segunda-feira, 3 de março de 2014

Sarney é homenageado por Escola de Samba, mas não desfilou para evitar "propaganda política"

José Sarney foi homenageado por escola de samba no Amapá. Obra literária do senador foi retratada no sambódromo.

Homenageado no carnaval amapaense pela escola Embaixada de Samba Cidade de Macapá, o senador José Sarney (PMDB/AP) disse a uma emissora de rádio local que deixou de comparecer ao desfile no sambódromo de Macapá para evitar que a Justiça Eleitoral interpretasse a presença dele no evento como “propaganda antecipada”.

“Eu não estive presente ao desfile para que não se confundisse a política com a literatura. (…) O que pesou muito foi o fato de a lei eleitoral poder interpretar como propaganda antecipada, como se eu estivesse me valendo do carnaval para fazer propaganda política pessoal”, justificou o senador durante a entrevista.

Com o enredo ‘Do Maranhão para o Amapá, a Viagem de um Poeta Vencedor’, a escola de samba do grupo de acesso retratou a obra literária de José Sarney. Entre os livros interpretados na Av. Ivaldo Veras, estavam Ensaio Sobre a Pesca de Curral (1953), A Canção Inicial (1954), Norte das Águas (1969), Os Marimbondos de Fogo (1978), Dono do Mar (1995), Saraminda (2000) e a Duquesa Vale uma Missa (2007).

O senador também não esteve presente no sambódromo assistindo ao desfile. Ele contou que ficou sabendo do desempenho da agremiação por telefone.

“Eu estava em espírito acompanhando o desfile e ao mesmo tempo telefonando para saber como é que tinha sido e fiquei muito feliz”, declarou o senador, membro da Academia Brasileira de Letras, com 124 obras literárias publicadas.

Escolha do enredo

O senador ainda disse que não interferiu na escolha do enredo da agremiação, mesmo a escola tendo como presidente Luiz Gionilson Pinheiro Borges, parente do ex-senador Gilvan Borges, presidente do PMDB no Amapá e aliado político de José Sarney.

“Eu acho que foi totalmente espontâneo, eu não interferi, não pedi, foram eles que tiveram a iniciativa e por isso sou duplamente grato pelo que eles fizeram”, disse durante a entrevista.

“O samba eu ouvi várias vezes e é muito bonito mesmo. (…) O enredo foi muito bem feito. Tive oportunidade de ver o desenho das fantasias e fiquei muito impressionado com a qualidade. Fico feliz por eles terem concretizado tudo isso”, afirmou Sarney.

Com informações do portal Globo.com

Em tempo, o senador José Sarney é o patriarca da família que comanda um verdadeiro "império midiático" no Maranhão (confira aqui). Portanto, no mínimo é bastante "curiosa" a declaração do congressista, haja vista que propaganda sempre foi (e ainda é) um dos pontos fortes e principal arma eleitoral de suas estratégias políticas.

Além disso, a história do Maranhão está repleta de exemplos que confirmam a imbricação entre Política e Literatura. Que o digam os célebres "literatos/políticos" maranhenses, que ocuparam desde cargos burocráticos em governos (estaduais e municipais) a mandatos eletivos.

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