Por
Hugo Freitas
A
semana, que começou agitada por conta das abruptas modificações no tabuleiro
político maranhense, tende a ser chacoalhada novamente pelos próximos dias.
O
titular do blog teve acesso a uma Nota conjunta elaborada por dirigentes do PPS
e PSDB (ver imagem acima) onde lançam um "ultimato" ao consórcio oposicionista
capitaneado por Flávio Dino (PCdoB) para a eleição estadual. Tucanos e
socialistas querem rediscutir a "chapa majoritária do candidato da
oposição" por entenderem que é "urgente [a] necessidade do
realinhamento das alianças" para combater "a mais antiga oligarquia
em atividade no Brasil".
Na verdade,
ambas as legendas querem apenas garantir espaço eleitoral na composição da
chapa comunista, visando reforçar as candidaturas internas a deputados
estaduais e federais, com a garantia de estrutura partidária, financeira e
tempo de TV, em face ao desmoronamento do grupo governista, para onde muitos
tucanos pretendiam migrar.
Castelo e Eliziane se unem para pressionar Flávio Dino a fornecer-lhes espaços de poder no "consórcio da oposição dinista". (Imagem: Internet)
Com a
decisão da governadora Roseana Sarney (PMDB) em permanecer no cargo até o fim
do mandato (31 de dezembro deste ano), o que levou à desistência de Luís
Fernando aos Leões (entenda aqui), e com a posterior indicação de Edinho Lobão
como candidato do grupo Sarney para a disputa majoritária, PPS e PSDB, que
tinham colocado em standby suas conversas de aproximação, perceberam uma grande
oportunidade de se aliarem à candidatura que mais se fortaleceu com as
drásticas mudanças recentes no cenário eleitoral, a de Flávio Dino.
Eliziane
Gama é uma candidata sem partido, pois tem apenas a sigla PPS (que lhe permite
disputar uma eleição) e o apoio incondicional do vice-presidente estadual da
legenda, o professor e empresário Carlos Wellington. E só. Todos os demais
"medalhões" do partido já "pularam" para o barco da oposição
dinista.
Objetivamente,
Eliziane não possui estrutura partidária, nem financeira, nem material humano
para trabalhar em sua (im)provável (???) campanha de governador. Conta apenas
com o capital político angariado pelo resultado das eleições de 2012 (quando
ficou em terceiro lugar, numa disputa apertada para prefeito de São Luís) e com
o maciço e significativo apoio da "comunidade evangélica", tanto na
capital quanto nas cidades do interior maranhense, principalmente das igrejas
da Assembleia de Deus, o que já é muita coisa a se considerar na balança
política eleitoral de 2014.
"Wellington do Curso" é o único "medalhão" do PPS ainda disposto a apoiar uma (im)provável (?) candidatura de Eliziane ao governo
Por sua
vez, Carlos Brandão, deputado federal e presidente estadual do PSDB/MA,
Gardênia Castelo e Neto Evangelista, ambos deputados estaduais, e o ex-prefeito
João Castelo querem entrar na disputa de outubro ao lado de Flávio Dino em
condições favoráveis e com garantias de estrutura financeira e partidária para
suas respectivas reeleições. Além, é claro, de já alinhavarem conversas sobre futuras secretarias em uma provável vitória do candidato comunista, visando às eleições de 2016.
No entanto, o imbróglio neste cenário fica por conta da indicação do nome de Castelo para o
Senado. Alguém imagina que o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB), o "ungido" da
oposição dinista para a disputa da vaga de Epitácio Cafeteira (PTB) na
"Casa Maior", irá abrir mão de sua unção, conquistada e mantida até
hoje a duras penas e rusgas, para seu ex-colega do ninho tucano? Pouco provável
que isso aconteça. Afinal, Roberto é a "Rocha" no caminho de João pela vaga ao "Castelo" senatorial.
Roberto é a "Rocha" no caminho de Castelo pela vaga ao Senado
Seguindo
a mesma linha de raciocínio, também é pouco provável que o recém-indicado de
Weverton Rocha (PDT) para a vaga de vice na chapa de Flávio, o empresário do
agronegócio Márcio Honaiser (PDT), da cidade de Balsas (Sul do Estado), entregue
o posto para algum membro do PPS, haja vista que sua criticada
"indicação" escancarou a crise interna do PDT maranhense (confira aqui). Como diz a expressão popular, "é muito cacique pra pouco índio".
Sem
falar no próprio Dino, que desde 2010 vem juntando os cacos da derrota
eleitoral para Roseana e se calibrando para enfrentar o grupo Sarney com mais
força e chances reais de vitória. Os dois anos e meio à frente da Embratur, o
reordenamento de suas relações sociais na esfera judiciária e as alianças com
dissidentes da "oligarquia sarneysista" o credenciam como um dos
nomes mais cotados para assumir o comando do Palácio dos Leões em 01 de janeiro
de 2015. Sonho este que Flávio jamais abrirá mão em favor de quem quer que
seja.
Flávio Dino já tem vice (Márcio Honaiser, de camisa azul) e senador escolhidos, mas tucanos e socialistas querem fazer parte do "bolo"
Mesmo
assim e ainda incorporando a gramática política dos comunistas maranhenses de
"união das oposições", "luta contra a oligarquia" e
"frente de oposição programática", numa sinalização açodada do quanto
comungam do "sentimento de mudança" apregoado pelo consórcio liderado pelos dirigentes da
foice e do martelo, PPS e PSDB ressaltam no final do texto (escrito em
conjunto) uma saída alternativa para o certame, caso tal "aliança"
com o PCdoB não se concretize.
"O
ideal é que haja a convergência dos partidos de oposição em torno de uma única
candidatura ao governo e ao senado; todavia, caso não sejam criadas as
condições objetivas que viabilizem essa aliança, PPS e PSDB lançarão projeto
próprio fundamentado em um programa de governo que promova desenvolvimento com
sustentabilidade e a inclusão social de milhares de maranhenses", reza a
Nota.
Trocando
em miúdos, eis o "ultimato": ou Flávio Dino senta na mesa de
negociação para "rediscutir" sua chapa majoritária para o Governo e Senado e incluir mais agentes na repartição do "bolo", ou PPS e PSDB "quebrarão" os votos da oposição dinista (já imaginou Eliziane candidata ao Governo e Castelo, ao Senado, com a indicação de um "descontente" do PDT para a vaga de vice?) e
acabarão com o velho sonho de se repetir, mais uma vez, a "união das
oposições no Maranhão".
O êxito
de tal consórcio eleitoral aconteceu apenas uma vez na história política
maranhense e foi justamente nas eleições de 1965, quando José Sarney encabeçou
as "Oposições Coligadas" para derrotar, com apoio do regime militar,
o candidato do então "oligarca-mor", o senador Vitorino Freire, e se
tornar o "novo" governador do "Maranhão Novo", pondo fim ao período conhecido como "vitorinismo".
De lá para cá, todas as demais tentativas de "união das oposições" no Maranhão foram frustradas pela falta de entendimento entre os "caciques", que não queriam ser "índios".
Flávio Dino demonstra, a cada dia, conhecer bem essa história, a ponto de querer repeti-la em 2014 (pela enésima vez) para dar um fim ao chamado "sarneysismo".
No caso
de tucanos e socialistas, face ao "ultimato" à chapa majoritária
dinista, seria uma "oposição oportunista"?!
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