Presidente do TJ/MA afirma que problemas no sistema carcerário independem do Poder Judiciário
Por Hugo Freitas
A presidente do Tribunal de Justiça do
Maranhão (TJ/MA), desembargadora Cleonice Freire, respondeu às críticas da
governadora Roseana Sarney (PMDB) que, em polêmica entrevista, atribuiu à
morosidade do Poder Judiciário uma das causas para a superlotação do sistema
carcerário regional e, por conseguinte, da crise instaurada na segurança pública no Maranhão.
Por meio de Nota, Cleonice afirmou,
taxativamente, que "não compete ao Poder Judiciário a responsabilidade na solução dos problemas
carcerários, com relação à estruturação física destinada aos detentos".
Além disso, a desembargadora discordou
prontamente da governadora e disse que a origem dos problemas no sistema
carcerário envolve fatores externos, tais como "falta de espaço físico para o encarceramento,
número insuficiente de defensores públicos, ineficiência dos inquéritos
policiais, entraves na instrução processual e outros, que independem do
Judiciário e devem ser considerados na busca de soluções definitivas para essa
crise”.
Leia a polêmica entrevista concedida pela governadora Roseana Sarney, que levou o Judiciário maranhense a se manifestar em posição contrária, clicando aqui.
Acompanhe a íntegra da Nota assinada
pela presidente do TJ/MA:
O Tribunal de Justiça do Maranhão, em
face dos últimos acontecimentos registrados no sistema penitenciário do Estado,
que ensejaram momentos de crise na segurança pública, com lamentáveis perdas
humanas, esclarece o seguinte:
1. As causas mais determinantes para o
agravamento da questão carcerária decorrem de fatos independentes do Poder
Judiciário;
2. O déficit de vagas no sistema
penitenciário no ano de 2013, em torno de 3.000, conforme dados fornecidos
pelas secretarias de Segurança Pública e Administração Penitenciária, demonstra
aumento significativo comparado ao registrado em 2011, de 2.400 vagas;
3. Em decorrência da falta de vagas, há
um número excessivo de presos – provisórios ou não – em delegacias;
4. A relação do número de presos por
100 mil habitantes no Estado é de 86.75, segundo dados do mutirão carcerário de
2011, bem abaixo de estados com menor população e extensão territorial, onde
não tem sido identificado descontrole na gestão carcerária;
5. Até o primeiro semestre do ano
passado, o Maranhão encontrava-se dentro da média nacional, em relação ao
número de presos provisórios, não sendo este o fator determinante para o
agravamento da situação no sistema carcerário;
6. Contribuem para o aumento do número
de presos provisórios entraves decorrentes de adiamentos de audiências de
instrução e julgamento pela não apresentação de acusados; a falta de defensores
públicos, notadamente no interior; e, ainda, a dificuldade de nomeação de
defensores dativos;
7. O Poder Judiciário maranhense vem
desenvolvendo programas e ações com vistas ao saneamento da execução penal,
promovendo a redução do número de presos provisórios e garantindo os direitos
dos condenados e egressos;
8. Por fim, ressalta-se que a
responsabilidade na solução dos problemas carcerários, com relação à
estruturação física destinada aos detentos, não compete ao Poder Judiciário.
Desembargadora
Cleonice Silva Freire
Presidente
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