sábado, 8 de setembro de 2012

400 ANOS DE SÃO LUÍS: Um pouco da história da cidade através de fatos e fotos

Praia Grande, Centro histórico de São Luís

A capital maranhense, que hoje (08 de setembro) completa 400 anos de fundação francesa, tendo sido invadida por holandeses (1641-1644), é lembrada pelo enorme casario de arquitetura portuguesa.


No início, abrigava apenas ocas de madeira e palha e uma paisagem quase intocada. Nesta Ilha ficava a aldeia de Upaon-Açu, onde os índios tupinambás - entre 200 e 600 d.c., segundo cronistas franceses - viviam da agricultura de subsistência (pequenas plantações de mandioca e batata doce) e das ofertas da natureza, caçando, pescando, coletando frutas.


Em 1535, a divisão do país em capitanias hereditárias deu ao tesoureiro João de Barros a primeira oportunidade de colonizar a região.

Na década de 1550 foi fundada a cidade de Nazaré, provavelmente, onde hoje é São Luís, que acabou sendo abandonada devido à resistência dos índios e a dificuldade de acesso à Ilha.


Daniel de La Touche, conhecido como Senhor de La Ravardière, acompanhado de cerca de 500 homens, chegou à região, em 1612, para fundar a França Equinocial e realizar o sonho francês de se instalar na região dos trópicos. Uma missa rezada por capuchinos e a construção de um forte marcaram a data de fundação da nova cidade: 8 de setembro. Logo se aliaram aos índios, que foram fiéis companheiros na batalha contra portugueses vindos de Pernambuco decididos a reconquistar o território, o que acabou por acontecer alguns anos depois.


Comandada por Alexandre de Moura, a tropa lusitana expulsou os franceses em 1615 e Jerônimo de Albuquerque foi destacado para comandar a cidade. Dos fundadores restou o nome de São Luís, uma homenagem ao rei francês Luís XIII, estranhamente mantida pelos portugueses.


Açorianos chegaram à cidade em 1620 e a plantação da cana para produção de açúcar e aguardente tornou-se, então, a principal atividade econômica na região. Os índios foram usados como mão de obra na lavoura. A produção foi pequena durante todo o séc. XVII e, como praticamente não circulava dinheiro na região, os excedentes eram trocados por produtos vindos do Pará, Amazônia e Portugal. Rolos de pano eram um dos objetos valorizados na época, constando inclusive nos testamentos dos senhores mais abastados.


Em 1641, foi a vez dos holandeses de Maurício de Nassau, que já comandavam Pernambuco, tomarem a cidade. Chegaram pelo porto do Desterro, saquearam a igreja que nele fica e só foram vencidos três anos depois. Preocupado com o isolamento geográfico e os constantes ataques à região, o governo colonial decidiu então fundar o Estado do Maranhão e Grão Pará, independente do resto do país.


A criação da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, em 1682, integrou a região ao grande sistema comercial mantido por Portugal. As plantações de cana, cacau e tabaco eram agora voltadas para exportação, tornando viável a compra de escravos africanos. A Companhia, de gestão privada, passou a administrar os negócios na região em substituição à Câmara Municipal. O alto preço fixado para produtos importados e discordâncias quanto ao modelo de produção, geraram conflitos nas elites que culminaram na Revolta de Beckman, considerada a primeira insurreição da colônia contra Portugal. O movimento foi prontamente reprimido pelas forças governistas.


Na segunda metade do séc. XVIII, devido a Guerra de Secessão, os Estados Unidos interrompem sua produção de algodão e abrem espaço para que o Maranhão passe a fornecer a matéria-prima demandada pela Inglaterra. Em 1755, é fundada a Companhia Geral do Comércio do Grão Pará e o porto de São Luís ganha enorme movimento de chegada e saída de produtos. Com a proibição do uso de escravos indígenas e o aumento das plantações, sobe muito o número de escravos negros.


Se desde o final do séc. XVII novos elementos da civilização europeia já chegavam a São Luís por vias marítimas (com destaque para os religiosos carmelitas, jesuítas e franciscanos, que também passaram a educar a população), este processo de modernização aumentou no novo ciclo econômico, trazendo benefícios urbanos para a cidade. Durante o período pombalino (1755-77), é realizada a canalização da rede de água e esgotos e a construção de fontes pela cidade.


Em 1780, é construída a Praça do Comércio, na Praia Grande, que se torna centro da ebulição econômica e cultural de São Luís. Tecidos, móveis, livros e produtos alimentícios, como o azeite português e a cerveja da Inglaterra, eram algumas das novidades vindas do velho continente.



Os filhos dos senhores eram enviados para estudar no exterior, enquanto na periferia da cidade, longe da repressão da polícia e das elites, os escravos fermentavam uma das culturas negras mais ricas do país.



Entre as abastadas famílias de comerciantes estava a senhora Ana Jansen, conhecida por maltratar, torturar e até matar seus escravos. Além de dar nome a uma lagoa que fica na parte nova da cidade, Ana Jansen é, também, lembrada por meio de uma lenda: sua carruagem, puxada por cavalos brancos sem cabeça, estaria circulando, ainda hoje, pelas ruas escuras de São Luís.




O grande fluxo comercial de algodão, que chegou a fazer da capital maranhense a terceira cidade mais populosa do país (atrás apenas do Rio de Janeiro e Salvador), entrou em decadência no fim do século XIX, devido à recuperação da produção norte-americana e a abolição da escravatura. A produção agrícola foi aos poucos sendo suplantada pela indústria têxtil que, além de matéria-prima, encontrou mão de obra e mercado consumidor na região. A nova atividade colaborou para a expansão geográfica da cidade e surgimento de novos bairros na periferia.








Hugo Freitas
*Com informações do portal Cidades Históricas
**Fotos antigas coletadas do álbum de Gaudêncio Cunha, de 1908, e do acervo particular de seu amigo Diogo Galhardo.

2 comentários:

  1. sensacional a matéria e o conjunto de fotos. Demais!!!

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  2. Ótimo material. Ainda mais com fotos. Parabéns!!!

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Grato pela participação.