Entrevista de Flávio Dino ao portal UOL demarcou uma "mudança": no olhar da mídia nacional sobre o comunista
Por Hugo Freitas
Com muito "espanto", li hoje
a entrevista do pré-candidato ao Governo do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB),
concedida ao portal UOL Notícias e veiculada pelo partido comunista em seu site
oficial, o Portal Vermelho.
Tal "espanto" se deu por duas
observações cruciais: primeiro, a de que o título do texto do portal paulista
não condiz com seu conteúdo. Eu passaria batido se me detivesse apenas no
título, simploriamente assim expresso: "Flávio Dino diz que chegou o momento
da mudança".
Então, pensei: Flávio concedeu uma
entrevista ao portal UOL apenas para repisar o discurso bate-estaca da
mudança? Praticamente, todos os textos veiculados pelo grupo midiático dinista
versam ou tergiversam sobre a tal musa "mudança".
A aparente "falta de
criatividade" atende bem, no entanto, a um propósito estratégico e
específico: o de veicular, repetidas vezes, e quantas vezes mais, o mesmo
enfadonho vocábulo "mudança", que, por si só, nada significa, em se
tratando de uma disputa eleitoral onde há muito mais repetição do que inovação
das carcomidas, porém eleitoralmente "rentáveis", práticas politiqueiras que vigem em nosso Estado.
O outro ângulo que me despertou a
atenção foi contemplar, ao fim do texto do UOL, que não se tratava de mais um libelo
enaltecedor do "prodigioso" Flávio Dino, como acontece em quase todas
as entrevistas concedidas pelo comunista aos veículos midiáticos locais e
nacionais.
Pelo contrário, trata-se de uma matéria
que chama a atenção do público para as contradições de Flávio em sua busca pela
conquista do poder no Maranhão, versando desde o cargo que ocupa, a presidência
da Embratur (prestes a deixá-lo), órgão subordinado ao ministro do Turismo,
Gastão Vieira (PMDB), membro do grupo adversário frontalmente combatido pelo
comunista: a "oligarquia Sarney"; passando pelo "namoro"
antes do "casamento" com partidos que fazem oposição ao PT da presidente
Dilma (aliado histórico de Flávio) na esfera federal, como PSDB e PSB, e chegando ao ponto da gestão de Dino
à frente da Embratur, que não conseguiu reduzir preços de passagens aéreas e locações
de quartos de hotéis, com forte tendência de aumento por ser o ano da Copa no
Brasil. Dino culpa a FIFA por tal "descalabro".
Tudo isso passou pelo crivo do PCdoB (que não deixa nada de "negativo" sobre a imagem de seu candidato sem "resposta"),
mas não sem um título que direcionasse o olhar do público para outras veredas,
que não as críticas apontadas pelo UOL ao Flávio Dino.
Assim, visando alcançar maior
"fidelidade" entre título e matéria, nada melhor do que chamar a
atenção do leitor para o referido texto destacando a frase de abertura do
mesmo: "Flávio Dino tornou-se a personificação do paradoxo".
Confira a íntegra do texto do portal
UOL Notícias veiculado no site oficial do PCdoB:
Flávio Dino diz que chegou o momento da
mudança
O presidente da Embratur, Flávio Dino,
tornou-se a personificação do paradoxo. Adversário político da família Sarney,
Dino está subordinado ao ministro Gastão Vieira (Turismo), um apadrinhado do
patriarca José Sarney. Na semana que vem, trocará o cargo que ocupa no governo
de Dilma Rousseff por um projeto que tem como potenciais parceiros Aécio Neves
e Eduardo Campos, os dois principais antagonistas da presidente.
Filiado ao PCdoB, uma logomarca que vem
sempre enganchada ao PT, Dino se equipa para disputar o governo do Maranhão sem
o apoio de Lula, Dilma e do petismo federal. Em entrevista, ele definiu
como “um bom namoro” o esforço que realiza para atrair o PSDB e o PSB para sua
coligação. Se a coisa evoluir para o “casamento”, como espera, Dino vai
franquear seu palanque estadual a Aécio e Campos, os rivais de Dilma. “Serei um
bom anfitrião de ambos”, declara.
O repórter perguntou a Dino por que
Lula e Dilma preferem apoiar o candidato a ser indicado pelos Sarney a optar
pelo nome do PCdoB. E ele: “…Não consigo crer que o presidente Lula ou a
presidenta Dilma, com o conhecimento que têm da realidade do Estado, ignorem que
esse regime político que lá está deve ser superado. Tenho certeza que os dois
acham isso. Agora, qual vai ser a atitude concreta durante a campanha realmente
eu não sei.”
Dino diz não ter desistido de
incorporar o PT à sua caravana. Ele idealiza para o Maranhão algo que sucedeu
no Acre em 1998. “Quando foi para derrotar o crime organizado, representado na
ocasião pelo Hildebrando Pascoal e as forças políticas que ali se aglutinavam,
houve uma aliança PT-PSDB, que levou à eleição do hoje senador Jorge Viana
(PT).”
Não é um exagero comparar Roseana
Sarney e o pai dela a Hildebrando Pascoal, o ex-deputado federal que se
notabilizou por passar suas vítimas nas armas e na motosserra? Não, Dino não
considera exagerada a comparação. “São modelos que concentram poder na mão de
poucos e exercem esse poder às vezes com métodos que são ilegais. Esse é o
sentido da comparação”, diz ele.
Dino prosseguiu: “Infelizmente, o
Estado democrático de direito ou os valores da República não chegaram
totalmente aos corredores do poder no Maranhão. Então, práticas ilegais são
muito rotineiras lá. É esse o sentido da comparação. Há um pequeno grupo que
concentra poder e riqueza e que mantém esse poder ilegalmente. Por isso é
preciso uma ampla união de forças que tenham aptidão, vontade e coragem para
enfrentar esse sistema de poder.”
Bem posto nas sondagens eleitorais,
Dino se refere ao PT com uma ponta de ironia: “Assim como na Bíblia está registrado
que ninguém serve a dois senhores, é preciso que o PT, afinal, trilhe o seu
caminho [no Maranhão]. Enquanto isso, nós estamos buscando as composições com
as forças locais que possam nos ajudar.”
O que ocorreria na cena federal se o PT
do Maranhão rompesse com a família Sarney? “Tudo poderia acontecer, inclusive
nada”, afirma Dino. “Acho que, mais provavelmente, nada.” O repórter insistiu:
o senador Sarney não soltaria marimbondos de fogo? “Certamente não”. Para Dino,
Sarney tem tantos interesses a defender no poder federal que “valorizaria esses
interesses acima do mal-estar” maranhense.
Dino deixará a Embratur sem conseguir
devolver para patamares razoáveis os preços a serem cobrados pelos hotéis
brasileiros durante a Copa do Mundo. Desde o ano passado, a pasta do Turismo
estima que os preços das diárias hoteleiras sofrerão variações de até 580%.
“Creio que nós conseguimos evitar uma expansão ainda maior nos preços”, diz o
ainda presidente da Embratur. Ele avalia que a situação “pelo menos não piorou”.
Dino culpa a Fifa pelo descalabro. “Foi o modelo de negócios adotado pela
Fifa e pela Match [agência operadora da Fifa] que levou a uma escassez de
apartamentos disponíveis no mercado. A Match se antecipou, fez contratos a
preços muito altos com as redes hoteleiras. Contratou os apartamentos por 70%
da tarifa-balcão, que nós sabemos que é uma tarifa irreal, que não é praticada.
Sobre essa tarifa, a Match colocou a sua taxa de intermeidação. Em alguns casos
superior 40% sobre o valor do aopartamernto. Eles balizaram o preço para cima.”
Fonte: UOL Notícias
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