Por Hugo Freitas
Parece que virou moda a expressão
"terceira via" no cenário político do Maranhão. Mal as urnas do
segundo turno foram recolhidas e muito já se especula sobre as eventuais
alianças e conchavos partidários para o pleito de 2014.
Mas nada vem ganhando
tanta força quanto o termo "terceira via", que jorra abundantemente da boca dos políticos maranhenses. Tudo por conta das análises lançadas
sobre os números finais das eleições municipais de São Luís (reveja aqui).
Enquanto Edivaldo Holanda Júnior foi
eleito prefeito da capital com 56,06% dos votos, derrotando o atual ocupante da
cadeira executiva João Castelo, que computou 43,94%, registrou-se um alto
índice de abstenção na cidade: 149.439 eleitores não compareceram às seções
eleitorais no dia da votação, correspondendo a um percentual de 22,04%.
Além disso, votos em branco somaram 2,25%
(11.873 eleitores) e 3% decidiram anular seu voto (15.864).
O cômputo geral do número de
abstenções, brancos e nulos chega à significativa soma de 177.176
eleitores que decidiram não votar em nenhuma das opções do segundo turno. É em
busca desse filão eleitoral que alguns partidos já começam a mover as peças do
complexo tabuleiro político local visando as eleições de 2014.
Como muitos já dão como certa uma
provável "polarização" da disputa pelo Governo do Estado entre Flávio
Dino (PCdoB) e o nome indicado pelo "grupo Sarney", os demais
concorrentes à vaga da cadeira no Palácio dos Leões constroem seus argumentos e
recompõem suas estratégias em torno de uma alternativa a essa bipolaridade, uma
"terceira via".
Caso do PSDB e do PPS, dois partidos
que não se abraçaram por inteiro nestas eleições, mas que comungam do mesmo
sentimento de se inserirem no novo debate político como protagonistas e não
como meros coadjuvantes dos projetos Dino e Sarney.
Em entrevista a um jornal local, o
presidente estadual do PSDB no Maranhão, Carlos Brandão, aventou uma tripla
possibilidade conjuntural dos tucanos para 2014, dentre elas a de indicação de
nomes próprios da sigla para a disputa do Governo estadual e do Senado Federal,
constituindo-se a terceira via tucana. "Temos três possibilidades: apoiar
o grupo da Roseana (PMDB), apoiar o grupo do Flávio Dino (PCdoB) ou lançarmos
um candidato próprio para o Governo e o Senado, sendo mais provável essa terceira via", disse
Brandão, ressaltando ainda uma eventual aliança com o PSB de Eduardo Campos, o
que fortaleceria ainda mais o PSDB maranhense.
Por seu turno, ao assumir a presidência
estadual do PPS em lugar do ex-dirigente Paulo Matos, que renunciou ao cargo,
Eliziane Gama também falou em "terceira via", já dando como certo seu
nome para a disputa de 2014, o que inclusive lhe rendeu críticas de alguns
deputados "caseiros" que também almejavam a presidência da sigla, acusando tal ação sucessória de
"golpe".
Ancorada numa expressiva votação obtida
no primeiro turno em São Luís, que lhe rendeu o terceiro lugar, ficando à
frente do candidato apoiado pelos governos estadual e federal, Gama
potencializa seu capital político e prepara o terreno para angariar novas
alianças, fazendo frente aos projetos da "esquerda dinista" e da "direita sarneysista" e utilizando o discurso da "terceira via" para se arvorar como
representante "legítima" da "vontade popular" de uma "outra alternativa" no Maranhão.
Contudo, não se pode descartar por
completo a possibilidade de ambas as siglas, PSDB e PPS, apenas estarem se preparando previamente e se fortalecendo politicamente para adquirir maior peso no momento das negociações
pré-eleitorais de 2014, respaldados pelo "povo" com o resultado das urnas de 2012.
Não será de se espantar
que tanto Gama como os tucanos estejam do lado de algum dos candidatos tidos como já
"estabelecidos" para a próxima disputa. Afinal, até lá, muita coisa
há de rolar, inclusive as plenárias partidárias onde serão decididos, de fato, os nomes para o pleito vindouro. E em se tratando de política, nada é tão instável quanto uma
aliança e/ou divergência eleitoreira, tão breves quanto o próprio ato de votar.
De fato, ainda é demasiado cedo para que as especulações, muitas, que jorram dos autoproclamados analistas políticos se transformem de palpites em movimentos no jogo de damas da política maranhense.
ResponderExcluirEu diria apenas tratar-se de um jogo de "xadrez", pela maior complexidade.
ExcluirGrato pela participação.