sábado, 10 de setembro de 2011

O "BIN LADEN" DO MARANHÃO

Comandante Murilo deixa hospital após ter sido baleado no desfecho do sequestro

Mais de uma década antes de terroristas da al-Qaeda usarem aviões como mísseis contra as torres gêmeas do World Trade Center, nos Estados Unidos, um brasileiro armado tomou um voo da Vasp com o objetivo de atingir o Palácio do Planalto, em Brasília.

Desempregado, o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos, culpava o governo por sua situação e queria atingir o centro do poder político do país.

"O que ocorreu com o voo 375 da Vasp foi como os atentados a Nova York e Washington. O meu sequestrador tinha a mesma intenção que os terroristas, só que não conseguiu alcançar o seu objetivo. E o risco ainda existe, tanto que o 11 de Setembro ocorreu”, afirmou o comandante Fernando Murilo de Lima e Silva, de 60 anos, em entrevista ao portal G1.

O piloto nunca vai esquecer o dia 29 de setembro de 1988, quando o Boeing 737-300 da Vasp que comandava foi sequestrado.

Durante o voo, ele viveu momentos de terror quando o maranhense, armado com um revólver calibre 32, matou seu copiloto, Salvador Evangelista. "Ele levou um tiro na cabeça quando pegou o rádio para responder a um chamado da torre de controle de Brasília", relatou Murilo. Outro copiloto, que estava na aeronave como passageiro, foi ferido ao tentar impedir a ação do criminoso.

“O meu sequestro foi um dos primeiros com aviões no país. Desde então, muita coisa mudou. Mas foi um processo lento de conscientização pela melhoria da segurança na aviação. Naquele tempo, não havia nem detectores de metais nos aeroportos”, relembrou o comandante que, passados 23 anos da tragédia, continua voando como piloto de cargueiro no Rio de Janeiro.

O voo 375 da Vasp fazia o trajeto Porto Velho-Rio de Janeiro, com escala, entre outros lugares, em Belo Horizonte, onde o maranhense entrou armado. Estavam a bordo 135 passageiros e oito tripulantes.

“A ação começou quando já estávamos sobrevoando os céus do Rio de Janeiro. Ele gritava: ‘eu quero matar o Sarney. Quero jogar o avião no Planalto!", contou o piloto. "Na época, eu não tinha ideia de que aquilo poderia ocorrer".

Após a ação, o piloto solicitou às companhias aéreas a instalação de portas blindadas na cabine de pilotagem dos aviões.

Cerco policial – Raimundo Nonato havia perdido o emprego em uma construtora devido à crise econômica que o país enfrentava e acreditava que a culpa era do presidente, na época José Sarney (PMDB), que governou o país entre 1985 e 1990.

Na ação, o sequestrador exigiu que o avião se dirigisse do Rio a Brasília. Como o combustível da aeronave estava acabando devido à mudança de rota, o comandante Murilo conseguiu convencer o sequestrador a pousar o Boeing em Goiânia.

“Podíamos despencar a qualquer momento. Mas ele não estava nem aí. Era doente, estava para o que desse”, acrescentou. Ao pousar em Goiânia, o avião foi cercado pela Polícia Federal, onde o sequestrador decidiu seguir para Brasília em uma aeronave de menor porte, levando o comandante como refém.

“Ele tentou subir em um Bandeirante que estava estacionado próximo ao Boeing para fugir. Foi nessa hora que eu corri. Um agente da PF conseguiu lhe acertar no quadril, mas o sequestrador ainda teve tempo de atirar, e me acertou na perna”, relembrou o comandante. O sequestrador foi baleado no quadril pelos agentes da PF e morreu no hospital de infecção, dias depois.

“Hoje, é mais difícil ocorrer um sequestro como aquele no país, acho que pode se repetir apenas em aeronaves menores, ou em aeroclubes pequenos. Os aeroportos possuem detectores de metais, mas muita coisa ainda precisa melhorar até a Copa do Mundo de 2014 para não termos nenhum risco”, disse Murilo.

Hugo Freitas
Com informações do portal G1

5 comentários:

  1. A ideia era boa, ruim foi o meio que ele escolheu, acabar com a vida de inocentes pra livrar o país do seu maior parasita...

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  2. Interessante, Roldão.

    Em se tratando de uma tentativa de um atentado contra um presidente recém-saído de uma ditadura militar, é possível que muitos de dentro das paredes de Brasília não quisessem mesmo que este cidadão saísse vivo do hospital.

    Com certeza, este assunto ainda tem muita coisa para ser revelada.

    Grato por sua participação. Abraços fraternos.

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  3. Bem observado, Marcelo.

    A vida de inocentes não pode ser colocada em risco quando o ato de uma única pessoa não é compartilhado pela coletividade.

    Grato pela participação. Abraços fraternos.

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  4. sera que no Maranhão não tem outro corajoso para tentar novamente

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  5. Nos tempos atuais, com sofisticados e rigorosos esquemas de segurança nos aeroportos, creio que seja muito difícil, porém não impossível.

    Grato pela participação. Abraços fraternos.

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Grato pela participação.