A caminhada do
Corinthians para o título da Copa Libertadores não teve atuações de encher os
olhos ou um ataque arrebatador, mas, sim, uma defesa sólida e consistente,
principal trunfo da equipe ao longo dos 14 jogos da competição. Com o jogo
baseado na marcação, às vezes no campo de ataque, outras esperando o
adversário, o técnico Tite implementou a sua filosofia, os jogadores abraçaram
a ideia e, desta forma, levaram o clube ao seu primeiro título continental.
Desde a primeira fase
foi assim, quando o Corinthians sofreu apenas dois gols em seis partidas
disputadas. No mata-mata, a equipe conseguia segurar o adversário fora de casa,
para decidir em seus domínios. Foi assim contra o Emelec, quando empatou por 0
a 0 no Equador e venceu por 3 a 0 no Pacaembu, ou contra o Vasco, quando também
ficou na igualdade sem gols fora de casa e decidiu em seus domínios.
A exceção foi o
confronto histórico diante do Santos. No primeiro tempo da partida na Vila
Belmiro, o time do Parque São Jorge talvez tenha tido a sua melhor atuação na
competição, pressionando o adversário na marcação e controlando o jogo. Não à
toa o golaço de Emerson, que selou o triunfo por 1 a 0, foi marcado na primeira
etapa. Na volta, no Pacaembu, a equipe não jogou bem, mas conseguiu segurar o
empate por 1 a 1 que lhe garantiu na decisão.
A igualdade por 1 a 1
diante do Boca Juniors, em La Bombonera, fez com que o título corintiano só
pudesse ser garantido de forma invicta, já que a equipe ainda não havia perdido
na competição e precisava pelo menos de um empate na partida de volta para
levar a partida para os pênaltis. Com isso, o clube igualou um feito conseguido
seis vezes por apenas quatro times: o próprio Boca Juniors, em 1960 e 1978, o
Santos, em 1963, o Independiente, em 1964, e o Estudiantes, em 1969 e 1970.
O mérito de Tite ao
ajeitar a defesa corintiana torna-se ainda maior se considerarmos que três das
cinco peças do setor foram mudadas desde o início do ano. Na lateral direita,
Alessandro começou como titular, mas se lesionou e viu o volante Edenilson se
destacar improvisado na posição. Só com uma contusão do companheiro, o
experiente lateral voltou a assegurar sua vaga. Na zaga, Paulo André conquistou
a posição no fim do ano passado e seria o titular, se não fosse a lesão em seu
joelho direito. Assim, Chicão voltou à equipe e comandou o setor com sua
liderança.
Mas a principal
mudança aconteceu no gol. Campeão brasileiro como titular em 2011, Júlio César
atuou durante toda a fase de grupos da Libertadores, mas, após uma falha diante
da Ponte Preta, nas quartas de final do Campeonato Paulista, foi substituído. O
desconhecido Cássio entrou em seu lugar, fechou o gol na partida de ida diante
do Emelec e conquistou a confiança de Tite. Na partida de volta diante do
Vasco, ele teria papel fundamental ao defender chute à queima-roupa de Diego
Souza, quando o jogo ainda estava em 0 a 0.
Mas o ataque também
foi bastante alterado ao longo da competição. O Corinthians iniciou sua
caminhada diante do Deportivo Táchira (empate por 1 a 1 na Venezuela) com três
atacantes. Já diante do Nacional, do Paraguai, no segundo jogo, Emerson perdeu
a vaga para Alex e só a reconquistaria no confronto seguinte diante dos
paraguaios, entrando justamente no lugar do meia, que estava machucado. Somente
na primeira partida diante do Vasco foi utilizada a formação que seria campeã,
no 4-4-2, com Jorge Henrique e Emerson à frente, sem Liedson.
Quando o time
finalmente estava definido e parecia que nada mais mudaria, surgiu a estrela de
um jogador desconhecido até então. Romarinho foi contratado pelo Corinthians no
fim de maio, após o confronto diante do Vasco. Ele sequer entrou nas partidas
contra o Santos, mas, depois de marcar dois gols em um clássico contra o
Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro, agradou Tite. Com a equipe perdendo por
1 a 0 para o Boca Juniors na primeira partida da decisão, o treinador apostou
no jovem atacante, que marcou o gol de empate na Bombonera, fundamental para o
título.
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