Por
Hugo Freitas
O
debate na TV Guará, realizado na noite desta segunda-feira (18), foi a primeira
e única oportunidade de conhecermos todos os postulantes ao Governo do Maranhão
discutindo entre si os problemas do Estado numa emissora local de TV aberta, já
que nenhuma das outras emissoras fará o mesmo.
Em
termos gerais, o debate foi muito fraco e aquém do esperado, já que os
candidatos demonstraram pouco conhecimento e propostas de solução para os graves problemas que afetam
a população do Maranhão, excetuando-se Luís Antonio Pedrosa (PSOL), que foi
DISPARADO o melhor debatedor.
Com
postura serena, firme, coerente e demonstrando conhecimento sobre as questões mais
urgentes do Estado, o advogado Antonio Pedrosa mostrou-se o mais confortável
dos candidatos ao expor seus argumentos e, o melhor, propondo soluções viáveis
para os problemas levantados, apontando "como" e "onde" aplicar os recursos
públicos, esquivando-se assim da crítica fácil que engessa e polariza o debate entre "sarney x antissarney" e colocando-se, definitivamente, como "a terceira via" no Maranhão.
Foi Pedrosa também o autor da frase que mais repercutiu em todo o debate: "Um governo honesto deve selecionar seus quadros. Não há espaço para qualquer um, muito menos para CORRUPTOS" (confira os detalhes aqui). Arrisco a dizer que se Pedrosa tivesse a mesma estrutura financeira e midiática de Flávio e Edinho, ele ainda iria dar muito trabalho para os dois.
Outro
candidato que se saiu bem no debate foi Saulo Arcangeli (PSTU). Apesar de ter
gasto boa parte de seu tempo criticando a "oligarquia", quando se
propôs a debater as questões-chave o fez a contento, com razoável conhecimento
dos temas e com boa verbalização, equiparando-se ao próximo candidato a ser
analisado.
Flávio
Dino (PCdoB) deixou muito a desejar. O líder das pesquisas de intenções de voto
se eximiu, por exemplo, de debater o gargalo da Educação ao ser confrontado com
as greves dos professores que ocorrem em São Luís e Imperatriz, as duas maiores
cidades do Maranhão, cujos prefeitos são seus aliados.
Além
disso, Dino ficou muito nas nuvens da superficialidade do discurso sem encarar
os problemas que afetam a população maranhense. Demonstrou conhecimento sobre
os mesmos ao falar, por exemplo, do IDH no Estado, mas não soube apresentar
propostas de governo que pudessem, de fato, combatê-los de frente.
Para piorar, Flávio apresentou uma sensível irritação quando questionado sobre suas polêmicas
alianças com as velhas raposas da política maranhense, quase todos dissidentes da
"oligarquia Sarney", responsáveis também pelos péssimos indicadores
sociais que aí estão e que Dino diz tanto combater.
Por sua
vez, Lobão Filho (PMDB) ainda tem que se
preparar mais para enfrentar um debate sério e propositivo. Contrariamente à
sabatina na mesma emissora, onde se saiu razoavelmente bem, Edinho repetiu o
mesmo enfadonho, vazio e megalomaníaco discurso do "Maranhão
empreendedor", assemelhando-se em muitos aspectos à Roseana Sarney e suas
"obras faraônicas" que nunca saem do papel.
Apesar de ter assumido
desde o início e sem nenhuma cerimônia que tem "orgulho" do apoio
recebido pelo grupo da governadora, coisa que Flávio só fez no final em relação aos seus pares, Edinho
disse que era a "Renovação" nestas eleições e, por isso, por vezes,
criticou Roseana e seu governo.
No
mais, Lobão Filho ainda se perde muito ao afirmar coisas anacrônicas do tipo:
"Sou empreendedor. Não sou comunista", num claro sinal de que deve
voltar a estudar a História para conhecer as estratégias ideológicas
utilizadas como armas de combate durante o período da chamada "Guerra
Fria", sob o risco de continuar sendo ridicularizado por querer atualizar,
em pleno século XXI, um debate que não cabe mais desde a desagregação da União
Soviética (URSS), em 1991.
Já Zé
Luís Lago e Josivaldo Correa tiveram desempenhos tão pífios que chegou a ser
cômica sua participação no debate. Enquanto o primeiro se agarrava à imagem do
falecido ex-governador Jackson Lago, como se quisesse ressuscitá-lo, Josivaldo,
que é professor [dizem que de Geografia], não conseguia falar nada que não
pudesse ser traduzido com muito esforço dos telespectadores. Zero em dicção e em conteúdo tanto para Lago quanto para o professor.
E,
finalmente, não poderia deixar de mencionar a participação do mediador Américo
Azevedo Neto, que só faltou explodir os altos-falantes da TV da minha casa ao
gritar: "TEMPO ESGOTADO, CANDIDATO"!!!
Se o
debate, em alguns momentos, despertou o sono de muitos, Américo foi o
responsável por manter todo mundo acordado até o fim. :)
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