Chico Anysio (*1931 +2012)
Morreu às 14h52 desta sexta-feira (23), aos 80 anos, o humorista Chico Anysio. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, há 112 dias.
Ao longo de seus 65 anos de carreira, o cearense Chico Anysio criou mais de 200 personagens e foi um dos maiores humoristas do Brasil com destaque no rádio, na TV, no cinema e no teatro. Ele deixa oito filhos e completaria 81 anos no dia 12 de abril.
Nos momentos mais críticos, quando esteve no hospital entre dezembro de 2010 e março de 2011, Chico necessitou da ajuda de aparelhos para respirar e se comunicava com médicos e familiares por meio de mímica.
Durante o período de internação, que alternou momentos no CTI e em unidades intermediárias, Chico Anysio apresentou quadros de pneumonia e passou por sucessivos tratamentos. As infecções foram combatidas com o uso de antibióticos.
O artista piorou no início desta semana e, na segunda (19), voltou a respirar com a ajuda de aparelhos em período integral. No dia seguinte, teve uma complicação renal.
Na noite de quarta (21), ele foi submetido a uma sessão de hemodiálise e apresentou instabilidade hemodinâmica, por isso fez uso de alta dose de medicamentos para controlar a pressão arterial. Seu estado foi considerado crítico pelos médicos na manhã desta quinta.
Chico Anysio deu entrada no mesmo hospital em novembro de 2011 devido a uma infecção urinária. Após ser tratado com um ciclo de antibióticos, recebeu alta para passar o Natal com a família, mas voltou a ser internado no dia seguinte com hemorragia digestiva.
Ele chegou a respirar sem aparelhos no início de janeiro, mas voltou a piorar, teve febre e permanecia sedado. Em fevereiro, foi diagnosticado com uma infecção pulmonar, que estava sendo controlada com o uso de antibióticos.
Malga Di Paula, atual mulher do artista, fez campanha contra o cigarro no Facebook na semana passada. "[Chico] é uma das vítimas de uma geração desinformada, que usava o cigarro por uma questão de charme", publicou ela na rede social.
Chico Anysio, em uma entrevista à TV Brasil, já havia dito que a única coisa que ele se arrependia de ter feito em vida foi ter fumado por mais de 40 anos, pois o cigarro havia destruído seu pulmão.
Além da mulher, o humorista deixa oito filhos de casamentos anteriores.
HISTÓRICO MÉDICO
Chico Anysio já havia passado três meses no mesmo hospital no início de 2011, quando deu entrada com falta de ar e foi detectada uma obstrução de artéria coronariana. Ele foi submetido a uma angioplastia, procedimento que desobstrui as artérias.
No período pós-operatório, o humorista passou por diversas complicações, como tamponamento cardíaco e pneumonia. Ele precisou de auxílio de máquinas para respirar em vários momentos da internação, e foi submetido ainda a uma traqueostomia.
O humorista esteve internado em outras duas ocasiões em 2010: em maio e agosto. Na primeira, teve de tratar uma infecção respiratória.
Na época, escreveu em seu blog: "Estou vivo e paciente, esperando a cada telefonema que seja alguém da Globo, vestido de azul marinho, dizendo que alguém da mesma cor quer me ver novamente na telinha".
Já a segunda internação, em agosto, ocorreu por causa de uma hemorragia digestiva e ele passou por duas cirurgias no intestino. A recuperação foi rápida e, em setembro, Chico voltou aos palcos ao lado de Tom Cavalcanti no espetáculo "Chico.Tom".
Sua saúde foi se debilitando ao longo da última década. Em 2000, Chico Anysio foi internado com dores no peito. No ano seguinte, teve problemas pulmonares. Em 2006, foi internado duas vezes: primeiro, teve uma infecção respiratória, em seguida, sofreu uma queda em casa na qual fraturou uma vértebra.
ÚLTIMAS CENAS
Em 2009, o artista fez uma participação na novela "Caminho das Índias", como o trambiqueiro Namit, pai de Radesh (Marcius Melhem).
No ano passado, recebeu o prêmio especial do júri no Festival de Cinema do Rio por sua atuação no filme "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", dirigido por Vinicius Coimbra.
De meados de 2011 até o início deste ano, Chico Anysio apareceu nas telinhas maranhenses como garoto-propaganda de uma concessionária de veículos, no qual ele próprio anunciava a empresa, com a voz e o corpo debilitados.
No último comercial exibido no Maranhão ainda como garoto-propaganda da mesma concessionária, Chico Anysio aparece abraçado com um de seus filhos, também ator, mas agora sem falar, apenas sendo coadjuvante.
É a última imagem registrada na memória deste blogueiro de um dos maiores mestres do humor e do campo artístico brasileiro. Descanse em paz, mestre Chico Anysio.
Hugo Freitas
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