Por Hugo Freitas
O Ministério Público Federal no Rio
Grande do Sul (MPF/RS) e a Comissão Nacional da Verdade (CNV) decidiram exumar
o corpo do ex-presidente João Goulart, que governou o país entre 1961 e 31 de
março de 1964.
A decisão foi tomada durante reunião da
comissão ocorrida em Brasília, no dia 24 de abril.
O objetivo é esclarecer se a
causa da morte foi um ataque cardíaco, conforme
divulgaram na ocasião as autoridades do regime militar, ou outro fator, como
por exemplo envenenamento.
Oficialmente, o ex-presidente João Goulart, também conhecido como "Jango", morreu no dia 6 de dezembro de 1976 em Mercedes, cidade do Norte da Argentina, em decorrência de um ataque cardíaco fulminante.
A hipótese de envenenamento, no entanto, poderia ter ocorrido com a substituição de medicamentos rotineiros de Goulart, supostamente sabotados por agentes da repressão uruguaia. É o que supõem pessoas da
família e amigos próximos do ex-presidente naquele período.
João Goulart foi
sepultado em São Borja (RS), sua terra natal.
Embora a decisão já tenha sido tomada
pela comissão, há diversas situações a serem esclarecidas antes da concretização do ato de exumação, adverte a procuradora federal Suzete
Bragagnolo.
"Estamos estudando os procedimentos adequados. Se o pedido será feito à Justiça ou se será administrativo (ao responsável
pelo cemitério, a prefeitura de São Borja). Também precisamos nos cercar do máximo de rigor técnico
possível, com consultas a peritos, para sabermos quais as chances de o
resultado ser conclusivo", disse Suzete.
A procuradora admite que há uma forte
possibilidade de que a exumação, feita tantos anos depois da morte de Goulart,
seja inconclusiva, mas acredita que com as técnicas e reagentes hoje
disponíveis a possibilidade de um bom resultado é maior.
A família de João Goulart já tornou pública a autorização para a exumação.
"Indícios (de envenenamento)
existem muitos. A exumação produziria a prova material
para comprovar ou não a causa da morte e poderia corrigir a história oficial, informando que um presidente da República morreu assassinado", disse o advogado Christopher Goulart, neto do ex-presidente.
Em 2014, o Golpe
Militar que pôs fim ao mandato presidencial de Jango completa 50 anos.
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