quinta-feira, 22 de março de 2012

PROFESSOR DA UFMA ACUSADO DE RACISMO PODE PEGAR 15 ANOS DE PRISÃO

Professor Cloves Saraiva e o aluno nigeriano, Nuhu Ayuba

Não caiu no esquecimento a grave denúncia publicada neste blog, em primeira mão, em junho do ano passado (REVEJA AQUI), e que teve repercussão nacional, sobre o crime de racismo cometido por um professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) contra um aluno de origem africana.

Nesta quinta-feira (22), o Ministério Público Federal (MPF/MA) denunciou o professor de Cálculo Vetorial e Geometria Analítica da UFMA, José Cloves Verde Saraiva, pelos crimes de racismo, xenofobia e injúria racial cometidos contra o estudante nigeriano Nuhu Ayuba, em meados de 2011.

Segundo os relatos das testemunhas dos fatos ouvidas pela Polícia Federal (PF), o professor Cloves Saraiva fez diversas ofensas ao aluno dentro de sala de aula, o que teria prejudicado o desempenho do mesmo. O professor se referiu ao estudante, inúmeras vezes, de maneira ofensiva, inclusive afirmando que o universitário deveria "clarear a sua pele" e "voltar para a África em navio negreiro".

Os relatos prestados à PF pelas testemunhas confirmaram a "Carta-Denúncia" enviada ao titular deste blog no dia 29 de junho de 2011 (REVEJA), assim como a própria versão relatada pela vítima à imprensa, à época (CONFIRA AQUI).

No entendimento do procurador da República, Israel Gonçalves Santos Silva, que preside o órgão denunciante, "é inaceitável qualquer prática racista ou preconceituosa, principalmente a lançada no seio de um ambiente acadêmico, que deveria prezar pelo acolhimento da mais ampla diversidade sociocultural e etnicorracial, dada à pluralidade dos cidadãos que compõem o povo brasileiro".

Segundo a ação do MPF, o professor José Cloves Verde Saraiva deve responder criminalmente pelos crimes de racismo, xenofobia e injúria racial. Se condenado, a pena pode chegar a 15 anos de reclusão, além do pagamento de multa indenizatória.

O MPF também está movendo uma ação de improbidade contra o professor. Para o procurador Israel Gonçalves, autor das ações, o professor Clóvis Saraiva incidiu também em ato de improbidade administrativa, uma vez que descumpriu o dever de não discriminar, ofendendo, pois, princípios básicos da administração pública, como da legalidade, impessoalidade e moralidade, e, ainda em desacordo com os princípios que regem o ensino público federal e o exercício do magistério.

Neste caso, a pena pode chegar à perda do cargo público e à suspensão dos direitos políticos por 5 anos.

À época dos acontecimentos, o professor havia dirigido a este blog uma "Retratação Pública", onde apresentava sua versão dos fatos sugerindo que a vítima era um mal aluno, criticando o seu comportamento em relação às atividades acadêmicas de "lamentável" (REVEJA AQUI).

Hugo Freitas

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