sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

FLÁVIO DINO: "A PERSONIFICAÇÃO DO PARADOXO"

Entrevista de Flávio Dino ao portal UOL demarcou uma "mudança": no olhar da mídia nacional sobre o comunista

Por Hugo Freitas

Com muito "espanto", li hoje a entrevista do pré-candidato ao Governo do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), concedida ao portal UOL Notícias e veiculada pelo partido comunista em seu site oficial, o Portal Vermelho.

Tal "espanto" se deu por duas observações cruciais: primeiro, a de que o título do texto do portal paulista não condiz com seu conteúdo. Eu passaria batido se me detivesse apenas no título, simploriamente assim expresso: "Flávio Dino diz que chegou o momento da mudança".

Então, pensei: Flávio concedeu uma entrevista ao portal UOL apenas para repisar o discurso bate-estaca da mudança? Praticamente, todos os textos veiculados pelo grupo midiático dinista versam ou tergiversam sobre a tal musa "mudança".

A aparente "falta de criatividade" atende bem, no entanto, a um propósito estratégico e específico: o de veicular, repetidas vezes, e quantas vezes mais, o mesmo enfadonho vocábulo "mudança", que, por si só, nada significa, em se tratando de uma disputa eleitoral onde há muito mais repetição do que inovação das carcomidas, porém eleitoralmente "rentáveis", práticas politiqueiras que vigem em nosso Estado.

O outro ângulo que me despertou a atenção foi contemplar, ao fim do texto do UOL, que não se tratava de mais um libelo enaltecedor do "prodigioso" Flávio Dino, como acontece em quase todas as entrevistas concedidas pelo comunista aos veículos midiáticos locais e nacionais.

Pelo contrário, trata-se de uma matéria que chama a atenção do público para as contradições de Flávio em sua busca pela conquista do poder no Maranhão, versando desde o cargo que ocupa, a presidência da Embratur (prestes a deixá-lo), órgão subordinado ao ministro do Turismo, Gastão Vieira (PMDB), membro do grupo adversário frontalmente combatido pelo comunista: a "oligarquia Sarney"; passando pelo "namoro" antes do "casamento" com partidos que fazem oposição ao PT da presidente Dilma (aliado histórico de Flávio) na esfera federal, como PSDB e PSB, e chegando ao ponto da gestão de Dino à frente da Embratur, que não conseguiu reduzir preços de passagens aéreas e locações de quartos de hotéis, com forte tendência de aumento por ser o ano da Copa no Brasil. Dino culpa a FIFA por tal "descalabro".

Tudo isso passou pelo crivo do PCdoB (que não deixa nada de "negativo" sobre a imagem de seu candidato sem "resposta"), mas não sem um título que direcionasse o olhar do público para outras veredas, que não as críticas apontadas pelo UOL ao Flávio Dino.

Assim, visando alcançar maior "fidelidade" entre título e matéria, nada melhor do que chamar a atenção do leitor para o referido texto destacando a frase de abertura do mesmo: "Flávio Dino tornou-se a personificação do paradoxo".

Confira a íntegra do texto do portal UOL Notícias veiculado no site oficial do PCdoB:

Flávio Dino diz que chegou o momento da mudança

O presidente da Embratur, Flávio Dino, tornou-se a personificação do paradoxo. Adversário político da família Sarney, Dino está subordinado ao ministro Gastão Vieira (Turismo), um apadrinhado do patriarca José Sarney. Na semana que vem, trocará o cargo que ocupa no governo de Dilma Rousseff por um projeto que tem como potenciais parceiros Aécio Neves e Eduardo Campos, os dois principais antagonistas da presidente.

Filiado ao PCdoB, uma logomarca que vem sempre enganchada ao PT, Dino se equipa para disputar o governo do Maranhão sem o apoio de Lula, Dilma e do petismo federal. Em entrevista, ele definiu como “um bom namoro” o esforço que realiza para atrair o PSDB e o PSB para sua coligação. Se a coisa evoluir para o “casamento”, como espera, Dino vai franquear seu palanque estadual a Aécio e Campos, os rivais de Dilma. “Serei um bom anfitrião de ambos”, declara.

O repórter perguntou a Dino por que Lula e Dilma preferem apoiar o candidato a ser indicado pelos Sarney a optar pelo nome do PCdoB. E ele: “…Não consigo crer que o presidente Lula ou a presidenta Dilma, com o conhecimento que têm da realidade do Estado, ignorem que esse regime político que lá está deve ser superado. Tenho certeza que os dois acham isso. Agora, qual vai ser a atitude concreta durante a campanha realmente eu não sei.”

Dino diz não ter desistido de incorporar o PT à sua caravana. Ele idealiza para o Maranhão algo que sucedeu no Acre em 1998. “Quando foi para derrotar o crime organizado, representado na ocasião pelo Hildebrando Pascoal e as forças políticas que ali se aglutinavam, houve uma aliança PT-PSDB, que levou à eleição do hoje senador Jorge Viana (PT).”

Não é um exagero comparar Roseana Sarney e o pai dela a Hildebrando Pascoal, o ex-deputado federal que se notabilizou por passar suas vítimas nas armas e na motosserra? Não, Dino não considera exagerada a comparação. “São modelos que concentram poder na mão de poucos e exercem esse poder às vezes com métodos que são ilegais. Esse é o sentido da comparação”, diz ele.

Dino prosseguiu: “Infelizmente, o Estado democrático de direito ou os valores da República não chegaram totalmente aos corredores do poder no Maranhão. Então, práticas ilegais são muito rotineiras lá. É esse o sentido da comparação. Há um pequeno grupo que concentra poder e riqueza e que mantém esse poder ilegalmente. Por isso é preciso uma ampla união de forças que tenham aptidão, vontade e coragem para enfrentar esse sistema de poder.”

Bem posto nas sondagens eleitorais, Dino se refere ao PT com uma ponta de ironia: “Assim como na Bíblia está registrado que ninguém serve a dois senhores, é preciso que o PT, afinal, trilhe o seu caminho [no Maranhão]. Enquanto isso, nós estamos buscando as composições com as forças locais que possam nos ajudar.”

O que ocorreria na cena federal se o PT do Maranhão rompesse com a família Sarney? “Tudo poderia acontecer, inclusive nada”, afirma Dino. “Acho que, mais provavelmente, nada.” O repórter insistiu: o senador Sarney não soltaria marimbondos de fogo? “Certamente não”. Para Dino, Sarney tem tantos interesses a defender no poder federal que “valorizaria esses interesses acima do mal-estar” maranhense.

Dino deixará a Embratur sem conseguir devolver para patamares razoáveis os preços a serem cobrados pelos hotéis brasileiros durante a Copa do Mundo. Desde o ano passado, a pasta do Turismo estima que os preços das diárias hoteleiras sofrerão variações de até 580%. “Creio que nós conseguimos evitar uma expansão ainda maior nos preços”, diz o ainda presidente da Embratur. Ele avalia que a situação “pelo menos não piorou”.

Dino culpa a Fifa pelo descalabro. “Foi o modelo de negócios adotado pela Fifa e pela Match [agência operadora da Fifa] que levou a uma escassez de apartamentos disponíveis no mercado. A Match se antecipou, fez contratos a preços muito altos com as redes hoteleiras. Contratou os apartamentos por 70% da tarifa-balcão, que nós sabemos que é uma tarifa irreal, que não é praticada. Sobre essa tarifa, a Match colocou a sua taxa de intermeidação. Em alguns casos superior 40% sobre o valor do aopartamernto. Eles balizaram o preço para cima.”

Fonte: UOL Notícias

Acompanhe o Blog do Hugo Freitas pelo Twitter e Facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato pela participação.