sábado, 10 de janeiro de 2015

O governo Flávio Dino e a lógica da "Tropa de Elite"


Por Hugo Freitas

Em uma semana de governo Flávio Dino (PCdoB), o novo comando da Polícia Militar do Maranhão já disse a que veio: "em 8 dias de governo, 7 homicídios decorrentes de intervenção policial".

A informação foi dada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, Luís Antônio Pedrosa (PSOL), através de seu perfil no twitter, acrescentando que, em 2014, foram 55 mortes em decorrência de ações policiais em todo o Estado.


Ou seja, se o extermínio de "bandidos" continuar assim no Maranhão, ultrapassa os 55 assassinatos do ano passado antes da metade deste ano.

Nesse sentido, é bom ponderarmos duas observações. Pedrosa foi candidato a governador do Maranhão no pleito passado, ficando em terceiro lugar com 1,14% dos votos válidos. Por ser representante de uma entidade que luta em defesa dos direitos humanos, sua fala tem repercussão tanto social quanto política.

Contudo, a lógica do filme "Tropa de Elite", particularmente o "2", parece imperar no imaginário da sociedade maranhense, a de que "bandido bom é bandido morto". Bastou o dirigente psolista se manifestar e um sem-número de internautas, leitores/comentaristas de blogs e atuantes nas redes sociais, começaram a criticar o posicionamento de Pedrosa. A maioria defendendo a atuação "sanguinária" da Polícia, invocando a máxima: "direitos humanos para quem é humano".

O fato é que se para a classe política e agentes públicos a morte de "bandidos" deve ser tratada como questão de políticas públicas e de direitos humanos, pelos próprios fundamentos de um Estado Democrático de Direito, para a sociedade em geral tende a tratar-se da "heroicização da PM".

E parece que é nessa imagem esculpida no "olho por olho, dente por dente" que o novo comando da PM se apoia. Afinal, depois de seguidos anos sob forte domínio das facções criminosas que controlam o sistema penitenciário estadual e do avanço da violência em praticamente todas as cidades maranhenses, e mediante a letargia e inoperância do governo que findou, era de se esperar que algo de concreto fosse feito pela gestão que se anuncia como "mudança", ainda que de forma sumária.

Em apenas uma semana de governo Flávio, 7 "bandidos" já morreram em decorrência de ações policiais

Afinal, a morte é um lucrativo negócio, tanto do ponto de vista econômico quanto do político.

E é daí que vem a lógica da "Tropa de Elite 2". O "capitão Nascimento", do Bope, ao assumir a responsabilidade de uma chacina dentro de um dos presídios cariocas, é veementemente criticado por intelectuais, pela imprensa e pela classe política, que pedem a sua exoneração; contudo, é bastante aplaudido pela população, "ibope" esse que o leva a ser convidado pelo governador para ser subsecretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro. Como ele mesmo afirma no filme: "Eu caí pra cima, parceiro!" A partir daí, o leitor já sabe o que acontece.

Não é de se duvidar que se a morte de "bandidos" pela Polícia Militar continuar avançando em progressão geométrica no Maranhão, o governo Flávio será ainda mais criticado por parte da imprensa, por intelectuais e pela classe política, mas poderá ser "heroicizado" pelo povo maranhense, a ponto de seus agentes de Segurança pleitearem voos mais altos na esfera pública nos próximos anos.

É a morte se consubstanciando em votos.

Diante disso, como nunca antes visto, o Maranhão caminha para se tornar um Estado "estranhamente curioso": de domínio comunista, com caráter fascista, de "glorificação" da Polícia e de bestialização da população.

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