Por Hugo Freitas
Aos 75 anos de idade, João Castelo
(PSDB) anunciou o encerramento de sua carreira política, após a derrota para
Edivaldo Holanda Júnior (PTC), o mais novo prefeito eleito de São Luís.
Em um ginásio lotado de militantes e
partidários num colégio da capital, Castelo surpreendeu a todos, anunciando sua
aposentadoria política. "Pretendo encerrar minha carreira política no dia
31 de dezembro. Mas até lá continuarei como prefeito de São Luís", disse.
Emocionado, o experiente político, com
41 anos de vida pública, agradeceu a todos que o apoiaram na campanha e desejou
sucesso ao novo prefeito. "Eu desejo que ele seja feliz. Que ele consiga
realizar tudo aquilo o que prometeu para a melhoria da cidade de São
Luís".
Castelo se despediu do público,
informando que vai se dedicar à família e à escrita de seu livro de memórias.
"A partir de 31 de dezembro, vou poder me dedicar à realização de um
sonho, que é escrever um livro com as minhas memórias de 41 anos de vida
pública", finalizou o tucano.
Trajetória política
Com mais de quatro décadas dedicadas à
política maranhense, João Castelo é uma das figuras mais experientes do Estado,
por isso considerado nos círculos políticos como um dos últimos
"dinossauros" do Maranhão, ao lado de José Sarney, Edison Lobão e
Epitácio Cafeteira.
Além de prefeito da maior cidade
maranhense, Castelo foi presidente do Banco do Amazônia, deputado federal por
dois mandatos, governador do Maranhão, senador da República e novamente
deputado federal por mais dois mandatos. Também presidiu a Empresa Maranhense
de Administração Portuária, a EMAP, que gerencia o Porto do Itaqui.
Com a derrota nas urnas neste domingo (28), com uma diferença de mais de 60 mil votos (leia aqui), Castelo se tornou o
primeiro prefeito da capital maranhense a não conseguir a reeleição, desde o
advento dessa prerrogativa eleitoral.
A partir de 1997, quando o Congresso
Nacional aprovou a Emenda Constitucional 16, que permitiu a reeleição do
presidente da República, governadores e prefeitos, o finado Jackson Lago foi
reconduzido ao cargo nas eleições de 2000 e o ex-prefeito Tadeu Palácio, em
2004.
Perspectivas
A aposentadoria política de João
Castelo marca o fim simbólico de uma geração, a dos políticos respaldados pelas
antigas oligarquias advindas dos tempos do coronelismo e fortalecidas pela
Ditadura Militar (1964-1985), e o advento de uma outra, com a entrada de novas
lideranças e atores no jogo político maranhense.
Assim, a eleição de Edivaldo Holanda
Júnior em São Luís aponta para novas perspectivas políticas em todo o Maranhão,
uma vez que a população demonstrou nas urnas que um governo que não resolva os
problemas da cidade não serve para administrá-la. E isso funciona como alerta
para o próprio Edivaldo, caso ele não consiga colocar em prática todas as
propostas feitas em campanha.
O "novo" não pode resumir-se apenas à idade, e sim, às mudanças nas práticas políticas. O "novo" deve governar para o povo, e não para os ricos, os empresários politiqueiros; deve governar para os mais humildes e necessitados, e não para a manutenção do status quo; deve começar a administrar a cidade desde o primeiro dia de trabalho, e não apenas no fim do mandato, com obras eleitoreiras visando tão somente sua reeleição.
Daqui a quatro anos, a população ludovicense terá novamente a oportunidade de definir a permanência ou não de seu gestor. Erros repetidos implicarão em nova manifestação de mudança. Ganha a democracia quando há a participação crítica da sociedade e a rotatividade do poder.
Daqui a quatro anos, a população ludovicense terá novamente a oportunidade de definir a permanência ou não de seu gestor. Erros repetidos implicarão em nova manifestação de mudança. Ganha a democracia quando há a participação crítica da sociedade e a rotatividade do poder.
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