Praia Grande, Centro histórico de São Luís
A capital maranhense, que hoje (08 de setembro) completa 400 anos de fundação francesa, tendo sido invadida por holandeses (1641-1644), é lembrada pelo enorme casario de arquitetura portuguesa.
No início, abrigava apenas ocas
de madeira e palha e uma paisagem quase intocada. Nesta Ilha ficava a aldeia de
Upaon-Açu, onde os índios tupinambás - entre 200 e 600 d.c., segundo cronistas
franceses - viviam da agricultura de subsistência (pequenas plantações de
mandioca e batata doce) e das ofertas da natureza, caçando, pescando, coletando
frutas.
Em 1535, a divisão do país em capitanias hereditárias deu ao tesoureiro
João de Barros a primeira oportunidade de colonizar a região.
Na década de 1550 foi fundada a cidade
de Nazaré, provavelmente, onde hoje é São Luís, que acabou sendo abandonada
devido à resistência dos índios e a dificuldade de acesso à Ilha.
Daniel de La Touche, conhecido como
Senhor de La Ravardière, acompanhado de cerca de 500 homens, chegou à região,
em 1612, para fundar a França Equinocial e realizar o sonho francês de se
instalar na região dos trópicos. Uma missa rezada por capuchinos e a construção
de um forte marcaram a data de fundação da nova cidade: 8 de setembro. Logo se
aliaram aos índios, que foram fiéis companheiros na batalha contra portugueses
vindos de Pernambuco decididos a reconquistar o território, o que acabou por
acontecer alguns anos depois.
Comandada por Alexandre de Moura, a
tropa lusitana expulsou os franceses em 1615 e Jerônimo de Albuquerque foi
destacado para comandar a cidade. Dos fundadores restou o nome de São Luís, uma
homenagem ao rei francês Luís XIII, estranhamente mantida pelos portugueses.
Açorianos chegaram à cidade em 1620 e a
plantação da cana para produção de açúcar e aguardente tornou-se, então, a
principal atividade econômica na região. Os índios foram usados como mão de
obra na lavoura. A produção foi pequena durante todo o séc. XVII e, como
praticamente não circulava dinheiro na região, os excedentes eram trocados por
produtos vindos do Pará, Amazônia e Portugal. Rolos de pano eram um dos objetos
valorizados na época, constando inclusive nos testamentos dos senhores mais
abastados.
Em 1641, foi a vez dos holandeses de
Maurício de Nassau, que já comandavam Pernambuco, tomarem a cidade. Chegaram
pelo porto do Desterro, saquearam a igreja que nele fica e só foram vencidos
três anos depois. Preocupado com o isolamento geográfico e os constantes
ataques à região, o governo colonial decidiu então fundar o Estado do Maranhão
e Grão Pará, independente do resto do país.
A criação da Companhia de Comércio do
Estado do Maranhão, em 1682, integrou a região ao grande sistema comercial
mantido por Portugal. As plantações de cana, cacau e tabaco eram agora voltadas
para exportação, tornando viável a compra de escravos africanos. A Companhia,
de gestão privada, passou a administrar os negócios na região em substituição à
Câmara Municipal. O alto preço fixado para produtos importados e discordâncias
quanto ao modelo de produção, geraram conflitos nas elites que culminaram na
Revolta de Beckman, considerada a primeira insurreição da colônia contra
Portugal. O movimento foi prontamente reprimido pelas forças governistas.
Na segunda metade do séc. XVIII, devido
a Guerra de Secessão, os Estados Unidos interrompem sua produção de algodão e
abrem espaço para que o Maranhão passe a fornecer a matéria-prima demandada pela
Inglaterra. Em 1755, é fundada a Companhia Geral do Comércio do Grão Pará e o
porto de São Luís ganha enorme movimento de chegada e saída de produtos. Com a
proibição do uso de escravos indígenas e o aumento das plantações, sobe muito o
número de escravos negros.
Se desde o final do séc. XVII novos
elementos da civilização europeia já chegavam a São Luís por vias marítimas
(com destaque para os religiosos carmelitas, jesuítas e franciscanos, que
também passaram a educar a população), este processo de modernização aumentou
no novo ciclo econômico, trazendo benefícios urbanos para a cidade. Durante o
período pombalino (1755-77), é realizada a canalização da rede de água e
esgotos e a construção de fontes pela cidade.
Em 1780, é construída a Praça do Comércio,
na Praia Grande, que se torna centro da ebulição econômica e cultural de São
Luís. Tecidos, móveis, livros e produtos alimentícios, como o azeite português
e a cerveja da Inglaterra, eram algumas das novidades vindas do velho
continente.
Os filhos dos senhores eram enviados
para estudar no exterior, enquanto na periferia da cidade, longe da repressão
da polícia e das elites, os escravos fermentavam uma das culturas negras mais
ricas do país.
Entre as abastadas famílias de comerciantes estava a senhora Ana Jansen, conhecida por maltratar, torturar e até matar seus escravos. Além de dar nome a uma lagoa que fica na parte nova da cidade, Ana Jansen é, também, lembrada por meio de uma lenda: sua carruagem, puxada por cavalos brancos sem cabeça, estaria circulando, ainda hoje, pelas ruas escuras de São Luís.
O grande fluxo comercial de algodão, que chegou a fazer da capital maranhense a terceira cidade mais populosa do país (atrás apenas do Rio de Janeiro e Salvador), entrou em decadência no fim do século XIX, devido à recuperação da produção norte-americana e a abolição da escravatura. A produção agrícola foi aos poucos sendo suplantada pela indústria têxtil que, além de matéria-prima, encontrou mão de obra e mercado consumidor na região. A nova atividade colaborou para a expansão geográfica da cidade e surgimento de novos bairros na periferia.
Entre as abastadas famílias de comerciantes estava a senhora Ana Jansen, conhecida por maltratar, torturar e até matar seus escravos. Além de dar nome a uma lagoa que fica na parte nova da cidade, Ana Jansen é, também, lembrada por meio de uma lenda: sua carruagem, puxada por cavalos brancos sem cabeça, estaria circulando, ainda hoje, pelas ruas escuras de São Luís.
O grande fluxo comercial de algodão, que chegou a fazer da capital maranhense a terceira cidade mais populosa do país (atrás apenas do Rio de Janeiro e Salvador), entrou em decadência no fim do século XIX, devido à recuperação da produção norte-americana e a abolição da escravatura. A produção agrícola foi aos poucos sendo suplantada pela indústria têxtil que, além de matéria-prima, encontrou mão de obra e mercado consumidor na região. A nova atividade colaborou para a expansão geográfica da cidade e surgimento de novos bairros na periferia.
Hugo Freitas
*Com informações do portal Cidades Históricas
**Fotos antigas coletadas do álbum de Gaudêncio Cunha, de 1908, e do acervo particular de seu amigo Diogo Galhardo.
**Fotos antigas coletadas do álbum de Gaudêncio Cunha, de 1908, e do acervo particular de seu amigo Diogo Galhardo.
sensacional a matéria e o conjunto de fotos. Demais!!!
ResponderExcluirÓtimo material. Ainda mais com fotos. Parabéns!!!
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