Para não fugir à regra que presidiu
todo seu mandato à frente da Prefeitura de São Luís, o ex-prefeito João Castelo
(PSDB) concedeu entrevista ao Jornal Pequeno publicada na edição deste domingo
(03), descumprindo assim a promessa de que daria uma coletiva de imprensa para
tentar explicar o caos deixado por sua gestão na Saúde e na Educação da capital
maranhense, só para citar os casos mais flagrantes, que tiveram ampla repercussão em todo o Maranhão, inclusive a
nível nacional.
Acompanhe abaixo as justificativas de Castelo sobre as principais acusações que recaem sobre seus ombros e tire suas próprias conclusões, prezado leitor. (Hugo Freitas)
Entrevista do ex-prefeito de São Luís, João Castelo (PSDB), ao Jornal Pequeno, publicada em 03 de fevereiro de 2013
Pagamento dos servidores
“No último ano de mandato enfrentei
problemas sérios de queda na receita da prefeitura, mas nem por isso
sacrifiquei o funcionalismo. Entre o final de novembro e o dia 20 de dezembro
de 2012, mesmo diante de tantas dificuldades de caixa, paguei duas folhas que
juntas somavam mais de R$ 120 milhões. Por lei, a prefeitura poderia pagar o
mês de dezembro até o quinto dia útil de janeiro. E, apesar de todo o esforço
da nossa equipe de governo, não havia recursos suficientes em caixa”.
Porque priorizou pagar alguns
fornecedores
“Acontece que a prefeitura tinha
compromissos também com empresas prestadoras de serviços que faziam a máquina
municipal andar, que tocavam obras. Os recursos disponíveis eram insuficientes
para pagar a folha de R$ 64 milhões em dezembro. Havia uma estimativa inicial
de receita para dezembro, mas infelizmente ela foi muito aquém do esperado.
Somente agora em janeiro de 2013 se confirmou uma receita de R$ 42 milhões de
ISS”.
Material abandonado no depósito da
Semed
“Maldosamente não disseram também que
os uniformes escolares só poderiam ser entregues quando do início do primeiro
semestre letivo de 2013. Logo eu, o prefeito que criou o programa do leite e do
fardamento gratuito, iria deixar criminosamente blusas, calças, mochilas e
sapatos estragarem em depósito? Isso não faz o menor sentido. O que eles
escondem da opinião pública é que esse fardamento não poderia ser entregue em
período vedado pela Justiça Eleitoral. Os ônibus exibidos na reportagem foram
doados pelo MEC no Programa Caminho da Escola e emplacados ainda no primeiro
semestre do ano passado. Eles estão em perfeito estado de funcionamento e para
continuarem rodando na atual gestão é só abastecer e contratar o motorista.
Além disso, em longo processo de financiamento junto ao Banco do Brasil,
conseguimos aprovar o limite de crédito para a aquisição de 15 ônibus novos,
mas, infelizmente, não pudemos assinar o contrato por causa do período de
vedação eleitoral”.
Sucateamento das ambulâncias da SAMU
“Isso foi um problema isolado já no
final do meu mandato, que enfrentou toda sorte de aleivosias patrocinadas pela
equipe da SAMU em meio ao período eleitoral de 2012, inclusive greve e
sabotagem dos serviços. Mas o problema é mais complexo. Desde o início da
gestão identifiquei problemas sérios de gerenciamento de rubricas e recursos na
área da saúde, que engessavam e enfraqueciam a máquina municipal. As dificuldades
se cruzam no caminho e quem paga por isso é o usuário do sistema de saúde. E
por isso mesmo decidimos mudar de forma planejada e eficiente. Então,
contratamos a renomada Fundação Getúlio Vargas para fazer uma consultoria
ampla, capaz de nos apresentar um novo modelo de gestão da saúde no município
de São Luís. Foi sem dúvida uma decisão acertada. A conclusão do trabalho,
intitulada “Projeto de Reestruturação da Rede de Atenção à Saúde em São Luís”,
foi apresentada recentemente pelo médico Leonardo Justin Carap e recebida com
bons olhos por todos aqueles que tratam o tema com bons olhos”.
R$ 800 milhões deixados em restos a
pagar
“No meu último ano de mandato o que se
percebeu claramente foi um furo de receita estimada, ou receita orçada, que era
de R$ 2,6 bilhões. O que se confirmou na prática foi uma arrecadação real, no
ano, de R$ 1,8 bilhão, deixando um furo de receita na ordem de R$ 700 milhões
para o município. Isso o atual prefeito, ou por falta de conhecimento ou má-fé,
não revela. Portanto, havia uma previsão de receita que, se configurada, não
deixaria um centavo sequer de restos a pagar para o meu sucessor”.
Contratação irregular da Pavetec
“Esse é um processo que se arrasta
desde 2009, não se trata de algo novo. É uma ação que deriva da discussão
quanto ao estado de emergência decretado naquele ano, quando São Luís foi
acometida pelo período chuvoso mais rigoroso dos últimos 40 anos, um verdadeiro
dilúvio que também causou grandes estragos no interior do estado. Tanto que os
municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa também decretaram
estado de emergência. Em virtude disso, a Prefeitura fez contratações dentro
dos procedimentos legais, de forma transparente para recuperar a cidade, que
estava totalmente destruída. Contratações essas que passaram a ser motivo de
questionamento pelo Ministério Público, que é sabedor que naquela época se
vivia um momento tão caótico, que motivou inclusive a vinda do presidente Lula
ao Maranhão. Quanto à decisão inicial da Justiça, não vou entrar no mérito
agora”.
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