domingo, 19 de fevereiro de 2012

À BEIRA DA GUERRA: UM OLHAR SOBRE A TENSÃO NUCLEAR ENTRE ISRAEL E IRÃ


Os tambores da guerra entre Israel e Irã nunca rufaram tão alto e, de Washington a Moscou, autoridades passaram a ver um ataque israelense como uma questão de "meses".

A tensão subiu ainda mais na semana passada em meio à guerra nas sombras. Aparentemente, os ataques a alvos israelenses na Índia e na Geórgia, além de um complô desbaratado na Tailândia, eram retaliações do Irã ao assassinato de seus cientistas nucleares.

O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, tem encampado a tese de que, quando a usina iraniana de Fordo - construída 90 metros abaixo de uma montanha perto da cidade sagrada de Qom - entrar em operação, a aviação israelense não terá mais capacidade de desferir um golpe significativo no programa iraniano. Apenas os EUA têm a tecnologia para destruir a instalação.

A partir do momento em que estocar em Fordo urânio suficiente para fazer a bomba, Teerã terá entrado no que o ministro chama de "zona de imunidade" em relação a Israel. A cartada militar, então, estará apenas nas mãos dos americanos.

Diante desse cenário, o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, considera que há uma "grande chance" de Israel atacar o Irã "em abril, maio ou junho", escreveu David Ignatius, colunista do Washington Post.

Uma matéria de capa da revista do New York Times também previra que um ataque israelense "não passará de 2012".

"Certamente há uma urgência que não existia antes, pois ficou claro que os iranianos estão transferindo urânio para Qom", disse ao Grupo Estado Efraim Inbar, diretor do Centro de Estudos Estratégicos Begin-Sadat. "Todos os integrantes do gabinete israelense apoiam a ideia de atacar o Irã. Uma bomba nuclear iraniana é simplesmente inaceitável para Israel. A questão é 'quando' atacar. Muitos ainda acham que é preciso dar tempo para as operações secretas em andamento", afirmou Inbar.


As informações são das agências internacionais e do jornal O Estado de S. Paulo



O (des)equilíbrio de forças no Oriente Médio


A disputa de poder na região do Oriente Médio parece ter alcançado um patamar ideologicamente equivalente ao que imperava durante a Guerra Fria, pelo menos no que tange à questão bélica, quando a União Soviética e os EUA se armaram até os dentes para equilibrar suas forças militares e nucleares.

Israel quer evitar a qualquer custo que o Irã se torne uma "potência", a ponto de equilibrar as forças na região. Com uma das maiores reservas de petróleo do mundo, situado numa área geograficamente estratégica que lhe proporciona o domínio da rota por onde escoa um terço das reservas petrolíferas que abastecem quase todos os países do globo e em busca de armamento nuclear suficiente para não ceder às pressões e aos embargos da comunidade ocidental, o Irã é pintado por seus algozes (e pela mídia complacente) como um "inimigo mortal".

Não bastasse as quatro mortes dos cientistas nucleares iranianos (cujo envolvimento de Israel é dado como quase certo, como disse Efraim Inbar, diretor do Centro de Estudos Estratégicos Begin-Sadat, ao afirmar que existem "operações secretas em andamento"), as quais a mídia ocidentalista trata ainda como "misteriosas", Israel agora aventa a possibilidade de um ataque ao Irã com a desculpa esfarrapada de que se trata de "Segurança Nacional".

Israel diz temer um possível ataque iraniano e, por isso, quer valer-se da prerrogativa do "ataque preventivo", o mesmo argumento utilizado pelo governo Bush em 2003, quando da invasão do Iraque em busca das tais "armas de destruição em massa", que nunca foram encontradas em solo iraquiano, a não ser no próprio território norte-americano, a maior potência bélica do mundo, que acabou se apropriando do petróleo do Iraque.

O leitor atento e de boa memória não esquece o fato de que Israel já possui bombas nucleares e conta com o apoio dos EUA.

Resta saber se China e Rússia vão prestar apoio também ao Irã num eventual ataque israelense, assim como mostraram força ao se posicionarem contra uma intervenção militar da Otan na Síria, em reunião do Conselho de Segurança da ONU na semana passada, o que acirrou os ânimos entre as potências do Ocidente e do Oriente.

Se isso acontecer, se as promessas de ataque de Israel ao Irã se concretizarem e se houver apoio de China e Rússia ao país dos ayatolás, a deflagração de uma guerra nuclear será iminente.

A História da Humanidade (que não é feita de "ses") já mostrou que em "tempos de crise" a "solução" encontrada pelas nações sempre foi a guerra. Circunscrita num contexto de crise da economia global (vide de exemplo a tragédia grega) e de "revoluções" se espalhando por todo o mundo árabe, a tensão entre Israel e Irã, contrariando todas as teses acadêmicas, aponta para um estágio de tamanha "evolução humana" que "a História parece se repetir".

Sem querer adentrar num certo futurologismo ou mesmo na seara dos que advogam o "fim do mundo em 2012", mais precisamente no dia 21 de dezembro deste ano (conforme o místico calendário Maia), o cenário que se desenha pode apresentar o "fim de um ciclo" na História da Humanidade ainda na metade do ano. Quem viver, verá. Ou não.

Hugo Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato pela participação.