Realizada na tarde da última terça-feira (15/02) a palestra para se discutir "O Papel Social e Político da Fapema para o Maranhão".
O evento, organizado e sediado pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e com o Instituto Federal do Maranhão (IFMA), registrou a presença de professores, estudantes e políticos, ainda que em pequeno número.
Durante o debate, foram discutidas algumas questões que tratavam especificamente da política de transparência da Fundação de Amparo à Pesquisa no Maranhão. Segundo o Prof. do Departamento de Comunicação da UFMA, Francisco Gonçalves, desde 2009, no início da gestão da atual presidente da instituição, Rosane Guerra, todos os recursos da Fapema são submetidos a editais, através dos quais se intenta oferecer transparência e competitividade entre as instituições de pesquisa e os pesquisadores.
No entanto, a falta de clareza e de especificações detalhadas dos próprios editais foram alguns dos pontos levantados como supostas "brechas" para que os recursos tivessem seus fins desviados, como forma de burlar a legislação trabalhista (caso da Univima, onde funcionários eram pagos com bolsas e, posteriormente, todos foram demitidos sem direito a nenhum direito) e de alimentar as relações de clientelismo político-partidário.
Já o Prof. Alberes Cavalcanti (IFMA) destacou a diferença entre política de governo e política de Estado. Para ele, deve haver maior fomento público a fim de que as pesquisas possam incidir numa política estratégica de desenvolvimento do Estado através de uma política de governo que prime pela transparência e democratização de recursos, diminuindo assim o hiato entre pesquisa científica e realidade sociopolítica no Maranhão.
Compareceram também ao evento os candidatos ao governo do Estado nas últimas eleições, Saulo Arcângeli (PSOL) e Marcos Silva (PSTU) e o Deputado Estadual Bira do Pindaré (PT), que ressaltou seus esforços em angariar votos para que fosse aprovada a "CPI da Fapema" na Assembleia Legislativa, mas que não foram suficientes para lograr o êxito almejado, mediante a falta de interesse dos deputados da Casa Legislativa em apurar e punir os responsáveis pelas supostas irregularidades cometidas.
Apesar da louvável iniciativa de se promover um debate tão necessário quanto importante para se discutir os indícios de desvios no repasse de recursos de bolsas de pesquisas para dirigentes políticos alinhados partidariamente ao atual governo estadual, há que se destacar os contratempos e a (des)organização do mesmo.
A começar pela falta de energia elétrica provocada pela explosão de um dos transformadores da UEMA, que atrasou o início da palestra em quase uma hora e só foi restabelecida após o horário previsto para o seu término (18h), o que fez com que as mentes mais férteis chegassem a cogitar um suposto "atentado" ou "boicote" contra a realização da mesma. Em se tratando de um Estado onde lançamento de livros são acompanhados de agressões físicas e de depredações de patrimônio, tal imaginação tem sua razão de ser.
Além disso, com o evento transcorrendo às escuras, contando apenas com a pouca luminosidade de uma tarde chuvosa, mas suficiente para flagrar uma goteira bem no centro do auditório do CECEN, e paltado exclusivamente no volume de voz natural dos palestrantes, lamentavelmente não foi possível contar com a presença da Prof.ª Zulene Muniz, do Departamento de Ciências Sociais da UEMA, por motivos de foro íntimo, e muito menos com um substituto, devido a falta de tempo hábil para se consultar outro palestrante.
Resultado: num evento organizado pela UEMA e realizado na UEMA, nenhum professor da UEMA falou em nome da UEMA. O Prof. do Curso de História (UEMA), Marcelo Cheche, exerceu apenas a função de mediador do debate. No entanto, não havia também nenhum aluno desta instituição presente no evento. Nem do IFMA. O pequeno número de estudantes era todo da UFMA. Aliás, até agora, nenhuma entidade estudantil uemiana e ifmiana se pronunciou sobre o caso Fapema.
Isto evidencia duas situações bastante preocupantes: ou houve falha na divulgação do evento que pudesse abarcar mais acadêmicos das três instituições ou houve desinteresse geral da classe estudantil pelo assunto. O próprio reduzido número de professores e pesquisadores presentes também evidencia a "vitória" desta segunda hipótese.
Enfim, enquanto o Maranhão vai angariando resultados e índices cada vez mais vergonhosos no quesito educação, os maiores prejudicados são os primeiros a demonstrarem indiferença pela questão de desvio de recursos públicos de bolsas de pesquisa, aparentando mesmo concordarem com a perspectiva de um dirigente dos partidos envolvidos, que afirma que "tudo isso é normal".
Hugo Freitas
É preocupante mesmo essa situação de descomprometimento discente e docente da UEMA e do IFMA com o caso FAPEMA.Fica a dúvida de de saber o porquê.Mas, o importante é q eu a minoria pode ganhar essa causa em prol do futuro acadêmico.
ResponderExcluirAssim esperamos e acreditamos, minha amiga.
ResponderExcluirMas enquanto perdurar esse "silêncio" da classe estudantil e a indiferença de professores e pesquisadores, fica difícil visualizarmos um horizonte mais otimista.
Grato pela participação.
Abraços fraternos.
Hugo Freitas
É PREOCUPANTE!
ResponderExcluirSem dúvida alguma, companheiro Severino.
ResponderExcluirEsperamos que essa situação de "normalidade" seja minimamente reconhecida como um absurdo e passe-se à investigação dos fatos e punição dos culpados, a fim de que o Maranhão comece a deixar de ser esse Estado "sem-vergonha".
Obrigado por sua participação.
Abraços fraternos.
Hugo Freitas
Não acredito que isto tenha acontecido só agora, se mexer mais para trás vão descobrir mais coisa, no meu entender, essa prática já vinha se perpetuando há anos para cooptação política. Agora vão apurar, tudo bem, mas o dinheiro usado indevidamente por essas pessoas vai ser devolvido à sua origem?
ResponderExcluir@sostenessalgado
O fato de um dirigente partidário ter dito que isto é uma coisa normal, já dá a entender que esta prática vem acontecendo há algum tempo.
ResponderExcluirResta saber desde quando. Mas será que realmente querem investigar mais este escândalo no Maranhão?
O que se sabe é que tal denúncia só veio à tona na mídia por motivações político-partidárias.
Agora, é aguardar as cenas dos próximos capítulos e torcer para que isso não seja colocado mais uma vez para debaixo do tapete.
Abraços fraternos.
Hugo Freitas