Cada trabalhador receberá um abono de
R$ 50 para adquirir produtos e bens culturais.
Por Hugo Freitas
O presidente da Fundação de Cultura
(Func), Francisco Gonçalves, representando o prefeito de São Luís, Edivaldo
Holanda Júnior, participou de painel na Câmara dos
Vereadores de São Luís onde foi discutido e aprovado a implantação do projeto de lei "Vale Cultura", do Governo Federal, na folha de pagamento dos trabalhadores de São Luís.
A nova lei concede R$ 50 (cinquenta reais) por mês a
trabalhadores contratados pelo regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho),
que recebem até cinco salários mínimos (R$ 3,39 mil, considerando salário a
partir de 2013), para estimulá-los ao consumo de bens culturais.
“O vale entrará em vigor no próximo mês
de julho e visa fornecer aos trabalhadores meios para que possam
consumir produtos culturais”, frisou Xico Gonçalves.
A proposta de realização do painel na Câmara foi feita pela
vereadora Bárbara Soeiro (PMN), que é militante na área da cultura em São Luís. “O vale é
fantástico e vai injetar dinheiro na economia, além de promover o acesso à
cultura”, defendeu Bárbara.
O projeto tem por objetivo promover a
universalização do acesso a serviços culturais, e estimulará a visitação a
estabelecimentos e serviços culturais e artísticos, além de incentivar o acesso
a eventos e espetáculos.
O último levantamento do
IBGE apontou o Maranhão com alto índice de exclusão aos bens culturais.
Vale Cultura
Através da Lei nº 5.798, sancionada no
final do ano passado pela presidente Dilma Rousseff, o Ministério da Cultura
(Minc) instituiu o Vale Cultura, que entrará em vigor no início do próximo
semestre.
O intuito é fornecer aos trabalhadores meios para que possam consumir
produtos culturais a partir de bolsa mensal atrelada ao salário.
O dinheiro poderá ser gasto na compra
de ingressos para shows e espetáculos e também na aquisição de produtos como
livros e DVDs. Somente receberão o benefício os empregados das empresas que
aderirem ao projeto e o trabalhador terá um desconto de até 10% (R$ 5) do valor
do vale.
O funcionário pode também optar por não receber o valor, sendo-lhe facultado solicitar ou não o benefício junto ao RH de sua empresa.
Mas, cá pra nós, com os baixos salários pagos em São Luís, não é difícil imaginar que o trabalhador ludovicense irá utilizar este novo insumo como complemento de sua renda, comprando comida, remédios e adquirindo outros produtos de primeira necessidade.
De nada adianta o Governo Federal disponibilizar mais esta "bolsa" se os produtos culturais, principalmente livros, continuarem sendo artigos de luxo, vendidos a preços exorbitantes e bem superiores a uma nota de cinquenta reais.
Somente a política da "oferta" de renda não é suficiente para transformar o Brasil num país de leitores e de consumidores culturais, se tal política não estiver atrelada à redução da carga de impostos que incidem sobre a produção cultural nacional e regional, a incentivos fiscais para editoras, donos de livrarias, proprietários de teatro e de cinema.
Não basta apenas estimular o consumo de bens culturais, provocando um suposto aumento no poder aquisitivo do trabalhador brasileiro, quando suas necessidades primárias, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, continuam sendo os maiores entraves para o despertar de uma consciência crítico-reflexiva na população.
Para tanto, é necessário que o trabalhador deixe de ser visto apenas como mero consumidor, engrenagem responsável pela movimentação da roda da fortuna, e se eleve ao papel de cidadão, participando e cobrando dos governos o aumento da oferta de empregos, a melhoria na qualidade do ensino e a redução da carga tributária que engessa o desenvolvimento do país.
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