quarta-feira, 11 de setembro de 2013

MINISTÉRIO PÚBLICO PEDE A CONDENAÇÃO DE REPÓRTER DA TV DIFUSORA


Por Hugo Freitas

O repórter Jonathan Sobreiro, da TV Difusora de Imperatriz, é alvo de Denúncia Criminal oferecida pela promotora de justiça Alline Matos Pires, da Comarca do município.

Jonathan é o principal articulador de uma matéria televisiva que ficou conhecida nacionalmente, em razão de a entrevistada possuir transtornos mentais e relatar que trabalhou em novelas. A entrevista foi ao ar, no programa "Difusora Repórter", nos dias 16 e 17 de agosto e foi difundida posteriormente em diversas páginas da internet.

Na matéria, o jornalista entrevista uma mulher que afirma ser atriz, não querendo mais trabalhar em novelas do SBT e da Rede Globo. A vítima passava próximo ao plantão central da Polícia Civil quando foi entrevistada. "Fui pedir ajuda e o repórter brincou comigo", disse a vítima em depoimento no Ministério Público do Maranhão (MPMA).

A promotora de justiça afirma que a mulher possui distúrbios mentais e não poderia ter sido colocada nesta situação constrangedora. "Trata-se de uma lamentável atuação de um profissional da imprensa, que se utilizando da condição de pessoa com transtornos psíquicos, em evidente processo delirante, grava entrevista, divulgando-a em seguida, amplamente, fazendo-a alvo de chacota e zombaria".

Para Alline Matos Pires, o denunciado ofendeu a dignidade e honra da vítima, que durante a entrevista chegou a revelar ser paciente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Imperatriz. "A atitude do repórter, por todo o contexto, apresenta claro caráter discriminatório, chegando inclusive a estimular o processo delirante, notadamente ao fazer perguntas relativas a uma situação sabidamente ilusória", completou.

O MPMA pede a condenação do réu pelos crimes previstos nos artigos 140 e 141, do Código Penal, que tratam de injúria preconceituosa. Foi, ainda, solicitada a instauração de inquérito na Delegacia de Polícia para identificar outras pessoas responsáveis pela divulgação do vídeo.

A irmã da entrevistada foi quem denunciou o caso à 4ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência, por meio de Representação, depois da repercussão negativa para a imagem da vítima, que foi exposta ao ridículo. A entrevistada relatou, inclusive, que tem sido alvo de comentários maldosos e piadas nas ruas da cidade.

"Essa é uma causa importante, que bem simboliza a forma discriminatória e humilhante com que as pessoas com transtorno psíquico ainda são tratadas em nosso país", ressaltou Alline Matos Pires.

Recentemente a Defensoria Pública local, por meio do defensor Fábio Carvalho, propôs Ação Civil contra o jornalista, a TV Difusora e a Google do Brasil, visando reparação por danos morais e a imediata retirada de circulação do vídeo.

O titular do blog entende que a atividade do jornalista se distingue das demais profissões precisamente pela responsabilidade social que norteia a produção de conteúdos noticiosos.

O que ocorre, muitas vezes, é uma necessidade do jornalista de levar ao público algo "pitoresco", "inusitado", de modo a causar "espanto" e, ao mesmo tempo, dependendo da matéria, diversão ou reflexão ao leitor/espectador.

O problema é que a linha imaginária que delimita as fronteiras entre o humor e a notícia é bastante tênue, exigindo, portanto, dos jornalistas muito cuidado tanto na escolha dos personagens quanto na forma como ele é abordado.

De maneira alguma, se pode concordar com o ato praticado pelo profissional acima mencionado. Que isso sirva de exemplo para os demais programas jornalísticos, que mesclam o humor em suas produções, para se levar em consideração, antes de qualquer coisa, a responsabilidade social, o interesse público e o respeito à vida e à imagem das pessoas.

Com informações do Ministério Público do Maranhão

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Um comentário:

  1. O vídeo nunca saiu do ar. Os responsáveis nunca o retiraram. Você poderia nos dar endereços do Ministério Público da cidade com respectivo promotor (a), endereço físico, email, telefones, contatos que possamos fazer para articular os DH dessa pessoa, saber como está seu tratamento no CAPS ou outro serviço psiquiátrico da cidade. Endereço do CAPS, direção. Faria-nos um imenso favor somando conosco na luta contra o preconceito e discriminação às pessoas que vivem com transtornos mentais. Att. Edileuza Lima

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