O deputado federal "maranhense" Simplício Araújo (SDD) destinou verbas para uma Universidade do Estado mais rico do país e "virou as costas" para a universidade de um dos estados mais pobres da federação
Por Hugo Freitas
Sempre me assombra o fato de certas
práticas políticas serem tão criticadas pelos ditos membros da
"oposição" e, ao mesmo tempo, serem reproduzidas por eles à enésima
potência.
O deputado federal Simplício Araújo, presidente estadual do partido Solidariedade (SDD), que integra o consórcio oposicionista dinista e ocupa um mandato na
Câmara Federal, em Brasília, conquistado pelo Estado do Maranhão, destinou
cerca de R$ 250.000,00 de emenda parlamentar para a Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), simplesmente o Estado mais rico do Brasil.
Segundo argumentou o parlamentar, as
verbas são para o aprimoramento das pesquisas em busca da cura do câncer e
foram destinadas para a referida instituição por se tratar de uma das
referências nacionais nestes estudos e que vem enfrentando "dificuldades financeiras".
E é aí que reside a polêmica. Se a
instituição de ensino federal é pública, então cabe ao Governo Federal, ao
Ministério da Educação, aos parlamentares eleitos pelo Estado paulista (cerca de 70 deputados federais eleitos por São Paulo, ao todo) e à
própria Unifesp (autarquia federal com autonomia administrativa) solucionarem
os problemas, oferecer condições para a manutenção do andamento das pesquisas e
suprir as devidas deficiências financeiras da Unifesp.
Como pode um deputado, que representa
na Câmara Federal um dos estados mais pobres do país, destinar verbas
parlamentares para uma instituição de ensino situada no Estado mais rico da
federação, independente para qual fim seja?
Alguém sabe ou "já ouviu
falar" de algum caso contrário, de deputados federais de outros estados
destinando verbas de emendas parlamentares para ajudar o desenvolvimento da
Educação no Maranhão, um dos piores estados em índice de analfabetismo do
Brasil?
Qual ou quais parlamentares do
Congresso Nacional destinaram verbas de suas respectivas regiões eleitorais
para melhorar a qualidade do ensino público universitário no Maranhão,
principalmente da Universidade Estadual, a UEMA, que aparece sempre em posições
nada animadoras no ranking das universidades brasileiras, com seus laboratórios e equipamentos ultrapassados e/ou sucateados, principalmente nas cidades do interior maranhense?
Difícil crer que respostas para tais
indagações sejam obtidas, pois em se tratando de verbas parlamentares, cada
deputado federal atende especificamente suas bases eleitorais, seguindo o script
pré-fabricado. Simplício Araújo é a exceção que confirma a regra geral.
O problema maior mesmo não é a
destinação das verbas em si para o Estado de São Paulo, mas a falta de
reciprocidade do parlamentar para com o Maranhão, seu
"estado-moradia", e suas precárias condições de ensino e de desenvolvimento da ciência.
Não é
a questão de se ajudar financeiramente uma pesquisa que almeja a cura do
câncer, que irá beneficiar maranhenses, brasileiros e a Humanidade de um modo
geral, mas sim a falta de sensibilidade daqueles que apontam as falhas, os
erros e as omissões no tocante à Educação pública estadual e não fazem
absolutamente nada para que possam melhorá-la, mesmo tendo plenas condições para fazê-lo.
Simplício Araújo é presidente estadual do "Solidariedade" no Maranhão, mas parece desconhecer o significado da palavra
Onde está a "solidariedade" do deputado para com o Hospital Aldenora Bello, único do Maranhão especializado no TRATAMENTO GRATUITO DO CÂNCER aos pacientes que para lá recorrem, e que sofre graves restrições orçamentárias???
É perceptível que "solidariedade" se tornou apenas um bonito nome para se estampar em uma sigla partidária, cujo significado prático seu dirigente parece desconhecer ou simplesmente ignorar.
Em se tratando de ano eleitoral, a destinação de emendas parlamentares para o Estado com o maior número de eleitores do país não se apresenta de modo assim tão "benevolente" aos olhos daqueles que enxergam além dos releases de assessoria. Simplício é candidato à reeleição de seu mandato federal no pleito de outubro.
São essas idiossincrasias que, talvez,
estejam na base "visionária" do deputado Simplício Araújo: de
enxergar a grandeza e opulência de São Paulo, vislumbrando nela a possibilidade
de também se "elevar" na esfera político-midiática nacional (VEJA,
IstoÉ, Época, Folha, etc., não terão interesse numa entrevista com o parlamentar que ajudou uma instituição paulista de ensino em "dificuldades financeiras"?!),
ao mesmo tempo em que "vira as costas" para o Maranhão, um dos estados mais pobres da
federação, cujos índices de desenvolvimento social e humano são igualáveis a
países do continente africano em estado de guerra civil.
Concordo plenamente e o povo parece que fecha os olhos, a educação do Maranhão a cada dia piora, os alunos são verdadeiro guerreiros tentando estudar como pode e com o pouco que tem, sem estrutura nenhuma, muitos sem professores e enquanto isso os eleitos para nos representar simplesmente vão atras de outros Estados onde com certeza estão tirando alguma vantagem...
ResponderExcluir"Solidariedade" passou longe do deputado para a situação caótica da Educação e dos estudantes maranhenses, infelizmente!
ExcluirPrezado Hugo de Freitas, conforme já foi amplamente debatido, erras ao afirmar que não destinei emendas para os pesquisadores maranhenses. De minha parte foram mais de R$ 4 milhões para implantação e melhorias dos campus da IFMA.
ResponderExcluirInfelizmente, talvez por maldade ou até mesmo por desconhecimento, estão deturpando a minha emenda. Não fiz para o estado de São Paulo. Fiz para uma universidade pública, reconhecida nacionalmente e que atende diversos maranhenses que sofrem, ano após ano, com o câncer urológico.
O mais curioso em tudo isso é o fato de que somente a minha emenda é alvo de críticas. Em 2012 o deputado federal Alberto Filho destinou R$ 200 mil para a pesquisa de tratamento de doenças crônicas. Neste ano, o senador Lobão Filho destinou R$ 200 mil para a recuperação da estação Comandante Ferraz, no Polo Sul.
Em qualquer lugar do mundo, uma emenda parlamentar para pesquisa, independente de onde esteja o centro. Mas, infelizmente, poucas pessoas conseguem enxergar que um país só se desenvolve quando investe em pesquisa, em estudo.
Prezado Simplício, minhas críticas são pautadas justamente na triste e caótica realidade educacional e científica do Maranhão, um dos estados mais pobres da federação, em comparação a uma "Universidade Federal" do Estado mais rico do país. Como você afirma que destinou mais de R$ 4 milhões para "melhorias dos campus do IFMA", gostaria que você detalhasse isso, enviando-me, por gentileza, através de email para posterior publicação neste espaço.
ExcluirAntecipo que irei publicar sua resposta em post específico no blog, como sinal de meu apreço pelas liberdades democráticas de pensamento, crítica e contraditório, ressalvando que um erro não justifica outro, uma omissão/desvio de finalidade não credencia outra, pois se combatemos as práticas politiqueiras que tanto criticamos, devemos, portanto, superá-las e não reproduzi-las, nos igualando àqueles que condenamos.
Um verdadeiro absurdo
ResponderExcluirA falta de reciprocidade para com o Maranhão!
ExcluirÉ por essas e outras que nosso Estado está tão maltratado.. Políticos corruptos, imprudente..
ResponderExcluirQuando se pode fazer algo para melhorar e se tem condições para isso, não se faz. Isso é que entristece e causa repugnância!
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