Os "queridos Leões" estão voltando para o Palácio...
Por
Hugo Freitas
"Queridos
Leões, vocês nunca mais rugirão para o povo do Maranhão". Essa foi uma das
muitas frases de efeito utilizadas pelo governador Flávio Dino (PCdoB) no dia
de sua posse. Mas, à medida que o tempo passa, a fábula contada vai sendo
desencantada.
A foto
acima é o exemplo claro disso. O ex-pré-candidato ao governo do Maranhão e
ex-prefeito de São José de Ribamar, Luís Fernando Silva (PMDB), foi recebido pelo governador, no Palácio dos
Leões. Segundo os releases de assessoria distribuídos à imprensa, a pauta do
encontro foi apresentar ao peemedebista o que o governo comunista vem
realizando e planejando para o Estado.
Contudo,
para se entender essa foto no mínimo "inusitada", já que o
ex-secretário da Casa Civil do governo Roseana Sarney (PMDB) era adversário
eleitoral de Dino até a fatídica "desistência", é necessário
compreender o cenário que a engendra.
A poucos dias, foi ventilada a hipótese de filiação de Luís Fernando no PSB,
partido comandado pelo vereador Roberto Rocha Júnior, filho do senador e ainda
vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha, também do PSB.
Como é
sabido, Fernando e Rocha são amigos de longa data, já que são "crias"
do que se convencionou chamar de "sarneysismo". Aliás, muitos dos que
hoje governam o Maranhão também foram gestados politicamente no berço da
famigerada "oligarquia".
Ocorre
que Fernando pretende disputar as eleições de 2016, seja em São Luís ou em São
José de Ribamar. E, para isso, busca costurar alianças favoráveis às suas
intenções, o que explica a possibilidade de filiação no partido do amigo Rocha.
A "Rocha" no sapato de Dino
Contudo,
Roberto Rocha não goza da confiança de muitos próceres do "dinismo".
Basta observar que nos jornais, rádios e blogs alinhados ao governador, o
vice-prefeito passou a ser acusado de ter sido o "delator" da suposta
desistência de Flávio Dino de vender a Casa de Veraneio. A impossibilidade de venda está ancorada em lei vigente que trata da área onde o imóvel oficial do Governo do Maranhão está
situado, legislação esta não verificada (?) pela equipe jurídica dos comunistas durante a campanha nem durante o processo de transição, mas alardeada como possível.
Uma vez
Fernando filiado no partido de Rocha, ambos sairiam fortalecidos para a disputa
não só das eleições de 2016, mas também de 2018. Roberto Rocha elegendo o
prefeito de São Luís, fica gabaritado politicamente para a disputa do governo,
seu sonho maior, exatamente como Flávio fez ao ajudar na eleição de Edivaldo.
Sensível
a essa jogada, Dino acena para Fernando com o intuito de evitar um
fortalecimento maior de Rocha e, mesmo, de enfraquecê-lo. Sob a proteção do
governador, Luís Fernando tanto pode sair como vice de Edivaldo, candidato
natural pela prerrogativa da reeleição, quanto disputar a cadeira de prefeito
de São Luís em 2016 contra o seu atual ocupante.
Essa
segunda hipótese é a mais improvável, mas não impossível. Afinal, Edivaldo
amarga uma péssima avaliação popular de sua gestão, que beira à casa dos 70% de
desaprovação. Contra si, pesa ainda o nome de Eliziane Gama (PPS), deputada
federal eleita que se articula para viabilizar sua candidatura municipal em
2016, dada como vitoriosa por muitos ainda no primeiro turno.
Nesse
sentido, a entrada de Luís Fernando na corrida sucessória de São Luís pode
quebrar essa suposta hegemonia do nome de Eliziane, forçando mesmo um
(im)provável segundo turno. Nessas circunstâncias, a balança penderá para o
lado de quem for mais abraçado pelo governador. Este, por sua vez, tenta criar uma configuração onde sua influência seja decisiva para todos os cenários vitoriosos possíveis.
Por
fim, e não menos importante, é o próprio Flávio Dino quem sai fortalecido com
um acordo com um dos "figurões" do PMDB. Depois de ter sido
"assediado" publicamente pelo ex-ministro "sarneysista" do
Turismo, Gastão Vieira (PMDB), que certificou o fim do grupo Sarney, uma
aliança com Luís Fernando permite a Flávio ser o "crupiê" do jogo
político no Maranhão, minimamente pelas próximas quatro disputas eleitorais.
Afinal,
Flávio terá sob seu comando nada menos que caciques dos três maiores partidos
do Brasil: PT, PSDB e PMDB, com a lisonja de que este último parece sinalizar que não irá caminhar
para uma oposição ao novo governo estadual, como deixou entrever a polêmica entrevista de Gastão.
Certamente, o acúmulo desse capital político credencia Flávio a alçar voos
mais altos.
A
"Rocha" no sapato de Dino fica por conta de dois
"problemas": primeiro, do senador "aliado", que não
pretende abrir mão novamente do sonho de ser governador do Maranhão, tal como
seu pai o foi, o falecido Luís Rocha.
E,
principalmente, por conta do discurso eleitoreiro do "anti-sarney",
que perdeu sua eficácia com a aposentadoria de José Sarney e de sua filha,
Roseana Sarney, e com os inúmeros apoios de "(ex)sarneysistas"
durante a campanha e que hoje estão no governo, ocupando inclusive postos de comando, o que exigirá de Flávio Dino a elaboração de uma outra estratégia midiática para convencer o eleitorado a acreditar novamente em alguém que, no dia da "posse da mudança", prometeu que
os "queridos leões" nunca mais rugiriam para o povo do Maranhão.
Na verdade, os "queridos leões" estão voltando para o Palácio. Ou será que nunca saíram dele?
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