A DANÇA DOS PARTIDOS POLÍTICOS NO MARANHÃO

Por Hugo Freitas

Como é sabido, se encerra neste sábado (05) o prazo para a filiação em partidos políticos para quem quiser disputar uma vaga nas eleições do ano que vem.

A nível nacional, Marina Silva não conseguiu fundar o seu partido, o Rede Sustentabilidade. O Tribunal Superior Eleitoral TSE) rejeitou nesta quinta-feira (03), por 6 votos a 1, o pedido de criação da legenda por falta de assinaturas necessárias e exigidas pela legislação.

A ex-ministra lamentou a decisão do TSE de rejeitar o registro partidário e deve se pronunciar nas próximas horas sobre qual postura irá adotar daqui por diante: se vai ingressar em outra legenda para se legitimar para a disputa presidencial de 2014 ou se vai seguir na luta para garantir a criação do Rede Sustentabilidade, abrindo mão de concorrer à presidência, o que é mais improvável. Vários partidos sinalizaram para Marina, mas nos bastidores correm forte o PPS e o PEN.

No Maranhão, o mercado eleitoral ficou bastante aquecido nos últimos dias com a proximidade da data de fechamento da "janela de transferência" para políticos em busca de novas siglas partidárias.

Vejamos quem movimentou a dança dos partidos no Estado:

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DUTRA É DO SOLIDARIEDADE E VAI DE AÉCIO NEVES PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Na manhã desta sexta-feira (04), o deputado federal Domingos Dutra (ex-PT) se filiou à legenda (SDD), que é comandada nacionalmente pelo Paulinho da Força Sindical e, a nível estadual, pelo também deputado federal Simplício Araújo. A "bomba" é que Dutra vai apoiar Aécio Neves (PSDB) para presidente da República.

Dutra (à direita) posa para foto em ato de filiação abonada pelo presidente estadual da legenda, Simplício Araújo

O ex-petista (que até ontem NÃO "morria de amores" pelo PSDB), junto com seu novo partido, declararam apoio ao tucano presidenciável Aécio Neves, que faz oposição ao governo petista da presidente Dilma Rousseff.

Dutra optou pelo Solidariedade após a negativa do TSE ao registro do Sustentabilidade de Marina. Há que se ressaltar que o ex-petista foi um dos principais articuladores que estiveram à frente da coleta de assinaturas para a criação do Rede no Maranhão.

Dutra, que tenta se posicionar como candidato ao Senado pelo campo da oposição dinista, mas deve mesmo é se candidatar à reeleição de seu mandato federal, deixando a candidatura de senador para Roberto Rocha (PSB), assume a vice-presidência estadual do Solidariedade, mas ainda enfrenta uma pendência na Justiça Federal que poderá lhe tirar o sono e a possibilidade de candidatura para as próximas eleições (confira aqui).

BIRA É DO PSB DE CAMPOS

Outro "famoso" (agora) ex-petista a mudar de partido foi o deputado estadual Bira do Pindaré. Depois de ter tido negado seu pedido de ingressar na propaganda partidária no Rádio e na TV do PT/MA, Bira anunciou sua "polêmica" saída da sigla para cerrar fileira no PSB do presidenciável Eduardo Campos.

Bira em solenidade de filiação ao PSB, ao lado de Eduardo Campos, em Recife (PE)

A polêmica se justifica pelo fato de fatos novos virem à tona dando conta de que a carta em que Bira é "convidado a sair" do PT maranhense, assinada pelo presidente estadual da sigla Raimundo Monteiro (confira aqui), teria sido redigida pelo próprio Bira, num acordo firmado entre o deputado e os caciques do partido para garantir a manutenção de seu mandato.

Bira teve sua ficha de filiação abonada pelo próprio Eduardo Campos, em Recife (PE). No ato, estiveram presentes alguns "figurões" maranhenses da legenda (ver foto). A articulação para que Bira entrasse na trincheira socialista foi do prefeito de Timon, Luciano Leitoa e do vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha.

WELLINGTON DO CURSO SE FILIA E ASSUME VICE-PRESIDÊNCIA DO PPS

Outra filiação que causou certo frisson na política maranhense foi a do empresário e professor Carlos Wellington ao Partido Popular Socialista.

Wellington assume vice-presidência estadual do PPS

O empresário é diretor do "Curso Wellington" e chegou a convite da presidente regional da sigla e pré-candidata ao governo estadual, Eliziane Gama, para assumir a vice-presidência do partido no Maranhão. Convite prontamente aceito.

FILHO DE JACKSON, IGOR LAGO, TAMBÉM ENTRA PARA O PPS

Quem também anunciou pelas redes sociais que irá se filiar na legenda socialista é o médico Igor Lago, filho do ex-governador Jackson Lago, falecido em 2011.

Igor Lago (ao lado de sua mãe, Clay Lago, viúva de Jackson) deixa o PDT, partido fundado no Maranhão pelo ex-governador, e ingressa no PPS de Eliziane

Igor Lago deve assinar a ficha de filiação, juntamente com outras figuras políticas, nesta sexta-feira (04), na sede do PPS/MA, localizado na Av. Beira Mar.

O médico é um dos muitos dissidentes do Partido Democrático Trabalhista (PDT), legenda que o finado Jackson ajudou a fundar no Maranhão, que oxigenam o campo de alianças para a candidatura de Eliziane Gama ao Governo do Estado.

FILIAÇÕES COMUNISTAS

Othelino vai de "foice e martelo" para 2014

O deputado estadual Othelino Neto trocou o PPS de Eliziane pelo PCdoB de Flávio Dino. Othelino, que já foi secretário de Governo e de Articulação e Desenvolvimento Metropolitano na gestão do ex-prefeito João Castelo (PSDB), agora fecha aliança com o partido comunista comandado por Dino no Maranhão.

Raimundo Cutrim, da "oligarquia" para a "oposição dinista"

Outra figura política a ingressar na legenda do "martelo e da foice" foi o deputado estadual Raimundo Cutrim (ex-PSD). Cutrim, um dos braços direitos da "oligarquia" e fiel escudeiro de longas datas de Roseana, principalmente quando esteve à frente da Secretaria de Segurança Pública do Estado, deixou o grupo sarneysista para abraçar a oposição dinista em busca de "proteção" (ele saiu acusando o governo Roseana de "perseguição") e espaço de poder, visando sua reeleição (confira aqui).

DO DEM PARA O PDT

Outra personagem política a deixar o grupo sarneysista foi Rosângela Curado. Integrando a base governista de Roseana Sarney, Curado trocou o DEM pelo PDT.

Curado tenta se eleger deputada estadual (ou, quiçá, federal), na chapa liderada por Flávio Dino

A ex-demista disputou a prefeitura de Imperatriz em 2012 e teve 32% dos votos na segunda maior cidade do estado. Mesmo assim, Rosângela Curado perdeu espaço diante dos caciques governistas que comandam o DEM no Maranhão.

Curado vai tentar se "curar" de sua estadia no grupo sarneysista visando a conquista de uma vaga na Assembleia Legislativa estadual ou na Câmara dos Deputados, em Brasília, pelo campo da oposição dinista.

A ficha de Rosângela foi abonada pelos deputados Carlinhos Amorim e Weverton Rocha, que fazem parte da Executiva Estadual do PDT.

VICE DE FLÁVIO EM 2010, MIOSÓTIS SE FILIOU AO PSDB

Para finalizar o troca-troca de partidos políticos no Maranhão, quem anunciou oficialmente sua filiação ao PSDB foi a psicóloga Miosótis Lúcio.

Miosótis em solenidade de filiação ao PSDB na sede do partido, em São Luís, ao lado de figurões tucanos

A ex-partidária do PPS divulgou foto em que aparece ao lado dos "figurões" do partido tucano no Maranhão. Entre eles, os deputados federais Carlos Brandão (presidente estadual da legenda) e Pinto Itamaraty, e os deputados estaduais Neto Evangelista e Gardênia Castelo, filha do ex-prefeito João Castelo (PSDB), que não compareceu ao evento.

Miosótis foi vice de Flávio Dino na chapa comunista que disputou o Governo do Estado em 2010 e, agora, novamente, poderá compor uma chapa com o comunista, já que andam bem adiantadas as conversas entre líderes do PSDB e do PCdoB em torno de uma possível (e até, então, "improvável") aliança para 2014.

Mas, a bem da  verdade, o PSDB está sendo disputado como "a última bolacha do pacote" entre o PMDB de Roseana, o PPS de Eliziane e o PCdoB de Flávio. Quem oferecer as melhores condições leva uma das maiores estruturas partidárias do Estado, bem como um precioso tempo de televisão fornecido pela legenda tucana.

Nesse quesito de busca de espaços de poder, vale tudo pela conquista e manutenção do maior número de aliados possíveis, inclusive passar por cima de recentes feridas incrustadas na pele de muitos dos que disputam tais espaços e abrir mão da ortodoxia de certas "ideologias" que não se sustentam para além do campo discursivo.

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