Aos 51 anos, Tite
escreve seu nome definitivamente entre os principais treinadores do Brasil com
o título do Corinthians na Copa Libertadores, vencido nesta quarta-feira. Além
da importância natural da conquista, ele será lembrado para sempre por ser um
dos responsáveis por acabar com um dos maiores fantasmas do futebol brasileiro,
já que o torneio continental era o principal sonho da torcida corintiana.
E Tite é, sim, um dos
grandes causadores desta vitória. Chamado de retranqueiro em muitas
oportunidades, foi ele quem imprimiu o estilo marcador a este Corinthians, que
tem justamente em sua defesa a maior virtude. A invencibilidade ao longo dos 14
jogos da competição só foi conquistada graças à consistência dada pelo esquema
de jogo do treinador.
Na equipe de Tite,
todos têm alguma função defensiva, principalmente se levarmos em conta a
formação que terminou o torneio como titular. Jorge Henrique e Emerson eram os
dois atacantes, no esquema 4-4-2, mas não era raro vê-los defendendo, marcando
os laterais adversários. Em alguns momentos, como no primeiro jogo contra o
Santos, Jorge Henrique chegou a marcar o atacante do rival - no caso, Neymar.
Foi desta forma,
também, que o treinador garantiu uma defesa quase intransponível ao longo da
competição. Na fase de grupos, por exemplo, foram apenas dois gols sofridos em
seis partidas disputadas.
Mas para chegar a esta
conquista e escrever seu nome de vez na história do Corinthians, Tite precisou
superar diversos obstáculos. Contratado no final de 2010 para sua segunda
passagem pelo clube, o treinador viu seu time sucumbir ao Fluminense e ficar
com a terceira colocação do Campeonato Brasileiro daquele ano, depois de ter o
título praticamente nas mãos.
Com isso, a equipe
acabou indo para a fase preliminar da Libertadores do ano seguinte e foi aí que
ele sofreu o golpe mais duro no comando do Corinthians. Diante do inexpressivo
Deportes Tolima, o time brasileiro acabou caindo, depois de um empate por 0 a 0
no Pacaembu e uma derrota por 2 a 0 na Colômbia. Para piorar, o técnico foi
duramente criticado por suas opções na escalação, principalmente na segunda
partida, quando deixou Roberto Carlos de fora e não escalou nenhum meia.
Até hoje o próprio
Tite admite que a sua permanência só aconteceu por causa da vitória na partida
seguinte, diante do Palmeiras, pelo Campeonato Paulista. Apesar da crise
instaurada, o treinador soube se reerguer no comando da equipe e levou-a ao
título brasileiro daquele ano.
Com estilo motivador e
de fala difícil, o técnico corintiano se tornou um personagem, principalmente
em suas entrevistas coletivas, cheias de palavras complicadas e palavrões. Foi
desta forma que ele colocou seu nome no seleto grupo de treinadores brasileiros
campeões da Libertadores, se tornando o 12.º a conseguir o feito.
Muito antes, no entanto,
ele já havia chegado perto de alcançar este sonho. Em 2001, garantiu o direito
de disputar a competição continental com o Grêmio ao vencer a Copa do Brasil,
batendo justamente o Corinthians na final. Há dez anos, no entanto, viu o time
gaúcho parar na semifinal ao ser derrotado nos pênaltis pelo Olímpia, do
Paraguai, em pleno Estádio Olímpico.
Com a conquista desta
quarta-feira, Tite confirma-se entre os maiores técnico do País, ao lado de
nomes como Luiz Felipe Scolari, Muricy Ramalho e Abel Braga. Para se ter uma
ideia da dificuldade de disputar uma Libertadores, Vanderlei Luxemburgo, um dos
principais treinadores brasileiros dos últimos tempos, jamais a venceu.
Este foi o segundo
título continental do técnico corintiano, que havia vencido a Copa
Sul-Americana com o Internacional em 2008. Depois de passar dez anos em clubes
de menor expressão no Rio Grande do Sul, no início da carreira, Tite despontou
para o futebol no Grêmio. Depois, passou pelo São Caetano, antes de desembarcar
no Corinthians para sua primeira passagem, em 2004, quando livrou o time do
rebaixamento no Brasileirão. Então, seguiu para o Atlético Mineiro, comandou
ainda Palmeiras, Al Ain e Al-Wahda, antes de voltar ao Parque São Jorge.
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