sexta-feira, 15 de julho de 2011

"Só o fim do Euro salva a União Europeia", diz historiador


O historiador Niall Ferguson, professor da Universidade de Harvard, nos EUA, sempre foi um crítico do uso de uma moeda única na União Europeia (UE).

Em 2000, após a adoção do euro, ele já previa que a moeda não duraria dez anos devido às diferenças fiscais entre os países.

Agora, afirma, a Europa precisa agir rápido: acabar com a união monetária para salvar a União Europeia.

Autor do livro "Civilization: The West and the Rest" (Civilização, o Ocidente e o Resto), Ferguson falou sobre o declínio do Ocidente, após mais de 500 anos de domínio sobre o resto do mundo, em evento realizado hoje (15/07) em Edimburgo, na Escócia. Depois, conversou com jornalistas sobre a crise econômica na Europa e nos Estados Unidos.


O que a Europa deve fazer para conter a crise da dívida?


Quando a Europa adotou o euro, eu já dizia que não iria funcionar, porque você não pode ter uma união econômica sem união fiscal. Em 2000, escrevi que a moeda não duraria mais de dez anos, porque as enormes diferenças entre os países causaria o colapso do sistema. É o que vemos agora.


A política de empréstimos não está revolvendo o problema. O que fazer?


Há duas opções para a Europa hoje, ou se transformar numa federação, como os Estados Unidos, ou abandonar essa ideia de moeda única. Mas não há vontade política para a federação. Estamos muito próximos de uma crise enorme. Os mercados já se voltaram para países como Itália e Espanha. Não faz sentido manter uma política de moeda única se você questionar a participação desses países.


Não é possível excluir países e salvar a moeda?


Eu acho que é preciso acabar com a moeda única para salvar a UE. Não há outra solução. A Grécia não vai ser competitiva com a mesma política monetária da Alemanha. Portugal também não. Há seis meses, ainda era possível manter o euro e excluir da união monetária um país ou outro. Mas essa solução foi sendo adiada e hoje não é mais uma opção.


Por que a Europa está demorando para tomar uma atitude mais drástica?


Porque as pessoas em Bruxelas (sede da UE) e em Frankfurt (sede do Banco Central Europeu) continuam a negar a realidade.


E o problema do déficit nos Estados Unidos?


Essa discussão sobre calote é estúpida. Entramos num território muito perigoso quando encontramos na mesma manchete de jornal os termos EUA e calote. Mesmo com o enorme problema fiscal dos EUA, não devemos falar de calote nesse momento. É incrível que os republicanos tenham ficado tão doutrinários que não queiram nem sequer discutir o fim de buracos no sistema tributário e nas despesas do país para reduzir o déficit. Para quem não tem um cérebro histérico, essa ideia de calote nos Estados Unidos é chocante.

Fonte: Folha UOL

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