Robin Williams (*1951 +2014)
Por Hugo Freitas
Ontem (11) fui dormir com a triste
notícia de que o ator Robin Williams, de 63 anos, tinha sido
encontrado morto em sua casa na Califórnia (EUA). A suspeita da
polícia é a de que o ator tenha cometido suicídio por asfixia.
No mês passado, Williams havia voltado
à clínica de reabilitação para tratar do vício em álcool. Ele vinha lutando
contra uma depressão profunda nos últimos tempos.
Nascido em Chicago, no dia 21 de julho
de 1951, Robin McLaurim Williams ficou famoso por interpretar o alienígena Mork
na série de televisão 'Mork & Mindy' (1978). Depois de fazer sucesso com
espetáculos de stand-up comedy, o ator ganhou papéis de destaque em diversos
filmes dos anos 80 e construiu uma notável carreira no cinema.
Foi por sua atuação em 'Gênio
Indomável' (1997) que Robin Williams ganhou o seu único Oscar, de melhor ator
coadjuvante. Além do Oscar, Williams foi premiado com dois Emmy, seis Globos de
Ouro, dois prêmios do Screen Actors Guild e seis Grammys por trabalhos de sucesso
em filmes como 'Popeye' (1980), 'Uma Babá Quase Perfeita' (1993), 'A
Gaiola das Loucas' (1996), 'Bom Dia, Vietnã' (1987), 'Sociedade dos Poetas
Mortos' (1989), 'Tempo de Despertar' (1990) e 'O Pescador de Ilusões' (1991).
"Sociedade dos Poetas Mortos" (1989)
De longe, para mim, o filme "Sociedade
dos Poetas Mortos" foi o melhor trabalho de Williams no cinema, onde ele
deu vida a um professor de Literatura que tenta fugir do rígido modelo de
ensino de uma tradicional escola inglesa, fomentando nos alunos o despertar de
uma postura crítica e imaginativa diante do mundo social e das coisas da vida, para muito além do acúmulo de "conhecimento memorizado" cobrado em "avaliações desumanizadas", que privilegiam o conteúdo em detrimento do desenvolvimento humano que ele pode gerar.
Para mim, que também sou professor,
nada mais "chocante" do que ver um docente em cima de uma mesa,
recitando versos de Shakespeare, e estimulando os alunos a fazerem o mesmo como
forma de relativizar o "sentido da vida", que é esculpido em nossas
cabeças conforme a posição com que a enxergamos e da altura que a concebemos,
numa perspectiva similar à do poeta lusitano Fernando Pessoa, que escreveu:
"não sou da altura que me veem, mas sim da altura que meus olhos podem
ver".
Outro aspecto "chocante" de "Sociedade dos Poetas Mortos" é a cena em que o professor vivido por Williams ordena aos
alunos que arranquem a página de um livro onde consta a "definição
geométrica" do que seria poesia, dada por um PHd em Literatura de Harvard,
em que o "valor" de um poema seria mensurado não pela beleza e profundidade dos
versos, mas por sua construção formal/simétrica.
Sem dúvida, uma das cenas mais
"fortes" do cinema contemporâneo do ponto de vista filosófico, já que
o próprio ato de se rasgar um livro é bastante polêmico, tendo em
vista o fato de vivermos num mundo que dissemina e valoriza a cultura livresca
cada vez mais como algo quase "sagrado". É como se o filme
quisesse nos dizer: "Há livros para serem lidos, e outros para serem rasgados".
Robin Williams deixa esposa e quatro
filhos.
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