As chuvas deste início de ano estão confirmando o que muitos já imaginavam: São Luís está se tornando uma cidade intrafegável.
As constantes e pesadas chuvas que caíram na capital maranhense durante todo o mês de janeiro transformaram ruas e avenidas em verdadeiros rios. Sem escoamento adequado, as águas das chuvas não permitem o fluir do trânsito, acarretando inúmeros congestionamentos nas principais vias de São Luís.
Mas as chuvas são apenas a ponta do iceberg deste caótico trânsito ludovicense. Mesmo sem as águas pluviais, nos horários de pico a situação não é nada animadora. Carros, motos e ônibus se expremem em filas quilométricas para tentar cumprir seus itinerários.
E a população, como sempre, é a maior prejudicada. Tanto motoristas quanto passageiros são atingidos pela falta de uma engenharia que viabilize o escoamento dessa montanha de veículos que circulam pela capital. Os prejuízos para ambos são atrasos na chegada ao trabalho e demora na volta para casa, mediante o precioso tempo perdido nos longos engarrafamentos.
O mosaico se agrava quando a ineficiência de políticas voltadas para o trânsito soma-se ao enorme manancial de veículos que são despejados a cada dia nas avenidas da cidade. Segundo dados divulgados pelo Detran, São Luís já possui uma frota em torno de mais de 251 mil unidades registrada no final de janeiro deste ano.
Somente o volume de carros gira na órbita de aproximadamente 146 mil veículos, o que corresponde a uma média preocupante de um veículo para cada quatro pessoas, levando-se em consideração os dados divulgados pelo último censo, que registrou a população de São Luís em torno de mais de um milhão de habitantes (1.011.943). As motos (53 mil) e as caminhonetes (19,7 mil) inundam as avenidas com mais 72 mil veículos.
As políticas de recuperação asfáltica, neste caso, não chegam nem perto de resolver o problema que, convenhamos inteligente leitor, servem meramente para tentar transmitir à população a imagem de um governo em ação, mas que em seu aspecto ulterior esconde a sua ineficiência e irresponsabilidade, aliadas única e exclusivamente aos interesses de montadoras e revendedoras de veículos.
Pior do que isso são as miraculosas promessas de construção de faraônicas pontes e estradas, que carregam em seu bojo a mesma fórmula politiqueira utilizada para ludibriar o público eleitor quanto à construção de 72 novos hospitais, veneno o qual a população ludovicense ainda consome através da sôfrega imprensa, que se cala na hora de cobrar.
Se pensarmos como solução ou medida alternativa a rotatividade de automóveis, tal como já é feito em São Paulo (cidade que tem mais carro do que gente), poderemos incorrer na mesma saída buscada pelos paulistanos: comprar dois carros com placas diferentes, uma para os dias de terminação par e a outra para os dias de terminação ímpar. Com certeza, a indústria automobilística ficaria ainda mais contente e o problema permaneceria insolúvel.
A verdade é que a enorme quantidade de veículos em circulação se transforma em um outro problema, ainda mais grave: a poluição, mal do qual já padece a população paulistana. Imaginem o sucesso que se anuncia apocalipticamente para São Luís; uma população doente, sem hospitais e estradas suficientes, mas com carros para dar e vender. Economia forte não é sinônimo de "orgulho nacional"?
Enquanto vivemos esperando o dia em que nos locomoveremos melhor, São Luís vai afundando na enxurrada de veículos que contribuem para deixar o trânsito ainda mais caótico e impraticável, numa espécie de prelúdio ao último "Ensaio sobre a Cegueira".
Talvez, seja hora de retirarmos dos depósitos e sótãos aquelas antigas bicicletas, tal como os noruegueses fizeram. Afinal, as famosas "magrelas" são o meio de transporte mais correto que existe: não poluem o ar, são fáceis de conduzir depois que se aprende, possuem preço acessível e seu exercício faz um bem danado para a saúde.
Hugo Freitas
E a grande massa
ResponderExcluirainda cai nessa,
meu amigo,
só promessa!!
ABRAÇO!!!
Primeiro gostaria de lhe parabenizar pela matéria!
ResponderExcluirSegundo gostaria de expressar que eu adoraria me locomover de bicicleta por São Luis mas antes os governantes deviriam construir uma ciclo-via, algo que desse estrutura para tal meio de transporte, pois já tentei mas preferi me manter viva, rsrs! Mais uma vez: Parabéns pela matéria!!
Annamélia Ribeiro
Meu amigo, Fábio, satisfação por seu comentário.
ResponderExcluirInfelizmente, somente no dia em que o povo acordar desse sono profundo é que teremos políticos verdadeiramente preocupados com os problemas da sociedade e não com esse jogo sujo de eleições "controladas".
Enquanto isso, continuaremos a observar as mesmas táticas eleitoreiras da República Velha colhendo seus frutos em pleno século XXI.
Grato por sua participação, meu amigo.
Abraços fraternos.
Hugo Freitas
Annamélia, fico extremamente agradecido por seu elogio.
ResponderExcluirDe fato, a construção de ciclovias seria uma pré-condição para transitarmos de bicicleta pelas ruas e avenidas da cidade. No entanto, se todos acatassem meu "conselho", ninguém teria nada a temer, pois as bikes seriam utilizadas em substituição aos outros veículos. Nada de carros, motos e ônibus. Apenas bicicletas... rsrsrsrs. O meio ambiente agradeceria e nosso organismo também. rsrs
Gostei muito do seu comentário. Continue participando.
Abraços fraternos.
Hugo Freitas