Suportes de soro são usados para segurar cilindros de oxigênio no Socorrão I
Por Hugo Freitas
Um número estarrecedor mostra a
deficiência e precariedade do sistema público de Saúde municipal durante o primeiro ano de mandato do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC).
Dados do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES) – base dos Sistemas de Informações em Saúde –
revelam que 1.714 pacientes morreram em unidades de Saúde da Prefeitura de São
Luís, entre janeiro e novembro de 2013.
Pelos números do CNES morreram, em
média, cinco pacientes por dia nas unidades municipais apenas no ano passado,
resultando em uma média mensal de 156 óbitos.
Apenas nos hospitais de urgência e
emergência da capital - Djalma Marques (Socorrão I) e Clementino Moura
(Socorrão II) - morreram 1.637 pacientes, sendo 922 no primeiro e 715 no
segundo. O Socorrão I teve uma média mensal de 84 mortos, enquanto que o
Socorrão II registrou média de 65 óbitos entre janeiro e novembro de 2013.
Os números do CNES também mostram a ingerência dos gestores da Prefeitura na rede de saúde infantil. O Hospital da
Criança Dr. Odorico Amaral de Matos é a terceira unidade municipal de saúde em
número de óbitos. Entre janeiro e dezembro do ano passado, 31 pacientes
morreram no Hospital da Criança.
Na quarta posição, segundo o CNES, aparece a Unidade
Mista do Bequimão com 23 óbitos, seguida pela Unidade Mista do Itaqui Bacanga, que registrou 15
mortos.
Os números do Cadastro Nacional são
reveladores do tamanho da irresponsabilidade com que vem sendo gerida a Saúde
pública na capital, onde enfermos se tornam vítimas da precarização das
instalações, da falta de médicos e medicamentos, da má qualificação dos
trabalhadores (contratados por uma empresa privada, quando o correto, pela
legislação, era a realização de concurso público), das longas demoras nos
atendimentos de emergência e procedimentos cirúrgicos, da corrupção e das
disputas político-partidárias.
Para piorar o estado de calamidade em
que se encontra a Saúde, não existe nenhuma Unidade de Tratamento de Queimados na
capital. Mesmo assim, a Prefeitura de São Luís continua recebendo verbas federais do Ministério da Saúde para esse
fim.
Caso houvesse tal Unidade especializada, as chances de sobrevivência da criança Ana Clara, de apenas 6 anos, vítima dos ataques incendiários do último dia 3, teriam sido maiores.
Por tudo isso, a Saúde pública de São
Luís está agonizando na UTI. Um verdadeiro pedido de socorro ecoa das gargantas
dos inúmeros pacientes que se amontoam nos corredores dos socorrões.
Mas parece que os órgãos de defesa dos direitos humanos, a classe política, a imprensa e a população
ludovicense como um todo não estão preocupados com isso.
Suas atenções estão voltadas, cegamente,
ao noticiário político/paulista sobre a situação "degradante" dos presidiários de Pedrinhas, onde estão os líderes das facções criminosas que ordenaram os ataques a ônibus na capital, ceifando a vida inocente de Ana Clara.
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