Por Hugo Freitas
A greve dos rodoviários de São Luís
está se transformando num verdadeiro "picadeiro", onde o palhaço
somos eu e você, prezado leitor e usuário do sistema de transporte coletivo da
capital! E tudo graças à intransigência e oportunismo dos empresários que monopolizam
o setor há décadas.
Como se viu durante toda esta
segunda-feira (02), empresários e rodoviários não cumpriram a determinação
do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MA) que obriga o Sindicato das Empresas
de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) a garantir a circulação de pelo
menos 70% da frota.
Com o descumprimento, a cidade foi
penalizada pelo sétimo dia consecutivo sem nenhum ônibus nas ruas. Todos
trancafiados nas garagens.
Pela decisão judicial, a partir de
agora será aplicada multa diária no valor de R$ 100 mil ao Sindicato das
Empresas de Transportes (SET). Além disso, a entidade fica
obrigatoriamente responsável pela contratação de motoristas, cobradores e
fiscais, em regime temporário, para o suprimento do serviço.
A desembargadora Solange Cristina
Passos de Castro Cordeiro, autora da decisão, também ordenou a realização de
perícia contábil, um estudo do contrato de concessão do sistema de transporte
público, diante das alegações dos empresários de inviabilidade financeira para
a retomada dos serviços.
Mas eis que surge o absurdo do dia! O
sindicato patronal exigiu, como condicionante para o fim da greve, além do
aumento da passagem de ônibus, um repasse da Prefeitura de São Luís no valor de
R$ 4 milhões para custeio das despesas com a execução dos serviços.
Isso mesmo, prezado usuário! Os
empresários exigem que a Prefeitura assuma as despesas do setor de transportes
para garantirem seus lucros privados. Parece piada (de mau gosto, por sinal),
mas não é!
Ao invés de decretarem falência,
abrirem mão dos contratos de exploração dos serviços de transportes e
devolverem suas concessões para a abertura de novas licitações e concorrências
para outras empresas, a classe patronal do setor simplesmente deseja que um
representante público (a Prefeitura) custeie um serviço público com dinheiro
público para arcar com as despesas privadas de empresas privadas que visam
garantir apenas seus lucros privados.
Outro ponto que chama a atenção é que
os empresários exigem tais absurdos para por fim a uma greve que é dos rodoviários.
Ou seja, os patrões impõem condições para por fim a uma greve que é dos
trabalhadores. É como se o SET, sindicato dos empresários, tivesse poderes para
falar em nome do sindicato dos rodoviários (STTREMA).
Em face disso, parece se tornar cada
vez mais nítida a tese de que a greve dos rodoviários não acontece sem a
anuência dos empresários. E pior! Que são os patrões que parecem assumir as
rédeas de um movimento da classe trabalhista, dando a entender que tudo não
passa de "cartas marcadas"!
Eis a máxima dominante que engendra a relação entre empresários e rodoviários em tempos de greve: "Seu" aumento só virá com o
"meu" aumento ou, pelo menos, com a manutenção dos "meus"
ganhos atuais, sob nenhuma hipótese de redução da "minha" margem de lucros.
Funciona assim: os rodoviários exigem
aumento de salário e os empresários alegam o velho discurso da
"falência" para pressionar a Prefeitura a aumentar o preço das
passagens. Com o reajuste, quem paga o aumento dos salários dos
trabalhadores não são os empresários, mas sim, os usuários do transporte coletivo.
Dessa forma, os patrões mantêm sua
margem de lucro inalterada com o aumento das passagens, que irão custear o
reajuste pleiteado pelos trabalhadores. "E tudo fica como dantes no castelo
de Abrantes"!
Em tempo: O pedido de análise sobre a ilegalidade
da greve do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário no Estado do
Maranhão (Sttrema) foi solicitado pela Prefeitura de São Luís, através da
Procuradoria Geral do Município (PGM), devido aos transtornos causados à
população com a paralisação de toda a frota de coletivos.
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