Uma decisão judicial deve oxigenar o já convulsivo "debate" sobre o aumento no valor das tarifas do sistema de transporte coletivo da capital.
O juiz Clésio Coelho Cunha, que está
respondendo pela Vara de Interesses Difusos e Coletivos, extinguiu as ações
populares movidas pelo deputado estadual Wellington do Curso (PPS) e pelo
vereador Fabio Câmara (PMDB), que questionavam o aumento do preço das passagens
de ônibus e pleiteavam, liminarmente, a suspensão do referido
aumento. Dessa forma, o juiz entendeu que é válida a medida adotada pelo
Executivo municipal.
Em contestação às ações dos parlamentares, a Procuradoria Geral do
Município demonstrou, entre outras questões, a impossibilidade jurídica do
pedido, uma vez que a política tarifária é ato privativo do Poder concedente, e
a necessidade de manutenção do "equilíbrio econômico-financeiro" do sistema.
Ainda em contestação, o Município
sustentou que o ato administrativo do poder público, consubstanciado
no decreto que reajustou o preço das tarifas do transporte coletivo, pertence à
seara discricionária da administração pública municipal.
Acolhendo os argumentos da contestação,
o juiz entendeu ainda que o demandante não conseguiu indicar com clareza em que
consistiria a lesão ao patrimônio público - uma das circunstâncias que ensejam
o manejo de uma Ação Popular - nem indicou qual seria o prejuízo ao erário
municipal oriundo do acréscimo do valor das passagens.
Em uma das passagens da decisão, o juiz
explica que "o ato questionado se situa na esfera da discricionariedade da
administração pública, pois cabe somente a ela disciplinar o quantum devido
pelas tarifas a serem cobradas pelas concessionárias de serviços públicos,
proporcionando, desse modo, o equilíbrio econômico-financeiro da atividade, sem
que para isso se imponha gravames exagerados aos administrados (...) O agente
público, no exercício da função pública e em razão de um dever legal, escolhe a
melhor situação".
Com a decisão judicial de que o aumento
das tarifas é "legal", a tendência é que os novos protestos contra o
reajuste, já agendados para a próxima semana, sejam ainda mais intensos.
Inclusive, o debate na Câmara de Vereadores também deve se acirrar, já que os edis reclamaram, e muito, por conta do reajuste ter entrado em vigor sem a realização de uma audiência pública na Casa, como estabelece a Lei, para discutir as necessidades e os impactos à população deste segundo aumento no preço das passagens em menos de um ano.
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