Apoio de Marina a Aécio nas eleições presidenciais de 2014 foi a gota d'água que impulsionou o surgimento do coletivo intitulado "Raiz"
A "Raiz", movimento que começou com
dissidentes do grupo em torno de Marina Silva, planeja fazer uma assembleia de
fundação do seu partido em janeiro de 2016, aproveitando o Fórum Social Mundial
em Porto Alegre. Curiosamente, o movimento acontece quando Marina está prestes
a conseguir no Tribunal Superior Eleitoral o aval para que sua Rede
Sustentabilidade se oficialize como partido.
A Raiz começa agora o processo que a
Rede já trilha há mais de dois anos. Fará uma assembleia de fundação para então
pedir autorização ao TSE para começar a colher assinaturas. O movimento se
expandiu. Tem hoje site, documentos publicados e um estatuto. Conta com mais de
800 militantes – cerca de 40 deles vieram da Rede Sustentabilidade, de onde se
desgarraram desiludidos após um processo eleitoral conturbado, em que Marina
virou candidata presidencial após a morte de Eduardo Campos e, depois de sair
derrotada no primeiro turno acabou apoiando Aécio Neves do PSDB.
O apoio foi a gota d’água para os
militantes que, então, romperam com a Rede. Vieram para o projeto hoje
intitulado "Raiz" membros que tinham postos de direção na Rede, como
Renato Ribeiro, Marcelo Pilon, Emílio Franco Jr. e Valfredo Pires, que eram da
Executiva estadual da Rede em São Paulo, Marcelo Soares, que era da Executiva
no Rio Grande do Sul, e Washington Carvalho e Célio Turino da Executiva
nacional.
“Não queria fazer críticas à Rede, nós
tomamos caminhos diferentes e desejamos a eles boa sorte”, disse Turino,
atualmente a principal liderança da Raiz, ao Broadcast Político, serviço em
tempo real da Agência Estado. O historiador disse que leva de ensinamento do que
hoje vê como erros da Rede a necessidade de ter uma perspectiva mais clara e
menos conjuntural do partido que pretende ajudar a criar. “A gente gastou muita
energia na definição de rumos políticos e princípios mais claros, que foi algo
que faltou na Rede”, asseverou.
Questionado sobre o momento de crise
política e econômica, em que o Congresso discute uma reforma política, Turino
defende não ser uma contradição agregar mais uma legenda às 32 que já existem
no País. “Tem todos esses partidos, mas também não os temos de fato. É tudo muito
igual. É necessário criar alternativas, porque estamos em um quadro de
depressão social muito grande e o principal malefício desse processo é a
desesperança, que gera medo e gera ódio”, afirmou.
Neste feriado prolongado, a Raiz
promove uma plenária em São Paulo, que é mais um encontro em que debatem os
fundamentos ideológicos e rumos políticos. O encontro tem participação prevista
de políticos que apoiam o movimento, como deputada federal Luiza Erundina
(PSB-SP), o ex-deputado que atua no governo de Flavio Dino no Maranhão (PCdoB),
Domingos Dutra, que foi do PT e atualmente está no Solidariedade, e de Marília
Arraes, vereadora de Recife, que brigou com a família por considerar que ela
não tem defendido os princípios do avô falecido Miguel Arraes.
Inspirado em movimentos como o Podemos,
da Espanha, e o Syriza, da Grécia, a Raiz pretende ser um partido baseado nos
conceitos do "bem comum", do "bem viver" e do "ecossocialismo".
Assim como a Rede, a Raiz pretende ter
uma estrutura mais horizontal, sem um presidente e com decisões colegiadas. O
movimento pretende levar para a formação de partido a organização em círculos
temáticos, com círculos de jovens, LGBT, regionais etc. O projeto é que as executivas estaduais e nacional da Raiz se chamem
“esferas”.
As esferas estaduais também farão
indicações para a nacional e haverá integrantes escolhidos por sorteio. Tudo
isso evita a composição por tendências ou por grupos políticos.
Com informações do portal Estadão
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