terça-feira, 1 de abril de 2014

SOBRE NOMES DE LOCALIDADES E SOBRENOMES DE POLÍTICOS NO MARANHÃO


Por Hugo Freitas

Em decorrência dos atos de rememoração dos 50 anos do Golpe Militar que depôs o presidente eleito democraticamente João Goulart e instalou uma ditadura comandada pelos generais do Exército nacional, apoiados financeira e militarmente pelos Estados Unidos, uma polêmica discussão veio à tona na Assembleia Legislativa: a proposta de mudança dos nomes dos locais públicos dados em homenagem a apoiadores ou líderes do regime militar no Maranhão.

O deputado Rubens Jr (PCdoB), líder do Bloco Parlamentar de Oposição (BPO), afirmou em sessão plenária na Casa Legislativa que a sociedade maranhense acabou por homenagear aqueles que deram um golpe na democracia brasileira.

"O que nós percebemos são homenagens em todos os cantos da cidade, do Estado e do país, homenagens aos maiores torturadores, opressores, golpistas da recente história do Brasil”, afirmou o "elitizado" comunista.

As palavras de Rubens encontram eco, de fato, na realidade geográfica maranhense. Enquanto na Itália e na Alemanha não se encontra nenhuma rua, avenida ou museu chamado Benito Mussolini ou Adolf Hiltler, no Maranhão existem 115 escolas estaduais ou municipais com nome de presidentes do regime militar tupiniquim: 45 Castelo Branco, 25 Costa e Silva, 32 Garrastazu Médici, 8 Ernesto Geisel e 5 João Batista Figueiredo.

Além disso, o único município maranhense que homenageia um ditador pós-64 chama-se "Presidente Médici", justamente o general-presidente considerado o mais "linha-dura" dos militares que ocuparam o "trono" da República durante os 21 anos do regime militar no país. Antes disso, a cidade era conhecida como Santa Teresa, nome de origem daquele povoado.

Aproveitando-se do momento em que se rememora as agruras de uma ditadura instalada no país com o apoio das classes média e alta da sociedade brasileira (imprensa, empresários, industriais, funcionários públicos, membros da Igreja Católica, dentre outros "burgueses" que lutavam contra o "espectro do comunismo"), o deputado Rubens Pereira Jr., que é comunista de filiação partidária, propõe a mudança dos nomes das localidades citadas por outros que "realmente merecem". Provavelmente, de pessoas ligadas aos comunas ou aos guerrilheiros de esquerda do país.

O problema é que Rubens Jr. não toca nas localidades que possuem em sua taxonomia os sobrenomes "Sarney", "Lobão", "Murad", dentre outras "siglas familiares" que apoiaram e foram apoiadas pelo regime militar no Maranhão. Será por causa das relações estreitas entre o patriarca da família Pereira, o ex-deputado Rubens Pereira (pai de Rubens Jr.), e as "grandes famílias" do estado???

Ao falar das "homenagens aos ditadores" no Maranhão, o burguês deputado comunista não toca naquelas localidades cujos nomes levam o DNA de membros da dita "oposição dinista", como "os Tavares", "os Rocha", dentre outros célebres sobrenomes que compõem o chamado "antissarneysismo" e que figuram solenemente nos espaços geográficos de São Luís, para quem infringir a lei que proíbe a denominação de logradouros públicos com nomes de pessoas ainda vivas é "ação delituosa exclusiva dos sarneys" e dos defensores do regime militar.

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