terça-feira, 30 de outubro de 2012

PALAVRAS REPETIDAS: EDIVALDO E A "PARCERIA COM ROSEANA SARNEY"


Edivaldo Holanda Júnior e seu vice Roberto Rocha

Por Hugo Freitas

Na entrevista coletiva que concedeu na tarde desta segunda-feira (28), num hotel do bairro do São Francisco, Edivaldo afirmou que irá colocar em prática todos os compromissos assumidos durante a campanha, inclusive dando continuidade às obras do prefeito João Castelo (PSDB) - garantindo serem revistas apenas as obras do VLT e do Hospital de Urgência e Emergência - além de trabalhar em parceria com a governadora Roseana Sarney (PMDB), ambos seus opositores no campo da disputa político-partidária.

"Quando falamos de abandonar as velhas práticas políticas e inserir novas, incluímos dar continuidade ao que está sendo feito. Não faz sentido assumir a prefeitura e parar obras necessárias a São Luís. Vamos, sim, dar continuidade a tudo de bom que já está sendo feito em São Luís", afirmou Edivaldo Júnior.

Sobre as relações com o Governo do Estado, o prefeito eleito foi taxativo: "A eleição acabou. É hora de desarmar os palanques. Em todas as cidades e estados, exceto São Luís, governo e prefeitura trabalham de forma institucional, mesmo que sendo adversários políticos. É necessária a parceria institucional, porque quem ganha é a população".

Na mesma coletiva, Holanda Júnior afirmou que continuará no grupo de Flávio Dino (PCdoB), mas que não é certo o nome do comunista para a disputa do Governo do Maranhão em 2014 (leia aqui).

Palavras repetidas

Edivaldo repete o mesmo discurso do falecido ex-governador Jackson Lago (PDT), quando de sua vitória sobre Roseana Sarney, nas eleições de 2006. Não há nada de novo em firmar e afirmar parcerias institucionais com opositores. Todos os que pregam o princípio da governabilidade colocam em prática tal preceito, que o diga o "deus" Lula e suas alianças anti-históricas.

Em 2006, no centro da Praça Maria Aragão lotada por milhares de pessoas que comemoravam a derrota nas urnas do "grupo sarney" (sendo este blogueiro testemunha ocular do evento) - a primeira desde que "El Bigodon" assumiu o governo estadual em 1965, com o apoio dos militares golpistas - Jackson teve a desventura de dizer que iria trabalhar em parceria justamente com "os sarneysistas", que já comandavam postos ministeriais e mandatos parlamentares na Câmara e no Senado.

Resultado: recebeu uma sonora vaia e frustrou as expectativas de todos que lotaram a praça para ver "os sarneys se mandarem pro Amapá", como bradaram as vozes entusiasmadas dos que lá estavam, em resposta à fala do finado governador.

Mais do que isso, três anos após esse desastroso discurso, Jackson foi expulso do Governo do Estado por obra e mérito dos mesmos "sarneys", que orquestraram o famoso "Golpe do Judiciário" que levou a cabo o seu mandato. Um ano depois, o governador cassado sairia definitivamente de cena, de forma melancólica, vindo a óbito por motivo de doença.

Palavras repetidas já demonstraram não surtirem efeito perante aqueles que querem a mudança de fato e não de foto. A população ficará ainda mais vigilante aos passos do novo prefeito, eleito muito mais pela péssima administração de João Castelo (PSDB) do que pelo discurso do "novo", tão pretérito quanto o fim recente da Ditadura, tão antigo quanto o pertencimento a um grupo familiar "tradicional" na política do Maranhão.

"Novos erros velhos" implicarão em nova manifestação de mudança, seja para eleger outras lideranças que ainda estão por vir, seja para dar espaço ao retorno dos antigos "dinossauros". Nesse último caso, cairá por terra o discurso de "luta contra a oligarquia", se é que já não caiu, e há tempos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato pela participação.