Por Hugo Freitas
O impasse na solução da greve dos
rodoviários continua. Enquanto os grevistas reivindicam aumento de 16% nos
vencimentos e redução da jornada de trabalho para 6h diárias, os empresários
afirmam não possuir condições de arcar com reajustes sem aumento no valor das
tarifas dos ônibus que circulam na capital.
Contudo, o argumento da classe patronal
parece não mais se sustentar. Isto porque a Justiça do Trabalho determinou ao
Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) a
contratação imediata de novos trabalhadores sob pena de multa, seleção iniciada nesta manhã (23).
Em entrevista concedida à imprensa
local na manhã de hoje (23), o presidente do Sindicato dos Rodoviários (STTREMA), Dorival Silva, questionou: "Com que dinheiro eles pagarão os novos trabalhadores?".
Além disso, Dorival criticou a qualidade dos serviços
prestados por estes novos trabalhadores, afirmando que "a contratação de
novos funcionários é um risco à população de São Luís, que terá nas ruas trabalhadores sem qualificação".
"Isso não resolve o problema de
hoje. O sistema atual opera quase cinco mil trabalhadores, e os empresários
alegavam que não havia mais funcionários qualificados em São Luís para serem
admitidos. De repente eles já são qualificados?", disse.
Diante disso, torna-se notório que a
contratação destes funcionários temporários é para evitar a penalidade do
Tribunal do Trabalho, já que a multa foi imposta por causa da não contratação
de motoristas e cobradores, ação que amenizaria o impacto da paralisação.
Por outro lado, a alegação do presidente do sindicato dos rodoviários não justifica a péssima qualidade do serviço prestado pelos atuais trabalhadores em greve. Muitos deles desrespeitam os pontos de parada obrigatória, não possuem paciência com os idosos e tratam os usuários de um modo geral com grosseria e ignorância.
Mais cedo, em entrevista a uma rádio de
São Luís, o assessor jurídico do Sindicato dos Rodoviários, José Rodrigues,
afirmou que a categoria não irá voltar ao trabalho se nenhum acordo for feito.
"Não vamos ceder um milímetro, enquanto os empresários não sentarem à mesa
para negociar. Sem negociação, não tem acordo e a paralisação vai
continuar", disse.
Rodrigues afirmou ainda que os
rodoviários não estão preocupados com multas e ameaças de demissão. Segundo
ele, se os empresários não têm dinheiro para conceder qualquer reajuste aos
trabalhadores, certamente não terão condições de bancar uma demissão em massa,
pensamento coadunado com o de Dorival Silva.
O assessor jurídico informou também que
já existe uma carência de cerca de 300 rodoviários e que, por conta disso,
muitos trabalhadores estão sendo obrigados a dobrar a jornada de trabalho.
"A população não tem conhecimento, mas muitos companheiros estão sendo
obrigados a dobrar a jornada de trabalho, correndo risco de acidente. Pelos
nossos levantamentos, cerca de 60% dos acidentes no transporte coletivo
envolvem colegas que estão dobrando serviços", disse ele.
A greve continua por tempo
indeterminado e, até o momento, não está prevista nenhuma nova rodada de reuniões entre rodoviários e empresários.
Ao persistirem tais impasses, os mais de 700 mil usuários do transporte público de São Luís continuam sendo os maiores prejudicados, arcando com o ônus dos filhos sem aulas nas escolas
públicas, com o gasto excedente com transporte alternativo (principalmente
vans, que aproveitaram o movimento paredista e aumentaram o valor das tarifas, girando em torno dos R$ 3,00) e com o cerceamento de sua liberdade de ir e vir.
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