A Prefeitura de Cambé (385 km de Curitiba) enviou ofício à UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) cobrando explicações sobre as provas aplicadas na semana passada em um concurso público para garis.
O concurso cobrou dos candidatos conhecimentos sobre a novela "Fina Estampa" e o humorístico "Zorra Total". A universidade elaborou também uma pergunta sobre o nome da música de Michel Teló que inspirou o craque Cristiano Ronaldo a dançar na comemoração de um gol.
O tema das questões levou candidatos a entrar com recurso pedindo a anulação da prova. A prefeitura não soube informar o número de reclamações protocoladas.
Em nota oficial, a instituição afirmou que o edital do concurso previa assuntos do cotidiano, cultura e sociedade.
"Vindo de uma universidade federal, é para ficar assustado", afirmou o presidente do sindicato dos servidores municipais de Cambé, Carlos Aparecido de Melo. Para ele, o concurso subestimou a inteligência dos candidatos.
A cientista política Rosana Nazzari, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, disse que o teste foi uma afronta aos candidatos. "Existe uma cultura histórica no Brasil de achar que as pessoas mais pobres não têm capacidade intelectual."
Das 40 questões, 10 eram relacionadas a assuntos de TV e música popular.
Em nota, a UTFPR disse que as questões sobre "temas de determinada emissora televisiva foram extraídas com base em reportagens publicadas junto à revista Veja" [sic]. As demais questões, diz a nota, eram sobre "notícias de atualidade".
Simplesmente INACREDITÁVEL!!! Como pode uma universidade federal ser a reprodutora de um preconceito social tacitamente presente na sociedade brasileira de que "as pessoas mais pobres não têm capacidade intelectual"?
A instituição de ensino superior deveria ser a primeira a lutar para acabar com isso e não justificar suas "belíssimas e bem elaboradas questões" com a pífia explicação de que se trata de "conhecimentos gerais e atualidades".
Infelizmente, aqueles que deveriam primar por uma educação de qualidade são os primeiros a manter o status quo da ignorância e do preconceito.
Fonte: Folha.com
Editado e comentado por: Hugo Freitas
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