quarta-feira, 23 de maio de 2012

"COM QUE DINHEIRO?" Rodoviários em greve criticam contratação de novos trabalhadores

Por Hugo Freitas

O impasse na solução da greve dos rodoviários continua. Enquanto os grevistas reivindicam aumento de 16% nos vencimentos e redução da jornada de trabalho para 6h diárias, os empresários afirmam não possuir condições de arcar com reajustes sem aumento no valor das tarifas dos ônibus que circulam na capital.

Contudo, o argumento da classe patronal parece não mais se sustentar. Isto porque a Justiça do Trabalho determinou ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) a contratação imediata de novos trabalhadores sob pena de multa, seleção iniciada nesta manhã (23).

Em entrevista concedida à imprensa local na manhã de hoje (23), o presidente do Sindicato dos Rodoviários (STTREMA), Dorival Silva, questionou: "Com que dinheiro eles pagarão os novos trabalhadores?".

Além disso, Dorival criticou a qualidade dos serviços prestados por estes novos trabalhadores, afirmando que "a contratação de novos funcionários é um risco à população de São Luís, que terá nas ruas trabalhadores sem qualificação".

"Isso não resolve o problema de hoje. O sistema atual opera quase cinco mil trabalhadores, e os empresários alegavam que não havia mais funcionários qualificados em São Luís para serem admitidos. De repente eles já são qualificados?", disse.

Diante disso, torna-se notório que a contratação destes funcionários temporários é para evitar a penalidade do Tribunal do Trabalho, já que a multa foi imposta por causa da não contratação de motoristas e cobradores, ação que amenizaria o impacto da paralisação.

Por outro lado, a alegação do presidente do sindicato dos rodoviários não justifica a péssima qualidade do serviço prestado pelos atuais trabalhadores em greve. Muitos deles desrespeitam os pontos de parada obrigatória, não possuem paciência com os idosos e tratam os usuários de um modo geral com grosseria e ignorância.

Mais cedo, em entrevista a uma rádio de São Luís, o assessor jurídico do Sindicato dos Rodoviários, José Rodrigues, afirmou que a categoria não irá voltar ao trabalho se nenhum acordo for feito. "Não vamos ceder um milímetro, enquanto os empresários não sentarem à mesa para negociar. Sem negociação, não tem acordo e a paralisação vai continuar", disse.

Rodrigues afirmou ainda que os rodoviários não estão preocupados com multas e ameaças de demissão. Segundo ele, se os empresários não têm dinheiro para conceder qualquer reajuste aos trabalhadores, certamente não terão condições de bancar uma demissão em massa, pensamento coadunado com o de Dorival Silva.

O assessor jurídico informou também que já existe uma carência de cerca de 300 rodoviários e que, por conta disso, muitos trabalhadores estão sendo obrigados a dobrar a jornada de trabalho. "A população não tem conhecimento, mas muitos companheiros estão sendo obrigados a dobrar a jornada de trabalho, correndo risco de acidente. Pelos nossos levantamentos, cerca de 60% dos acidentes no transporte coletivo envolvem colegas que estão dobrando serviços", disse ele.

A greve continua por tempo indeterminado e, até o momento, não está prevista nenhuma nova rodada de reuniões entre rodoviários e empresários.

Ao persistirem tais impasses, os mais de 700 mil usuários do transporte público de São Luís continuam sendo os maiores prejudicados, arcando com o ônus dos filhos sem aulas nas escolas públicas, com o gasto excedente com transporte alternativo (principalmente vans, que aproveitaram o movimento paredista e aumentaram o valor das tarifas, girando em torno dos R$ 3,00) e com o cerceamento de sua liberdade de ir e vir.

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