sábado, 30 de abril de 2016

O Partido Progressista e a disputa pela Prefeitura de São Luís

Reunião de dirigentes do PP, em Brasília: deputado federal André Fufuca, presidente estadual, senador Ciro Nogueira, presidente nacional, e deputado estadual Wellington do Curso, presidente municipal

Por Hugo Freitas

Precisando de uma legenda forte que lhe desse competitividade eleitoral em termos de estrutura partidária e tempo de propaganda no rádio e na TV, o deputado estadual Wellington do Curso (ex-PPS) conseguiu, em poucos menos de um mês, não só se filiar ao Partido Progressista do Maranhão, como também se tornou o presidente do Diretório Municipal da sigla em São Luís.

Dispondo desse capital político certificado na estrutura partidária do PP, um dos maiores do país, Wellington carimba de vez seu nome como pré-candidato ao comando do Palácio de La Ravardière.

Contudo, há certas problemáticas que devem ser levadas em consideração nessa nova configuração político-partidária pepessista. A primeira é o fato da conturbada saída do ex-chefe do PP estadual, o deputado federal Waldir Maranhão. Waldir é vice-presidente da Câmara dos Deputados, um dos mais fortes aliados do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB/RJ).

Na manhã desta quinta-feira (28), Waldir sofreu uma dura derrota judicial. O pedido de liminar em que objetivava declarar a nulidade da Resolução nº 10/2016 da Comissão Executiva do Diretório Nacional do Partido Progressista, que dissolveu a Comissão Executiva Regional no Maranhão, sob seu comando, foi indeferido.

Com isso, Waldir Maranhão continua afastado da presidência estadual da legenda, tendo como substituto já anunciado e empossado na função o deputado federal André Fufuca, líder da bancada maranhense na Câmara.

Nesse contexto, por conta dos laços de proximidade com o dirigente nacional da legenda, senador Ciro Nogueira, o deputado Wellington foi alçado ao posto de presidente municipal do PP em São Luís, fortalecendo ainda mais seu projeto de ser prefeito da capital maranhense, já que agora ele terá poder de decisão sobre os rumos do partido na ilha, o que inclui negociações de alianças com outras legendas e aval para candidaturas à Câmara de Vereadores.

Todos esses acontecimentos podem ser interpretados por Waldir Maranhão como uma espécie de "traição" de seus correligionários e o "troco" pode ser dado durante a campanha eleitoral, já que o ex-dirigente goza de prestígio junto aos comandantes do Palácio dos Leões, mesmo tendo sido ele um dos principais agentes responsáveis pela manutenção de Cunha na presidência da Câmara, situação idiossincraticamente combatida pelos comunas leoninos: críticas severas a Cunha por conta do processo de impeachment da presidente Dilma (PT) e elogios calorosos a Waldir, dignos inclusive de "homenagem".

Waldir Maranhão foi celebrado pelo Governo do Estado, em ato oficial de "homenagem" arquitetado por Flávio Dino, o que implicou uso do dinheiro do contribuinte maranhense, por ter votado "não" ao impeachment da presidente Dilma, conforme acordo firmado com o governador comunista. Ocorre que Waldir é o braço direito de Eduardo Cunha, por ser o vice-presidente da Câmara dos Deputados, e um dos principais responsáveis pela manutenção do inimigo de Dilma na presidência da Casa.

Uma aliança, portanto, entre o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (ainda no PP), em termos de composição de forças para a disputa da Prefeitura de São Luís, não pode ser temida, tampouco negligenciada.

O segundo ponto a ser problematizado pela nova direção do PP estadual é o fato da legenda possuir o maior número de parlamentares, a nível nacional, investigados na Operação Lava-Jato (cerca de 35 deputados federais). O próprio Waldir responde a 6 ou 7 processos na Justiça Federal por uma série de acusações de ações criminosas. Isso fatalmente será utilizado pelos adversários de Wellington, aliados do prefeito Edivaldo (PDT) e por este próprio, caso o desempenho do deputado pepessista nas pesquisas de intenções de voto mantenha a tendência de crescimento.

Talvez, por isso mesmo, os novos dirigentes do PP já veicularam nas mídias e redes sociais inserções partidárias para mostrar ao Maranhão a "nova versão" do Partido Progressista, com Fufuca e Wellington protagonizando os spots. O objetivo é "virar a página" escrita por Waldir Maranhão e, ao mesmo tempo, tentar "limpar" a imagem do partido junto ao eleitorado, ao menos no cenário estadual.

Dará certo? Só o tempo e as urnas dirão. Mas que a pavimentação do caminho do PP rumo à Prefeitura de São Luís está sendo erigida, disso não resta a menor dúvida.

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