Segunda Parte da entrevista de Neto Evangelista à coluna "Púlpito Livre"
Por Hugo Freitas
Nesta segunda parte da polêmica entrevista do deputado estadual Neto
Evangelista (PSDB/MA) concedida, com exclusividade, para a coluna de entrevistas do Blog do Hugo
Freitas, denominada de "Púlpito Livre", ele fala sobre as
possibilidades de coligação do PSDB nas eleições presidenciais e nas eleições
para o Governo do Maranhão, sobre as candidaturas de Luís Fernando, Flávio Dino
e demais membros da oposição maranhense.
Além disso, avalia o cenário político nacional, sobre os rumores de
ruptura da aliança entre PT e PMDB, sobre o surgimento da união entre Marina
Silva e Eduardo Campos e sobre a candidatura de Aécio Neves à presidência da
República.
Por fim, Neto Evangelista analisa a irrupção das manifestações no
Brasil, critica os gastos com a Copa do Mundo, o PT de Lula e Dilma, bem como
analisa a derrota eleitoral do ex-prefeito João Castelo para o atual prefeito
de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior, não se esquivando de perguntas sobre o
VLT e a rejeição de Castelo, ao passo que critica o discurso da “mudança” e a
gestão de Edivaldo, calcada “apenas em promessas, sem realizações”.
Se na primeira parte dessa entrevista, você conheceu o homem Neto
Evangelista, seus laços familiares, formação escolar e os motivos que o levaram
a entrar na vida pública (reveja aqui), agora você vai conhecer um pouco mais
sobre o político Neto Evangelista, seus pensamentos e posicionamentos firmes e
decididos, abordados com a mesma candura e segurança com que fala, sem
titubear.
Boa Leitura!!!
"O nosso projeto aqui no Maranhão vai ser aquele que abraçar a candidatura
do PSDB a nível nacional".
Hugo Freitas - Muito se tem discutido sobre as possíveis coligações
majoritárias e proporcionais para as próximas eleições. E o PSDB é um dos
partidos mais cobiçados nessa disputa, tanto pelo governo quanto pela oposição.
Afinal, com quem o PSDB vai se aliar para a disputa do Governo do Maranhão?
Neto Evangelista – Essa é uma discussão que nós já estamos
tratando há quase um ano dentro do PSDB estadual, mas não é uma decisão que vai
passar apenas pelo PSDB estadual. Nós temos uma candidatura à presidência da
República, que é a do senador Aécio Neves (PSDB/MG). Então, a principal
candidatura do partido é a da presidência da República. Então, o lado que
nós vamos estar vai ser aquele que for melhor para o Aécio. Lógico, é a
principal candidatura do partido. Então, a decisão também vai passar pelo
Aécio. Não sentamos ainda com o senador para tratar sobre esse assunto. Devemos
sentar agora nesse mês de março pra abril. Existem bons candidatos postos aqui
no Maranhão. Existem, lógico, as preferências dentro do partido de alguns
colegas por um lado e por outro, isoladamente, mas o meu caminho a ser seguido
vai ser aquele que o partido seguir. Eu sou um homem de partido e acredito no
projeto nacional que o PSDB tem. Portanto, o nosso projeto aqui no Maranhão vai
ser aquele que abraçar a candidatura do PSDB a nível nacional.
"Eu admiro muito o Luís Fernando. Ele tem todas as condições para
ser um ótimo governador para o Maranhão".
HF – Você foi flagrado em fotos participando de um evento no município
de Lago da Pedra, administrado pela prefeita Maura Jorge (DEM), de quem você é
genro, no mesmo palanque do secretário estadual de Infra-estrutura que, na
ocasião, estava inaugurando obras do governo. Seu apoio pessoal nas eleições é
para o Luís Fernando?
NE – Como frisei anteriormente, em conversas com o próprio Luís Fernando
já coloquei isso pra ele. Sou um homem de partido. Então, aonde for definida a
ida do PSDB é aonde o deputado Neto Evangelista estará. Em 2010, eu fui o
deputado mais votado da história do município de Lago da Pedra. Tirei 8.868
votos. Minha sogra, que já foi deputada inclusive, é a atual prefeita. Então,
eu tenho o compromisso com a população de Lago da Pedra. Naquela ocasião,
estava sendo assinada a ordem de serviço de uma obra sobre a qual foi um dos
meus primeiros pronunciamentos na Assembleia Legislativa, que é a MA-245, que
liga Lago da Pedra à Lagoa Grande. Então, eu não poderia me furtar naquele
momento, independentemente da posição política do PSDB, de ter lutado e no
momento de uma realização não estar presente. Ali, se aquilo aconteceu, teve a
minha contribuição, teve a minha luta, teve o meu aviso ao governo que era
necessária a construção daquela MA para a melhor qualidade de vida, para o
escoamento da produção agrícola e pecuária daquela região. Portanto, aquilo não
representa a decisão política do PSDB, apesar de admirar muito o secretário
Luís Fernando, eu o admiro muito, acredito que seria um ótimo governador para o
Maranhão. É bem verdade isso. Mas o meu caminho a ser seguido será o caminho do
PSDB.
HF – Nesse sentido, como você enxerga a candidatura de Luís Fernando para
a disputa pelo Executivo estadual?
NE – Honestamente, eu não vejo a candidatura do Luís Fernando uma
continuidade do atual governo. Inclusive, se visse como continuidade não teria
discussão no próprio PSDB para com o Luís Fernando. Acredito que ele fez uma
boa administração em São José de Ribamar e que tem todas as condições para ser
um ótimo governador para o Maranhão.
"Não é fácil que o PSDB e o PT estejam no mesmo palanque. Mas
em política eu só não vi boi voar. Tudo é possível, mas é uma condição mais
remota de acontecer".
HF – A seu ver, como ficaria o palanque presidencial no Maranhão numa
eventual coligação entre PMDB, PSDB e PT, haja vista que o tucano Aécio Neves
faz oposição ao governo da presidente Dilma? Nessas circunstâncias, o PSDB pode
ainda coligar com o PT e o PMDB?
NE – Olha, nós não sabemos ainda pra onde o PT vai. Esse é um primeiro
detalhe. O PT não está definido se vai acompanhar o Luís Fernando, se vai
acompanhar o Flávio, ou se vai ter uma candidatura própria. Já foi colocado
isso também pelo partido. Não é fácil que o PSDB e o PT estejam no mesmo
palanque. Afinal de contas, a principal candidatura do PT é a da presidência da
República. A principal candidatura do PSDB é a da presidência da República.
Então, acredito que aonde o PT estiver, dificilmente o PSDB estará. Mas em
política eu só não vi boi voar. Tudo é possível, mas é uma condição mais remota
de acontecer.
"Eu fico muito feliz que o nosso nome seja lembrado hoje como um nome
possível para as eleições da Prefeitura de São Luís".
HF – Informações divulgadas pela imprensa, inclusive por este
jornalista, dão conta de que você pretende disputar a Prefeitura de São Luís em
2016 com o apoio do PMDB, justamente em troca de seu apoio e de seu partido, o
PSDB, nas eleições deste ano para a candidatura de Luís Fernando. Como você
enxerga este cenário?
NE – Primeiro, existe um anseio normal, eu acho que o político deve ser
ambicioso, aquela ambição branca, não é aquela ambição negra, ambição de
conquistar, ambição de chegar, ambição de fazer, de fazer mais e é lógico que
eu tenho essa vontade de fazer pela minha querida São Luís, mas isso é uma
decisão do partido e, no momento da discussão, em 2016, [o PSDB] irá tomar. O
meu nome, lógico, está posto dentro do PSDB. Eu fico muito feliz que o nosso
nome seja lembrado hoje como um nome possível para as eleições da Prefeitura de
São Luís, mas não há nenhum tipo de negociação nesse momento ainda de apoio de
partidos em 2016. O que há é uma conversa para 2014. É lógico que o PSDB é um
partido que tem projeto de poder. E o projeto de poder do PSDB, a curto prazo,
é a Prefeitura de São Luís, seja com Neto Evangelista, seja com João Castelo,
seja com outro companheiro, mas o projeto de poder do PSDB é 2016. E aonde nós
estivermos, nós vamos trabalhar esse projeto.
HF – Mas você, o Neto Evangelista pretende disputar a Prefeitura de São
Luís em 2016?
NE – Eu deixo a cargo do partido (risos). Se o partido assim definir, eu
estou à disposição.
"O atual prefeito recebeu a Prefeitura com projetos, tanto
é que o que ele está fazendo agora foi tudo deixado pela administração anterior
do prefeito João Castelo".
HF – Qual a avaliação que você faz do PSDB no Maranhão, depois da
derrota do ex-prefeito João Castelo para o atual gestor Edivaldo Holanda
Júnior?
NE – Olha, eu costumo dizer, sem medo de errar: São Luís perdeu muito
com a derrota do ex-prefeito João Castelo. O primeiro mandato dele, sobretudo
nos dois primeiros anos, foram dois anos difíceis porque ele recebeu a
Prefeitura sem projeto. O atual prefeito diz que recebeu a Prefeitura
endividada, como o ex-prefeito João Castelo recebeu a Prefeitura endividada.
Historicamente, São Luís está endividada. Mas a diferença é que o atual
prefeito recebeu a Prefeitura com projetos, tanto é que o que ele está fazendo
agora foi tudo deixado pela administração anterior do prefeito João Castelo.
E, na época, João Castelo recebeu a Prefeitura sem projetos. Teve que fazer
projetos para, a partir de meados do segundo semestre do segundo ano da
administração, começar realmente a deslanchar. E tinha muita coisa programada
para São Luís, como o VLT, como o corredor de transporte urbano, o Hospital
[Dr. Jackson Lago], enfim, era muita coisa planejada na Saúde e, sobretudo, na
mobilidade urbana que acredito que é o grande caos hoje de São Luís. Então, não
foi o PSDB que perdeu. Quem mais perdeu com a derrota do ex-prefeito
João Castelo com a eleição do prefeito Edivaldo Júnior foi São Luís!
"Houve uma campanha midiática contra a administração do prefeito João
Castelo e a mídia é o Quarto Poder!"
HF – Muito se fala que mais do que uma vitória de Edivaldo, houve uma
rejeição da população de São Luís à gestão de Castelo. O que você pensa sobre
isso?
NE – A rejeição é natural de todo administrador. Lógico que alguns têm
menos, outros têm mais. Uma campanha midiática forte contra a administração do
prefeito João Castelo... É lógico que a administração teve erros e é fácil
apontar os erros. Toda administração tem erros que você procura corrigir. Mas
houve uma campanha midiática contra a administração do prefeito João Castelo e
a mídia ela é o Quarto Poder! Ela transforma. Por exemplo, eu produzo coco,
coco de praia, esses cocos que se toma na Litorânea, e o final de semana que eu
mais vendi água de coco em São Luís foi quando saiu, numa sexta-feira, no Globo
Repórter dizendo que água de coco era bom pra pele e pro cabelo das mulheres.
Porque saiu na mídia, o sábado e o domingo [daquela semana] faltou coco em São
Luís. Então, o poder da mídia é muito grande! E foi feita uma campanha
midiática contra a administração do prefeito João Castelo que pegou! Pegou! Mas
se você for pontuar, a administração de João Castelo teve erros, teve, mas teve
muita realização: a Avenida Santo Antônio, prolongamento da Avenida Litorânea,
trabalhou muito a iluminação, pavimentação das principais avenidas, vários
bairros pavimentados, a Avenida Santos Dumont, a Avenida Mauro Bezerra, enfim,
tivemos grandes avanços. Eu acho que São Luís pode avançar um pouco. No segundo
mandato, avançaria muito mais. Mas a rejeição, sem dúvida nenhuma, contribuiu
para a derrota do prefeito Castelo.
"O prefeito [Edivaldo] é que talvez não tenha projeto sobre o
VLT".
HF – Deputado, afinal de contas, o que aconteceu com o projeto do
Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)? O prefeito Edivaldo disse que a implantação
do VLT será feita por sua gestão, que apresentou o projeto ao Ministério das
Cidades. Ele alega a inexistência desse projeto na gestão do prefeito João
Castelo. Se o projeto existiu, de fato, por que não foi implantado durante os
quatro anos da administração do prefeito João Castelo?
NE – Isso foi uma pergunta que eu fiz também para o prefeito João
Castelo. Por que o VLT não foi implantado antes? Primeiro, pelo que ele me
disse, foi a questão orçamentária da Prefeitura. Segundo, a ideia do VLT
surgiu, realmente, já no terceiro ano de mandato do prefeito Castelo. E aí
começou a se construir o projeto, inclusive o projeto existe, eu apresentei o
projeto aqui na Assembleia. Lógico, que um slide e outro eu não poderia
apresentar um projeto de mil laudas que nem o projeto do VLT. Mas apresentei
parte do projeto básico, parte do projeto executivo em slides aqui na
Assembleia. Depois que eu apresentei, o prefeito [Edivaldo] nunca disse que o
projeto realmente não existia. E era simples. Se ele não estava encontrando o
projeto na Secretaria de Trânsito e Transportes (SMTT), podia ir na empresa, na
Serveng, que era quem estava executando a obra e podia pedir o projeto para dar
continuidade. O problema é que o prefeito [Edivaldo] não tem interesse que
realmente aconteça a obra do VLT.
A primeira linha do VLT, na gestão de João Castelo, seria para a região
do Itaqui-Bacanga. Em virtude da dificuldade da Barragem do Bacanga, não foi
feita a linha pra lá, foi feita do Centro para o Aeroporto. Então, precisa a
Barragem ser duplicada e precisa do reforço do aterramento de parte daquela
Barragem. Por quê? Da maneira como está hoje, ali não suporta o VLT. E
o prefeito [Edivaldo] disse que vai botar o VLT pra lá. Talvez, ele é que não
tenha projeto por não saber que não dá hoje pra colocar o VLT na região do
Itaqui-Bacanga. Seria ótimo! Ali é uma região de 250 a 300 mil
habitantes. Precisa de um transporte alternativo de mobilidade urbana? Precisa.
Mas primeiro fazer a duplicação da Barragem do Bacanga. Portanto, eu acho que o
prefeito [Edivaldo] errou, primeiro, ao denunciar que não tinha projeto. Aí eu
vim e apresentei o projeto e agora ele colocou o VLT num galpão e,
infelizmente, não sabemos qual vai ser o destino de um veículo de quase R$ 7
milhões que já está pago e pago pela administração anterior.
"O candidato à presidência da República é o senador Aécio
Neves".
HF – Como você avalia a atuação do PSDB a nível nacional, levando em
consideração a disputa caseira entre Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra e
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso?
NE – Olha, hoje existe um entendimento do Geraldo, um entendimento do
Fernando Henrique e um entendimento do Aécio que o candidato deve ser o Aécio.
O ex-ministro, o ex-governador e ex-senador José Serra ele tinha uma sede de
ser o candidato. Legítimo! Dentro de um partido, isso é legítimo. Ele foi
candidato duas vezes à presidência da República, teve mais de 40% das intenções
de voto. Mas o momento eu acredito que é do Aécio, por tudo o que o país vive,
pelo o que Aécio representou em Minas Gerais como governador. Minas é antes de
Aécio e depois de Aécio. Os mineiros sabem disso, tanto é que o Aécio teve
quase 90% de aprovação em Minas Gerais. E o Serra hoje entende isso, que o
momento é do Aécio. Portanto, hoje, graças a Deus, não há mais brigas dentro do
partido. O candidato à presidência da República é o senador Aécio Neves.
"O PT não tem projeto de Estado. O PT tem simplesmente projeto de
poder, que é o poder pelo poder".
HF – Como você analisa a conjuntura política nacional referente às
eleições presidenciais, com rumores de crise entre PT e PMDB, partidos da base
aliada e sustentáculo do governo Dilma, e com a recente união entre Marina
Silva e Eduardo Campos no campo da oposição?
NE – A presidente Dilma está pontuando cerca de 40% de intenções de voto
pra reeleição. Ou seja, 60% dos brasileiros não querem o PT de novo no comando
do país. E aí a importância da união da Marina com o Eduardo Campos, que hoje
são de oposição, mas já foram aliados do governo [federal] e entenderam que não
é o melhor governo pro país, e também da candidatura do senador Aécio Neves. O
PT vive crise? Vive. Por quê? Porque o PT está no governo há 12 anos Contribuiu
pro país? Sem dúvida, teve as suas contribuições. No meu ponto de vista, as
contribuições foram menores do que o desgaste que o PT trouxe para o país. O PT
não tem projeto de Estado. O PT tem simplesmente projeto de poder, que é o
poder pelo poder. Mas ele não pensa o Brasil daqui a 20 anos. Em virtude disso,
o PT vive crise com outros partidos. E eu acho que a junção da Marina com o
Eduardo e a candidatura do Aécio vai ter segundo turno no Brasil e esse segundo
turno será das oposições esse ano.
"Existe um pré-acordo do Eduardo com o Aécio. Quem for para o segundo turno, tem o apoio do outro".
HF – Então, num evento segundo turno nas eleições presidenciais, o PSDB
coligaria com o PSB de Eduardo Campos e Marina Silva?
NE – Existe um pré-acordo do Eduardo com o Aécio. Quem for para o
segundo turno, tem o apoio do outro, porque os dois entendem que acabou o
momento do PT. O Brasil precisa reciclar. O Brasil precisa de uma
transformação. E eles acreditam que eles possam fazer essa transformação que o
Brasil tanto precisa.
"O governo do PT simplesmente deixa o Maranhão “a Deus
dará”. O PT iludiu os maranhenses prometendo 400 mil empregos com a vinda
da refinaria pra cá e não existe mais. Então, o PT não tem interesse na
região Nordeste, porque preferem investir onde não tem voto".
HF – É bom que nós estamos indo na mesma linha do roteiro, porque a
próxima pergunta tem a ver com isso. Boa parte da imprensa simpática ao PSDB
apregoa um desgaste do governo Dilma/Lula. Outros dizem até mesmo que “chegou
ao fim a era do lulismo no Brasil”, devido ao aumento da inflação e da suposta
falência do modelo de favorecimento do crédito e das políticas de distribuição
de renda. O que você pensa sobre isso?
NE – Olha, eu concordo, sobretudo falando de meu Estado do Maranhão. O
PT, nas últimas eleições, teve quase 90% das intenções de voto aqui no
Maranhão. Em muitos municípios, teve mais de 95% de intenção de votos. E o PT,
o governo do PT simplesmente deixa o Maranhão “a Deus dará”. Veja só. Passamos
mais de um ano com o aeroporto fechado, o aeroporto internacional Hugo da Cunha
Machado. A BR-135 foi preciso muitos gritos aqui na Assembleia Legislativa e no
Congresso Nacional, muitas mortes na BR-135 para que pudesse começar a
duplicação, sendo que na maioria das capitais [as BRs] já são duplicadas. Foi
anunciada pelo governo do PT a Refinaria Premium, em Bacabeira. Muita gente se
preparou para assumir emprego na refinaria. Você passava há dois anos atrás ali
em Bacabeira, eram empreendimentos começando, hotéis sendo construídos, as
pessoas entusiasmadas, o Maranhão estava entusiasmado. Infelizmente, tudo
parou! Hoje, você passa em Bacabeira parece um cemitério. A cidade está cheia
de placas de “vende-se”, de “aluga-se”. Por quê? Porque ninguém acredita mais.
Ninguém acredita que a Refinaria Premium possa vir pro Maranhão. O PT iludiu os
maranhenses prometendo 400 mil empregos para o Maranhão com a vinda da
refinaria pra cá e não existe mais. Aí eu falo do Maranhão. Eu falo também
agora do Nordeste como um todo, que sempre dá uma votação expressiva pro PT. A
transposição do Rio São Francisco, que é uma obra importante pro Nordeste
brasileiro, “tá” parada! A ferrovia transnordestina “tá” parada! Então, as
principais obras do Nordeste brasileiro, que é onde existe a maior gama de
eleitores do PT, “tá” tudo parado! Então, o PT não tem interesse na região
Nordeste. Por quê? Porque: “Não, lá eles já votam na gente. Nós não vamos
investir naquela região. Vamos investir onde nós não temos voto”. E eu fiz um
pedido pro senador Aécio. Eu falei pra ele: “Olha, senador, como deputado do
Maranhão eu quero lhe fazer um pedido: ‘Se você for presidente da República,
não tenha o Maranhão como um curral eleitoral e não permita que o programa de
transferência de renda, o Bolsa-Família, seja o principal programa do governo
federal no Maranhão e no Nordeste brasileiro. Eu quero que o senhor, se
possível, amplie o programa. Tem muita gente que precisa? Tem. Modernize o
programa, que está precisando ser modernizado, mas não permita que essa seja a
sua principal bandeira política dentro do Maranhão, porque nós não queremos só
o Bolsa-Família. Nós queremos mais. Nós queremos é a oportunidade de emprego e
de renda pro cidadão maranhense. Nós não queremos só a esmola do governo
federal. Nós queremos trabalho! O Maranhão quer transformar! O Maranhão precisa
ampliar o Porto do Itaqui que é uma grande riqueza que tem. O Maranhão precisa
discutir o “Código da Mineração” que passa minério pelo Maranhão, desemboca no
Porto do Itaqui e nós não recebemos nenhum real de royalties da mineração.
Então, o Maranhão precisa ser rediscutido. Se você for presidente da República,
rediscuta o Maranhão e eu me ponho à disposição para rediscutir com o senhor”.
HF – E o que o senador Aécio Neves lhe disse?
NE – “Estou à disposição para discutir o Maranhão”.
"Eu vibrei quando as manifestações começaram aqui no
Brasil. As pessoas têm que participar do processo. As pessoas têm que se
manifestar. As pessoas têm que mostrar para os governantes que não “tá” bom,
que não é assim que nós queremos!"
HF – Em junho do ano passado, o Brasil foi sacudido com os protestos que
tomaram as ruas de vários Estados. Praticamente, os 26 estados e mais o
Distrito Federal foram sacudidos por estes protestos. Estamos num ano eleitoral
e de realização da Copa do Mundo no país, também alvo de muitas críticas por
conta dos gastos com os estádios em detrimento da precariedade de escolas e
hospitais públicos. Como você enxerga a participação dos jovens na política nos
dias de hoje?
NE – Eu vibrei quando as manifestações começaram aqui no Brasil. Eu
ficava triste, quando eu comecei na vida pública, eu vi a juventude à par da
política. Eu falei: “Poxa, que vontade que eu tenho em ver a juventude da minha
geração igual à juventude do início da década de noventa, a juventude da década
de oitenta, que iam “pras” ruas se manifestar, os “cara-pintadas” que botaram
Collor pra fora do Palácio do Planalto, em Brasília. Que vontade que eu tinha
de ver a minha geração nas ruas”. E quando as manifestações começaram, eu
falei: “Pronto! O Brasil, o gigante acordou!”. E foi importante que as pessoas
fossem “pras” ruas. As pessoas têm que participar do processo. As pessoas têm
que se manifestar. As pessoas têm que mostrar para os governantes que não “tá”
bom, que não é assim que nós queremos! A Copa do Mundo é boa? É boa. Todo mundo
gosta de um futebol. Quem não gosta? Eu jogo futebol, sou inclusive atacante,
gosto de fazer gol (risos). Mas será que o Brasil deve gastar bilhões e bilhões
de reais com uma Copa do Mundo, em detrimento de gastar bilhões e bilhões de
reais com a Saúde das pessoas, com a Educação das pessoas, com a mobilidade
urbana das cidades? Eu acho que não. Eu acho que isso é mais importante do que
uma Copa do Mundo, sem dúvida nenhuma!
"Eu acho que professor, policial militar e o pessoal da área da
saúde deveriam ser os profissionais mais reconhecidos pelo Estado brasileiro. E
eu digo reconhecido é financeiramente".
HF – Qual a avaliação que você faz sobre o governo Roseana Sarney, após
a onda de ataques que vitimou a menina Ana Clara e que expôs a crise no sistema
penitenciário do Maranhão, colocando o nosso Estado no noticiário nacional e
internacional, a ponto de a ONU e a Anistia Internacional se manifestarem sobre
o assunto?
NE – Olha, o principal ponto que eu vejo no Maranhão é que nós passamos
quase 20 anos sem ter concurso público pra Polícia Militar e pro Corpo de
Bombeiros Militar. Infelizmente, isso nos colocou na última posição em relação
ao efetivo de policiais militares. Nós temos um policial para cada 900 habitantes,
onde a ONU recomenda um policial para cada 300 habitantes. Somos o último
Estado da federação nesse ranking de policiais por habitantes. Acho que isso,
sem dúvida nenhuma, faz com que a insegurança das pessoas aumente nas ruas, faz
com que a violência aumente na rua, porque você não tem o policial na rua. Você
tem poucos policiais. Não adianta o governo comprar diversas viaturas, se não
tem policial pra andar nas viaturas. Nós precisamos valorizar o PM. Nós
precisamos modernizar a Polícia Militar. Nós precisamos equipar a Polícia
Militar e o Corpo de Bombeiros. É isso que nós precisamos. Infelizmente, o
Maranhão foi retrato de morte, de violência nos presídios que se reflete nas
ruas de São Luís. Infelizmente, não houve uma ação enérgica por parte do
governo como deveria agir. Acho que o governo faltou, sim, nessa questão da
segurança pública, mas acho que pode ser corrigido. Está tendo agora o
chamamento dos policiais aprovados no último concurso. Inclusive, eu recebi os
excedentes desse concurso, porque foram abertas vagas para 2 mil PMs. Foram
chamados 3 mil. Desses 3 mil, na segunda etapa de classificação ficaram apenas
1.400. Portanto, tem 600 vagas ociosas. E esses excedentes, que foram
aprovados, querem ser chamados. E o governo está resistindo. Então, nós vamos
levantar essa bandeira aqui na Assembleia para que as 2 mil vagas sejam
completadas. Portanto, eu acho que tem saída, sim. Aumentar o efetivo de
policiais no Maranhão, modernizar, dar um melhor salário para os seres humanos
que fazem a nossa segurança. Eu acho que professor, policial militar e o
pessoal da área da saúde deveriam ser os profissionais mais reconhecidos pelo
Estado brasileiro. E eu digo reconhecido é financeiramente, porque nos
hospitais e nos socorrões da vida aqui em São Luís os profissionais dão a vida
pelos pacientes, salvam muitas vidas e são mal remunerados. Os policiais
militares dão a vida pela gente, porque eles fazem a nossa segurança, e são mal
remunerados. Os professores, que são responsáveis pela transformação das
crianças, dos jovens, até virarem adultos, de criarem cidadãos, também são mal
valorizados. Então, eu acho que a valorização do ser profissional é o caminho
pra gente começar a sair de um caos ou de outro que o Maranhão possa estar
vivendo.
"Eu acho que arquivar [o pedido de impeachment] não é o melhor
caminho. Acho que ele deve ser discutido na Assembleia".
HF – Qual sua visão sobre o pedido de impeachment feito por um coletivo
de advogados, de maioria paulista, por duas vezes barrado na Assembleia pelos
aliados da governadora Roseana Sarney, e que agora pode ser desarquivado? Como
você enxerga essa tramitação na Casa Legislativa?
NE – Isso tem que ser bem avaliado. O impeachment é um processo
doloroso, é uma alternativa que a Constituição nos dá, mas eu acho que ele deve
ser bem analisado. Eu acho que arquivar não é o melhor caminho. Acho que ele
deve ser discutido na Assembleia, já que foi proposto. Se a Assembleia entender
que ele deve ser feito, faça. Se entender o contrário, não faça. Mas arquivar
eu acho que não é o melhor caminho.
"Não existe um espaço cem por cento fechado na oposição
maranhense".
HF – Qual sua análise sobre o campo de oposição no Maranhão de um modo
geral? Há espaço para todos?
NE – Olha, eu acho que há. Não existe um espaço cem por cento fechado na
oposição maranhense. Eu acho que existem diversos nomes aí que podem ser postos
inclusive nessa própria campanha de 2014. Então, eu acho que há espaço, sim,
para diversas pessoas. A oposição tem um nome bom hoje para candidato a
governador e que deve ser avaliado pelas pessoas. Mas que há espaço, eu
acredito que há.
"Mudança pode ser pra pior, mudança pode ser pra melhor. Aqui, em
São Luís, me parece que a mudança que foi feita foi pra pior. Deve ser avaliado
se essa mudança no Estado vai ser pra pior ou pra melhor".
HF – Nesse sentido, como você enxerga a candidatura de Flávio Dino ao
governo estadual, que aparece em todas as pesquisas como o primeiro nas
intenções de voto?
NE – O Maranhão tomou um sentimento, que é o mesmo sentimento que toma
hoje o Brasil, que é o sentimento de mudança. Eu sempre digo que essa mudança
tem que ter muita cautela nela. Mudança pode ser pra pior, mudança pode ser pra
melhor. Aqui, em São Luís, me parece que a mudança que foi feita foi pra pior.
Deve ser avaliado se essa mudança no Estado vai ser pra pior ou pra melhor e as
pessoas é que tem que avaliar isso. A gente não pode pensar apenas em “mudança,
mudança, mudança”. Mudar por mudar, eu acho que não deve ser feito. Eu acho que
pode, sim, acontecer, a mudança, mas desde que seja concretizada uma mudança
pra melhor.
"Primeiro, a oposição tem que se entender pra lançar as
candidaturas".
HF – E as demais candidaturas? Eliziane Gama (PPS), Hilton Gonçalo
(PDT), Luís Pedrosa (PSOL) e Saulo Arcângeli (PSTU) devem ser confirmados como
candidatos pelo campo da oposição. Como você enxerga essas candidaturas?
NE – Olha, são nomes bons. A deputada Eliziane, o Hilton Gonçalo são
bons nomes. Eles estão tentando colocar seu nome à disposição do Maranhão
também e podem somar com a oposição maranhense. Podem somar pra forçar um segundo
turno, se for necessário um segundo turno, porque a oposição tem que se
entender, porque às vezes é melhor não ter as candidaturas porque o Flávio Dino
está em primeiro lugar nas pesquisas. Então, primeiro a oposição tem que se
entender pra lançar as candidaturas. Mas cada um está no seu direito, cada um
tem seu partido, e se o seu partido entender que deva ser o candidato, eu acho
que é democrático.
HF – E como você enxerga essa questão das pesquisas eleitorais? Você
acha que existe confiabilidade nos institutos de pesquisa?
NE – Eu confio nos institutos. Existem institutos e institutos. Muitos
já demonstraram que a pesquisa é aquela real de 48% a 50% do Flávio Dino, de
18% a 22% do Luís Fernando, de 6% a 8% pra Eliziane. Eu acho que esse é o cenário
realmente maranhense.
"Infelizmente, até agora, o que se tem mudado é pra pior. Os
programas sociais que tinham em São Luís, como o Programa do Leite, do
fardamento na escola, o Programa do Bom Peixe, foram todos cancelados! Então,
que mudança foi essa, que os bons programas foram cancelados? O atual
prefeito encontra-se com uma administração apenas de promessas, sem
realizações".
HF – Qual a avaliação que você faz sobre a gestão do prefeito Edivaldo
Holanda Júnior, que completou seu primeiro ano de mandato?
NE – Olha, eu acho que foi pregada uma esperança muito grande pra
população de São Luís. Uma esperança da “mudança”. “Vamos mudar”. Mas mudar pra
quê? Mudar pra melhor ou mudar pra pior? Infelizmente, até agora, o que se tem
mudado é pra pior. Os programas sociais que tinham em São Luís, como o Programa
do Leite, do fardamento na escola, o Programa do Bom Peixe, foram todos cancelados!
Então, que mudança foi essa, que os bons programas foram cancelados? Eu acho
que nós já tivemos aí, em São Luís, talvez dez secretários modificados desde o
início da administração. Isso mostra uma falta de quadros do atual prefeito
que, até então, no momento, encontra-se com uma administração apenas de
promessas, sem realizações.
"O blog é fundamental pra levar informação quando ele leva de forma verídica. É importante que a imprensa possa trabalhar de forma coerente, porque as pessoas vão estar se informando pela imprensa".
HF – Para finalizar, qual a mensagem que você deixa aos leitores do Blog
do Hugo Freitas?
NE – Primeiro, eu quero agradecer, Hugo, pelo espaço que você está nos
dando pra conversar com você e com os leitores do seu blog. Eu acho que o blog
é fundamental pra levar informação quando ele leva de forma verídica. A gente
sabe que a imprensa é quem informa as pessoas. É importante que a imprensa
possa trabalhar de forma coerente, porque as pessoas vão estar se informando
pela imprensa. Então eu quero, primeiro, desejar sucesso pra você na sua
empreitada na blogosfera, nesse novo ramo digitalizado da informação, e desejar
aos seus leitores, sobretudo, um 2014 repleto de sucesso, de realizações, e que
o Maranhão possa ser aquele Maranhão que todos nós sonhamos: um Maranhão
produtivo, um Maranhão rico como é – o Maranhão é um estado rico naturalmente
–, mas que seja um estado de pessoas ricas também.
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