba/RS
25-Albina Trindade – Dirigente do CPERS/Sindicato – Porto Alegre/RS
26-Terezinha Bullé da Silva – Dirigente do CPERS/Sindicato – Passo Fundo/RS
27-Neiva Moreno – Dirigente do CPERS/Sindicato – Porto Alegre/RS
28-Armindo Lajas dos Santos – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ
29-Telma Luzemi de Paula Souza – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ
30-Valdir Vicente de Oliveira – Dirigente do SEPE – Nova Iguaçu/RJ
31-Maria Oliveira da Penha – Dirigente do SEPE – Seropédica/RJ
32-Mario Sérgio Martins – Dirigente do SEPE – Cachoeira de Macatu/RJ
33-João Batista da Silva – Dirigente do SEPE – São Pedro da Aldeia/RJ
34-Marcelo Ferreira de Sant’Anna – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ
35-Vivianne Santos – Dirigente do SEPE – Mesquita/RJ
36-Mônica Valéria Affonso Sampaio – Dirigente do SEPE – Mesquita/RJ
37-Dulcinéa de Lima Pereira – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ

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