Ônibus nas garagens. Assim deve amanhecer esta terça-feira (24), em São Luís, data que marca o início das paralisações previstas para esta semana no sistema de transporte coletivo da capital.
Motoristas e cobradores cruzam os braços a partir de meia-noite desta terça e devem assim permanecer até às 9:00 da manhã. Estão previstas ainda paralisações nos próximos dias 26 (quinta) e 27 (sexta).
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Maranhão, Dorival Souza da Silva, as paralisações acontecerão de forma parcial. Nesta terça feira (24), das 0h até 9h da manhã; na próxima quinta-feira (26), das 14h às 20h; e na sexta-feira (27), novamente de meia-noite até 9h.
Segundo Dorival, se após o cumprimento destas paralisações de advertência o SET (Sindicato das Empresas de Transporte) não se manifestar, a categoria vai paralisar suas atividades por tempo indeterminado.
Os rodoviários reivindicam reajuste salarial de 16%, aumento do ticket-alimentação para R$ 450, extensão do plano de saúde para dependentes, implementação de plano odontológico, auxílio-creche, participação nos lucros da empresa, auxílio para atividades esportivas e cumprimento da jornada de trabalho de sete horas, com uma hora de intervalo ou pagamento de hora-extra.
Como de costume em paralisações como essas, quem sofre sempre é a população, que depende dos ônibus para sair de casa, chegar ao trabalho, ir à faculdade e buscar seus filhos nas escolas.
Já não bastasse o péssimo estado de centenas de ônibus, sucateados, com cadeiras e barras de proteção velhos e quebrados, pondo em risco a segurança dos passageiros, a população de São Luís ainda têm de conviver com uma das passagens mais caras entre todas as capitais brasileiras.
Soma-se a isso a interrupção no sistema de recarga eletrônica nas carteiras de estudantes - fora do ar desde o último dia 13/04 - obrigando alunos e universitários a pagar em dinheiro o valor de uma passagem inteira para se deslocarem às escolas e faculdades.
E isso pode piorar com o transcorrer dos próximos dias, já que paralisação de rodoviários por reajuste de salários quase sempre implica em aumento no preço das tarifas, ainda mais diante do aumento do salário mínimo, que já se cristalizou como o anteparo propagandístico perfeito para se justificar qualquer tipo de aumento nesse país.
Aliás, essa é a já desgastada tônica argumentativa dos empresários do transporte público da capital, mas que ainda surte efeitos por falta de contestação.
Não é à toa que o transporte alternativo na cidade está crescendo a cada dia, aproveitando-se da ineficiência de um sistema de transporte coletivo orquestrado por empresários que só visam vultosos lucros, sem nenhum tipo de investimento na qualidade do serviço prestado à população.
Será necessária a organização de um movimento forte e numeroso nas ruas para pressionar os órgãos competentes, principalmente o Ministério Público, a fim de que não haja aumento no valor das passagens, caso sejam atendidas as reivindicações dos rodoviários.
Hugo Freitas
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