segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O FIM DE UMA GERAÇÃO: CASTELO ANUNCIA SUA APOSENTADORIA POLÍTICA


Por Hugo Freitas

Aos 75 anos de idade, João Castelo (PSDB) anunciou o encerramento de sua carreira política, após a derrota para Edivaldo Holanda Júnior (PTC), o mais novo prefeito eleito de São Luís.

Em um ginásio lotado de militantes e partidários num colégio da capital, Castelo surpreendeu a todos, anunciando sua aposentadoria política. "Pretendo encerrar minha carreira política no dia 31 de dezembro. Mas até lá continuarei como prefeito de São Luís", disse.

Emocionado, o experiente político, com 41 anos de vida pública, agradeceu a todos que o apoiaram na campanha e desejou sucesso ao novo prefeito. "Eu desejo que ele seja feliz. Que ele consiga realizar tudo aquilo o que prometeu para a melhoria da cidade de São Luís".

Castelo se despediu do público, informando que vai se dedicar à família e à escrita de seu livro de memórias. "A partir de 31 de dezembro, vou poder me dedicar à realização de um sonho, que é escrever um livro com as minhas memórias de 41 anos de vida pública", finalizou o tucano.

Trajetória política

Com mais de quatro décadas dedicadas à política maranhense, João Castelo é uma das figuras mais experientes do Estado, por isso considerado nos círculos políticos como um dos últimos "dinossauros" do Maranhão, ao lado de José Sarney, Edison Lobão e Epitácio Cafeteira.

Além de prefeito da maior cidade maranhense, Castelo foi presidente do Banco do Amazônia, deputado federal por dois mandatos, governador do Maranhão, senador da República e novamente deputado federal por mais dois mandatos. Também presidiu a Empresa Maranhense de Administração Portuária, a EMAP, que gerencia o Porto do Itaqui.

Com a derrota nas urnas neste domingo (28), com uma diferença de mais de 60 mil votos (leia aqui), Castelo se tornou o primeiro prefeito da capital maranhense a não conseguir a reeleição, desde o advento dessa prerrogativa eleitoral.

A partir de 1997, quando o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional 16, que permitiu a reeleição do presidente da República, governadores e prefeitos, o finado Jackson Lago foi reconduzido ao cargo nas eleições de 2000 e o ex-prefeito Tadeu Palácio, em 2004.

Perspectivas

A aposentadoria política de João Castelo marca o fim simbólico de uma geração, a dos políticos respaldados pelas antigas oligarquias advindas dos tempos do coronelismo e fortalecidas pela Ditadura Militar (1964-1985), e o advento de uma outra, com a entrada de novas lideranças e atores no jogo político maranhense.

Assim, a eleição de Edivaldo Holanda Júnior em São Luís aponta para novas perspectivas políticas em todo o Maranhão, uma vez que a população demonstrou nas urnas que um governo que não resolva os problemas da cidade não serve para administrá-la. E isso funciona como alerta para o próprio Edivaldo, caso ele não consiga colocar em prática todas as propostas feitas em campanha.

O "novo" não pode resumir-se apenas à idade, e sim, às mudanças nas práticas políticas. O "novo" deve governar para o povo, e não para os ricos, os empresários politiqueiros; deve governar para os mais humildes e necessitados, e não para a manutenção do status quo; deve começar a administrar a cidade desde o primeiro dia de trabalho, e não apenas no fim do mandato, com obras eleitoreiras visando tão somente sua reeleição.

Daqui a quatro anos, a população ludovicense terá novamente a oportunidade de definir a permanência ou não de seu gestor. Erros repetidos implicarão em nova manifestação de mudança. Ganha a democracia quando há a participação crítica da sociedade e a rotatividade do poder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato pela participação.