sábado, 8 de janeiro de 2011

"Filhos da Precisão": O Alto Preço do Ensino Superior "Gratuito"



Alguém já se perguntou por que é tão caro estudar numa universidade pública e "gratuita"? Os altos preços já são cobrados logo na inscrição para quem quer ter acesso ao ensino superior e para aqueles que querem se qualificar ainda mais.

Quem aspira a uma vaga nas universidades públicas brasileiras deve ter em mente que irá desembolsar grandes somas em dinheiro durante o tempo de estudos. A começar pelas abusivas taxas de inscrição. E não venham falar os críticos que existe a tal famigerada "isenção". Quantos "sortudos" são contemplados com ela?

A realidade da maioria dos candidatos que estão concorrendo a um dos cursos da Universidade Estadual do Maranhão, por exemplo, é que eles têm que desembolsar R$ 75,00 só para entrar na disputa por uma vaga.

Depois que entram, os alunos gastam ainda com as xerox dos inúmeros textos que são cobrados pelos professores, sem contar as despesas diárias com transporte e com alimentação (no caso da UEMA, por enquanto, o almoço ainda é sem ônus imediato para o alunado, mas na Universidade Federal do Maranhão, a refeição matinal custa em torno de R$ 1,50 diários).

A situação piora quando se tenta buscar uma qualificação através da pós-graduação. A UEMA, por exemplo, lançou o edital para o Curso de Especialização em História do Maranhão cobrando dos candidatos além da taxa de inscrição no valor módico de R$ 20,00, as tarifas semestrais na bagatela de R$ 250,00, durante os dezoito meses de duração do curso.

Isto implica dizer que aqueles que adentrarem na pós em comento terão que desembolsar no cômputo geral um total de R$ 770,00, sem contar os gastos com as xerox que, obviamente, tenderão a ser maiores, já que na pós os textos trabalhados em sala de aula geralmente são livros inteiros.

Paralelamente a essa quantia, quem se inscreveu para o Mestrado em Ciências Sociais da UFMA, por exemplo, teve que pagar uma taxa de R$ 150,00. Já para o Mestrado em Políticas Públicas, o valor da inscrição era de R$ 200,00. Porém, nos dois casos, os valores cobrados são únicos. Os alunos não pagarão mais nada, além das xerox, é claro.

No entanto, todas essas despesas durante a graduação e a pós-graduação requerem, no mínimo, que os alunos tenham um forte "pai"trocínio ou que já trabalhem, o que é uma realidade para a maioria dos estudantes maranhenses.

Será que isto explica, em parte, o péssimo rendimento da educação no Maranhão, a segunda pior do Brasil? Afinal de contas, trabalhar e estudar requer uma carga de doação e sacrifício bem maior do que aqueles que apenas estudam, os ditos "estudantes profissionais", em sua maioria filhos da classe média alta, dos empresários e dos políticos beneplácitos com a situação magistral do nosso Estado.

Já os "filhos da precisão" tem de contar com os baixos salários pagos por estas maranhas que, muitas vezes, mal dá para pagar as contas do mês, quiçá sobrar algum trocado para dar cabo de bancar a alimentação familiar, saúde, transporte, vestuário, e ainda investir nessa "cara educação gratuita".

Enfim, prezado leitor, a quimera da "educação para todos" esbarra no funil econômico que a oblitera e que apenas alimenta o abismo educacional que separa quem tem dinheiro de quem não tem.

Hugo Freitas


12 comentários:

  1. Linkado ao meu.
    Abração, vamos intensificar essa rede.

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  2. É meu amigo, desde o tempo em que a 'civilização' desceu por aqui que estudar sempre foi coisa de gente de cabedal, mas ao que tudo indica não há vontade dos setores públicos especialmente aqui neste infeliz Estado para mudar absolutamente nada, basta ver o escândalo( para quem tem vergonha), da farra das bolsas de estudo da FAPEMA, onde foi dado aos cabos eleitorais dos lacaios do clã...
    Deste modo caminhamos para um tragédia a longo prazo...
    P.S.
    Não vou nem fazer referencia aos famigerados PROCAD e PQD, onde esse último foi pago a peso de ouro por quem quis estudar no interior do Estado.

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  3. É verdade, meu amigo.

    Quando se adentra nessas outras questões que você levanta, vêm à tona as vísceras de toda essa pútrida conciliação: educação e corrupção.

    Agradeço a sua participação. Como sempre, bastante enriquecedora com seu olhar crítico e consciente.

    Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  4. Obrigado, Isnande.

    Valeu mesmo pela gentileza de hospedar meu humilde blog em vosso precioso espaço.

    Nossa corrente será ainda mais forte com a união de todos os blogueiros "progressistas".

    Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  5. Normal entender, um país que tem um mar e rios navegáveis vive do asfalto para as multinacionais automobilístico, no Maranhão todo o ensino superior está no mando da família Sarney sendo representada pelos mesmos amigos de sempre, até o gosto da laranja continua azeda.
    Quanto a universidade pública vale a vontade dos alunos e a dedicação dos professores, dos governos algo quando cobrados.
    Para que educar, povo estudado é povo sabido, e, povo sabido é liberto.

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  6. "Para que educar, povo estudado é povo sabido, e, povo sabido é liberto".
    Faço eco de suas palavras, Felipe.
    Realmente, a quem interessa um povo educado? Para disfarce da democracia republicana brasileira, garante-se as condições "legais" de acesso à educação "para todos", mas não as de sua penosa permanência.

    Grato por sua valiosa participação.

    Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  7. Hugo, bom dia.
    Quero apenas lhe parabenizar pela postagem. Elegantíssima.
    Hugo meu querido. Por que, que a mim, a Indentificação do seu blogue, aparece apenas ( ...) três pontinhos ? Nada demais. Apenas curiosidade.
    Abraços querido.

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  8. Olá, José.

    Primeiro, agradeço pelo comentário elogioso. Isto apenas me dá cada vez mais a certeza de que estou no caminho certo e com as pessoas certas, nesta rede de blogueiros sensíveis à realidade humana.

    Quanto aos "três pontinhos", se devem ao fato de eu ter feito uma "imagem" para pôr no início do blog, substituindo o título, que, por ser obrigatório, e para não ficar repetitivo nem constar por cima da imagem, coloquei os famigerados "pontinhos".

    Este é um probleminha que encontrei em outros blogs. A solução é a seguinte: entre no seu blog (login), click em "design", vá para sua "blogosfera" e click em "editar". Encontre o link do meu blog e click em "renomear".

    Mais uma vez, grato pela participação.

    Abraços fraternos.

    Hugo Freitas

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  9. Esta é a mais pura realidade. Mas até quando vai ser assim?

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  10. P.S.
    Sobre os pontinhos:
    Na parte de editar layout e configurar o cabeçalho coloquei o título do blog normal, e selecionei o ícone: Inserir a descrição depois da imagem; Mas, coloquei o nome do blog normal, e ao se clicar em qualquer parte da imagem já direciona para a página inicial do blog assim como aparece apenas a fotografia previamente editada...

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  11. Infelizmente a maior parcela da nossa sociedade é alheia e até de certa forma indiferente a tais situações ( somos adestrados, corrompidos e negligenciados de tal forma que acabamos deixando essas reflexões em segundo plano - na maioria dos casos nem isso)! Viva a insatisfação, a denuncia, ...............parabéns pelo blog, pelas análises e denuncias !!! Sempre estarei por aqui dando uma visitada !! acabei de ler uma matéria sobre aprovação de um projeto de lei municipal em juazeiro do norte no Ceará que retira direitos, reduz salários, aumenta carga horária e corta benefícios dos professores !! isso reafirma meu comentário !! Sociedade instruída, consciente, reflexiva,.... faz-se com educação de qualidade !! eles querem isso ?? http://www.miseria.com.br/index.php?page=noticia&cod_not=101543&fb_comment_id=fbc_182118525283155_512129_182125551949119#f3c9f0d4a8835a2 esse é o link pra quem quiser dar uma analisada!!

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  12. "Somos adestrados, corrompidos e negligenciados de tal forma que acabamos deixando essas reflexões em segundo plano".
    Concordo plenamente, caro "anônimo". Com o tipo de educação que recebemos ou que programados a aceitar, o pensamento crítico e a reflexão sempre incomodam. Daí o porquê desse instrumento intelectual ser cada vez menos abrangente e estimulado, obstacularizado principalmente pela questão financeira, que promove a reprodução da dominação de quem tem dinheiro sobre quem não tem.
    Grato pela participação.

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Grato pela participação.