O Blog do Hugo Freitas reproduz, na
íntegra, um interessante e arguto artigo sobre a vida e a trajetória política
de Nelson Mandela, um dos maiores líderes políticos que a Humanidade já viu.
Em artigo intitulado "50 Verdades
sobre Nelson Mandela", o professor francês Salim Lamrani apresenta um
Mandela diferente daquele pincelado pelas principais potências mundiais no dia
do seu falecimento (confira aqui).
O texto resgata seu papel militante nas
causas que acreditava e pelas quais lutava. Luta que rendeu a "Madiba" 27 anos de
prisão durante o regime segregacionista do Apartheid, vigente na África do Sul
de 1948 a 1993.
Acompanhe a trajetória de Nelson
Mandela pelo olhar de Salim Lamrani, "pescado" do blog "Ecos das Lutas", com edição:
"O herói da luta contra o
apartheid marcou para sempre a história da África. No crepúsculo de sua
existência, Nelson Mandela é venerado por todos. Ainda assim, as grandes
potências ocidentais se opuseram até o último instante à sua luta pela emancipação
humana e apoiaram o governo racista de Pretoria."
Por Salim Lamrani (*)
1. Nascido no dia 18 de julho de 1918,
Nelson Rolihlahla Mandela, apelidado de Madiba, é o símbolo por excelência da
resistência à opressão e ao racismo na luta pela justiça e pela emancipação
humana.
2. Procedente de uma família de treze
filhos, Mandela foi o primeiro a estudar em uma escola metodista e a cursar
direito na Universidade de Fort Hare, a única que aceitava, então, pessoas de
cor no governo segregacionista do apartheid.
3. Em 1944, aderiu ao Congresso
Nacional Africano (CNA) e, particularmente, à sua Liga da Juventude, de
inclinação radical.
4. O apartheid, elaborado em 1948
depois da vitória do Partido Nacional Purificado, instaurava a doutrina da
superioridade da raça branca e dividia a população sul-africana em quatro
grupos distintos: os brancos (20%), os índios (3%), os mestiços (10%) e os
negros (67%). Esse sistema segregacionista discriminava 4/5 da população do
país.
5. Foram criados “bantustões”, reservas
territoriais destinadas às pessoas de cor, para amontoar as pessoas não
brancas. Assim, 80% da população tinha de viver em 13% do território nacional,
muitas vezes sem recursos naturais ou industriais, na total indigência.
6. Em 1951, Mandela se transformou no
primeiro advogado negro de Johanesburgo e assumiu a direção do CNA na província
de Transvaal um ano depois. Também foi nomeado vice-presidente nacional.
7. À frente do CNA, lançou a defiance
campaign, contra o governo racista do apartheid, e utilizou a desobediência
civil contra as leis segregacionistas. Durante a manifestação do dia 6 de abril
de 1952, data do terceiro centenário da colonização da África do Sul pelos
brancos, Mandela foi condenado a um ano de prisão. De sua prisão domiciliar em
Johanesburgo, criou células clandestinas do CNA.
8. Em nome da luta contra o apartheid,
Mandela preconizou a aliança entre o CNA e o Partido Comunista Sul-africano.
Segundo ele, “o CNA não é um partido comunista, mas um amplo movimento de
libertação que, entre seus membros inclui comunistas e outros que não o são.
Qualquer pessoa que seja membro leal do CNA, e que respeite a disciplina e os
princípios da organização, tem o direito de pertencer às suas filas. Nossa
relação com o Partido Comunista Sul-Africano como organização é baseada no
respeito mútuo. Nos unimos ao Partido Comunista Sul-Africano em torno daqueles
objetivos que nos são comuns, mas respeitamos a independência de cada um e sua
identidade visual. Não houve tentativa alguma por parte do Partido Comunista
Sul-Africano de subverter o CNA. Pelo contrário, essa aliança nos deu força
política.”
9. Em dezembro de 1956, Mandela foi
preso e acusado de traição com mais de uma centena de militantes antiapartheid.
Depois de um processo de quatro anos, os tribunais o absolveram.
10. Em março de 1960, depois do
massacre de Sharperville, perpetrado pela polícia contra os manifestantes
antisegregação, que custou a vida de 69 pessoas, o governo do apartheid proibiu
o CNA.
11. Mandela fundou então o Umkhonto we
Sizwe (MK) e preconizou a luta armada contra o governo racista sul-africano.
Antes de optar pela doutrina da violência legítima e necessária, Mandela se
inspirou da filosofia da não violência de Gandhi: “Embora tenhamos pegado em
armas, não era nossa opção preferida. Foi o governo do apartheid que nos
obrigou a pegar em armas. Nossa opção preferida sempre foi a de encontrar uma
solução pacífica para o conflito do apartheid.”
12. O MK multiplicou, então, os atos de
sabotagem contra os símbolos e as instituições do apartheid, preservando ao
mesmo tempo as vidas humanas, lançou com sucesso uma greve geral e preparou o
terreno para a luta armada com o treinamento militar de seus membros.
13. Durante sua estada na Argélia, em
1962, depois da intervenção do presidente Ahmed Ben Bella, Mandela aproveitou
para aperfeiçoar seus conhecimentos sobre a guerra de guerrilhas. A Argélia
colocou à disposição do CNA campos de treinamento e deu apoio financeiro aos
residentes antiapartheid. Mandela recebeu ali uma formação militar. Inspirou-se
profundamente na guerra da Frente de Libertação Nacional do povo argelino
contra o colonialismo francês. Quando libertado, Mandela dedicaria sua primeira
viagem ao exterior à Argélia, em maio de 1990, e renderia tributo ao povo
argelino: “Foi a Argélia que fez de mim um homem. Sou argelino, sou árabe, sou
muçulmano! Quando fui ao meu país para enfrentar o apartheid, me senti mais
forte”. Recordaria ter sido “o primeiro sul-africano treinado militarmente na
Argélia.”
14. Mandela estudou minuciosamente os
escritos de Mao e de Che Guevara. Transformou-se em um grande admirador do
guerrilheiro cubano-argentino. Depois de ser libertado, declararia: As
“façanhas revolucionárias [de Che Guevara] — inclusive no nosso continente —
foram de tal magnitude que nenhum encarregando de censura na prisão pôde
escondê-las. A vida do Che é uma inspiração para todo ser humano que ame a
liberdade. Sempre honraremos sua memória.”
15. Cuba foi uma das primeiras nações
que deu sua ajuda ao CNA. A esse respeito, Nelson Mandela destacou: “Que país
solicitou a ajuda de Cuba e lhe foi negada? Quantos países ameaçados pelo
imperialismo ou que lutam pela sua libertação nacional puderam contar com o
apoio de Cuba? Devo dizer que quando quisemos pegar em armas nos aproximamos de
diversos governos ocidentais em busca de ajuda e somente obtivemos audiências
com ministros de baixíssimo escalão. Quando visitamos Cuba fomos recebidos
pelos mais altos funcionários, os quais, de imediato, nos ofereceram tudo o que
queríamos e necessitávamos. Essa foi nossa primeira experiência com o
internacionalismo de Cuba.”
16.No dia 5 de agosto de 1962, depois
de 17 meses de vida clandestina, Mandela foi levado à prisão em Johanesburgo,
graças à colaboração dos serviços secretos dos Estados Unidoscom o governo de
Pretoria. A CIA deu às forças repressivas do apartheid a informação necessária
para a captura do líder da resistência sul-africana.
17. Acusado de ser o organizador da
greve geral de 1961 e de sair ilegalmente do território nacional, ele foi
condenado a cinco anos de prisão.
18. Em julho de 1963, o governo prendeu
11 dirigentes do CNA em Rivonia, perto de Johanesburgo, sede da direção do MK.
Todos foram acusados de traição, sabotagem, conspiração com o Partido Comunista
e complô destinado a derrubar o governo. Já na prisão, Mandela foi acusado das
mesmas coisas.
19. No dia 9 de outubro de 1963,
começou o famoso julgamento de Rivonia na Corte Suprema de Pretoria. No dia 20
de abril de 1964, frente ao juiz africâner Quartus de Wet, Mandela desenvolveu
sua alegação brilhante e destacou que, frente ao fracasso da desobediência
civil como método de combate para conseguir a liberdade, a igualdade ou a
justiça, frente aos massacres de Sharperville e à proibição de sua organização,
o CNA não teve outro remédio senão recorrer à luta armada para resistir à
opressão.
20. No dia 12 de junho de 1964, Mandela
e seus companheiros foram declarados culpados de motim e condenados à prisão
perpétua.
21. O Conselho de Segurança das Nações
Unidas denunciou o julgamento de Rivonia. Em agosto de 1963, condenou o governo
do apartheid e pediu às nações do mundo que suspendessem o fornecimento de
armas à África do Sul.
22. As grandes nações ocidentais, como
Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, longe de respeitarem a resolução do
Conselho de Segurança, apoiaram o governo racista sul-africano e multiplicaram
o fornecimento de armas.
23. De Charles de Gaulle, presidente da
França de 1959 a 1969, até o governo de Valéry Giscard d'Estaing, presidente da
França de 1974 a 1981, a França foi um fiel aliado do poder racista de Pretoria
e se negou sistematicamente a dar apoio ao CNA em sua luta pela igualdade e
pela justiça.
24. Paris nunca deixou de fornecer
material militar para Pretoria, provendo até mesmo a primeira central nuclear
da África do Sul, em 1976. Sob os governos de De Gaulle e de Georges Pompidou,
presidente entre 1969 e 1974, a África do Sul foi o terceiro maior cliente da
França em matéria de armamento.
25. Em 1975, o Centro Francês de
Comércio Exterior (CFCE) disse que “a França é considerada o único verdadeiro
apoio da África do Sul entre os grandes países ocidentais. Não apenas fornece
ao país o essencial em matéria de armamentos necessários para sua defesa, mas também
tem se mostrado benevolente, ou, mais ainda, um aliado nos debates e nos votos
das organizações internacionais.”
26. Preso em Robben Island, com o
número 466/64,Mandela viveu 18 anos de sua existência em condições extremamente
duras. Não podia receber mais de duas cartas e duas visitas ao ano e esteve
separado de sua esposa Winnie — que não tinha permissão para visitá-lo —
durante 15 anos. Foi condenado a realizar trabalhos forçados, o que afetou
seriamente a sua saúde, sem conseguir jamais quebrar sua força moral.
Dava cursos de política, literatura e
poesia a seus camaradas de destino e clamava pela resistência. Mandela gostava
de recitar o poema Invictus de William Ernest Henley: “It matters not how
strait the gate/How charged with punishments the scroll./I am the master of my
fate:/I am the captain of my soul”. (Não importa quão estreito é o portão/ E
quantas são as punições listadas/ Eu sou o mestre do meu destino/ Eu sou o
capitão da minha alma).
27. No dia 6 de dezembro de 1971, a
Assembleia Geral das Nações Unidas qualificou o apartheid como crime contra a
humanidade e exigiu a libertação de Nelson Mandela.
28. Em 1976, o governo sul-africano
propôs a Mandela sua libertação em troca de que ele renunciasse à luta. Madiba
negou firmemente a proposta do governo segregacionista.
29. Em novembro de 1976, depois das
revoltas de Soweto e da sangrenta repressão que o governo do apartheid desatou,
o Conselho de Segurança das Nações Unidos impôs um embargo sobre as armas
destinadas à África do Sul.
30. Em 1982, Mandela foi transferido
para a prisão de Pollsmoor, perto de Cape Town.
31. Em 1985, Pieter Willen Botha,
presidente de fato da nação, propôs libertar Mandela se ele se comprometesse,
em troca, a renunciar à luta armada. O líder da luta antiapartheid recusou a
proposta e exigiu a democracia para todos: “um homem, um voto.”
32. Frente ao recrudescimento das
operações de guerrilha do MK, o governo segregacionista criou esquadrões da
morte com a finalidade de eliminar os militantes do CNA na África do Sul e no
exterior. O caso mais famoso é o de Dulci September, assassinada em Paris no
dia 29 de março de 1988.
33. A mobilização internacional a favor
de Nelson Mandela culminou em um show em Wembley, em junho de 1988, em
homenagem aos 70 anos do resistente sul-africano, que foi assistido por 500
milhões de pessoas pela televisão.
34. O elemento decisivo que pôs fim ao
apartheid foi a estrepitosa derrota militar que tropas cubanas infringiram ao
exército sul-africano em Cuito Cuanavale, no sudeste de Angola, em janeiro de
1988. Fidel Castro enviou seus melhores soldados a Angola depois da invasão do
país pelo governo de Pretoria, apoiada pelos Estados Unidos. A vitória de Cuito
Cuanavale também permitiu à Namíbia, até então ocupada pela África do Sul,
conseguir sua independência.
35. Em um artigo intitulado “Cuito
Cuanavale: a batalha que acabou com o apartheid”, o historiador Piero
Gleijeses, professor da Universidade John Hopkins, de Washington, especialista
na política africana de Cuba, aponta que “a proeza dos cubanos nos campos de
batalha e seu virtuosismo na mesa de negociações foram decisivos para obrigar a
África do Sul a aceitar a independência da Namíbia. Sua exitosa defesa de Cuito
foi o prelúdio de uma campanha que obrigou o exército sul-africano a sair de
Angola. Essa vitória repercutiu para além de Namíbia.”
36. Nelson Mandela, durante sua visita
história a Cuba, em julho de 1991, lembrou-se daquele episódio: “A presença de
vocês e o reforço enviado para a batalha de Cuito Cuanavale têm uma importância
verdadeiramente histórica. A derrotada esmagadora do exército racista em Cuito
Cuanavale constituiu uma vitória para toda a África! Essa contundente derrota
do exército racista em Cuito Canavale deu a Angola a possibilidade de desfrutar
da paz e de consolidar sua própria soberania. A derrota do exército racista
permitiu que o povo combatente da Namíbia alcançasse finalmente a sua
independência! A decisiva derrota das forças agressoras do apartheid destruiu o
mito da invencibilidade do opressor branco! A derrota do apartheid serviu de
inspiração para o povo combatente da África do Sul! Sem a derrota infringida em
Cuito Cuanavale nossas organizações não teriam sido legalizadas! A derrota do
exército racista em Cuito Cuanavale possibilitou que hoje eu possa estar aqui
com vocês! Cuito Cuanavale é um marco na história da luta pela libertação da
África austral! Cuito Cuanavale marca a virada da luta para libertar o
continente e nosso país do flagelo do apartheid! A decisiva derrota infringida
em Cuito Cuanavale alterou a correlação de forças da região e reduziu
consideravelmente a capacidade do governo de Pretoria para desestabilizar seus
vizinhos. Este feito, em conjunto com a luta do nosso povo dentro do país, foi
crucial para fazer Pretoria entender que tinha de se sentar à mesa de
negociações.”
37. No dia 2 de fevereiro de 1990, o
governo segregacionista, moribundo depois da derrota de Cuito Cuanavale, viu-se
obrigado a legalizar o CNA e aceitar as negociações.
38. No dia 11 de fevereiro de 1990,
Nelson Mandela foi finalmente libertado, depois de 27 anos de prisão.
39. Em junho de 1990 foram abolidas as
últimas leis segregacionistas depois da pressão feita por Nelson Mandela, pelo
CNA e pelo povo.
40. Eleito presidente do CNA em junho
de 1991, Mandela recordou os objetivos: “No CNA sempre estaremos ao lado dos
pobres e dos que não têm direitos. Não apenas estaremos junto deles. Vamos
garantir antes cedo que tarde os pobres e sem direitos rejam a terra onde
nasceram e que — como expressa a Carta da Liberdade — seja o povo que governe.”
41. Fortemente criticado por sua
aliança com o Partido Comunista Sul-Africano por causa das potências ocidentais
que seguiam apoiando o governo do apartheid durante o processo de paz, Mandela
replicou de modo contundente. “Não temos a menor intenção de fazer caso aos que
nos sugerem e aconselham que rompamos essa aliança [com o Partido Comunista].
Quem são os que oferecem esses conselhos não solicitados? Provêm, em sua
maioria, dos que nunca nos deram ajuda alguma. Nenhum desses conselheiros fez
jamais os sacrifícios que fizeram os comunistas pela nossa luta. Essa aliança
nos fortaleceu e a tornaremos ainda mais estreita.”
42. Em 1991, Mandela condenou o
persistente apoio dos Estados Unidos ao governo do apartheid: “Estamos
profundamente preocupados com a atitude que a administração Bush adotou sobre
esse assunto. Este foi um dos poucos governos que esteve em contato habitual
conosco para examinar a questão das sanções e lhe fizemos ver claramente que
eliminar as sanções seria prematuro. No entanto, essa administração, sem nem
nos consultar, simplesmente nos informou que as sanções estadunidenses seriam
anuladas. Consideramos isso totalmente inaceitável.”
43. Em 1993, Mandela recebeu o Prêmio
Nobel da Paz por sua obra a favor da reconciliação nacional.
44. Durante a primeira votação
democrática da história da África do Sul, no dia 27 de abril de 1994, Nelson
Mandela, de 77 anos, foi eleito presidente da República com mais de 60% dos
votos. Governou até 1999.
45. No dia 1 de dezembro de 2009, a
Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, em votação unânime de seus 192
membros, uma resolução que decreta o dia 18 de julho como Dia Internacional
Nelson Mandela, em homenagem à luta do herói sul-africano contra todas as
injustiças.
46. Se hoje Mandela é cumprimentado por
todos, por décadas as potências ocidentais o consideraram um homem perigoso e o
combateram apoiando o governo do apartheid.
47. Estados Unidos, França e
Grã-Bretanha foram os principais aliados do governo do apartheid, o qual
apoiaram até o último momento.
48. Se os Estados Unidos veneram hoje
em dia Nelson Mandela, de Clinton a Bush passando por Obama, é conveniente
lembrar que ele foi mantido na lista de membros de organizações terroristas até
o dia 1 de janeiro de 2008.
49. Nelson Mandela lembrou várias vezes
dos lanços inquebrantáveis que atavam a África do Sul a Cuba. “Desde seus
primeiros dias, a Revolução Cubana tem sido uma fonte de inspiração para todos
os povos amantes da liberdade. O povo cubano ocupa um lugar especial no coração
dos povos da África. Os internacionalistas cubanos deram uma contribuição para
a independência, para a liberdade e a justiça na África que não tem paralelo
pelos princípios e pelo desinteresse que a caracterizam. É muito o que podemos
aprender da sua experiência. De modo particular, nos comove a afirmação do
vínculo histórico com o continente africano e seus povos. Seu invariável
compromisso com a erradicação sistemática do racismo não tem paralelo. Somos
conscientes da grande dívida que existe hoje com o povo de Cuba. Que outro país
pode mostrar uma história mais desinteressada que a que teve Cuba em suas
relações com a África?
50. Thenjiwe Mtintso, embaixadora da
África do Sul em Cuba, lembrou-se da verdade histórica a propósito do
compromisso de Cuba na África. “Hoje a África do Sul tem muitos amigos novos.
Ontem, estes amigos se referiam aos nossos líderes e aos nossos combatentes
como terroristas e nos acusavam enquanto apoiavam a África do Sul do apartheid.
Esses mesmos amigos hoje querem que nós denunciemos e ilhemos Cuba. Nossa
resposta é muito simples, é o sangue dos mártires cubanos e não destes amigos
que corre profundamente na terra africana e nutre a árvore da liberdade em
nossa pátria.”
(*) Salim Lamrani - Doutor em Estudos
Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, é
professor-titular da Universidade de la Reunión e jornalista, especialista nas
relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se chama A Guerra
Econômica contra Cuba. Uma Perspectiva Histórica e Legal do Bloqueio dos EUA
(New York, Monthly Review Press, 2013, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio
de Paul Estrade).
Fantástico! Simplesmente Fantástico!
ResponderExcluirA trajetória da vida política de Mandela é repleta de acontecimentos históricos.
ExcluirPor isso, concordo com vc, Hozana: fantástico mesmo!